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Cocó na fralda

Cocó na Fralda

Peripécias, pilhérias e parvoíces de meia dúzia de alminhas (e um cão).

Consulta e ecografia

Enquanto esperávamos um bocadinho pelo Dr. Fernando Cirurgião, já no gabinete dele, o Ricardo sussurrou, olhando para a balança:
- Queres que lhe tire as pilhas?
Ri-me mas confesso que ainda hesitei um bocadinho - se calhar era boa ideia. De cada vez que vou à consulta arrepio-me sempre com o aumento de peso. Ele é amoroso e diz sempre frases queridas como "não foi assim tanto", "se calhar é da roupa", "foi um bocadinho a mais, mas pronto…", e coisas assim. Mas é só porque é um doce.
A tensão está de passarinho (ainda bem, antes passarinho que passarão), o ferro está em falta (vou começar a tomar), o resultado da amniocentese deve vir para a semana (que medooooo), e depois lá veio o pedido dele, assim de mansinho:
- Vamos ali à balancinha?
Adoro o eufemismo para aquela desgraçada. Ainda pensei recusar-me mas depois lá fui. Aumentei 1 quilo desde o último mês, o que não foi nada mau, mas a verdade é que já enchouricei 6 quilos ao todo (e estou de 4 meses e meio… uiiii, promete).
A seguir fomos fazer a ecografia da praxe. Vimos o cérebro, o coração, o perímetro abdominal, o estômago, a bexiga, o tamanho do fémur, os olhos, o nariz, a boca, os pezinhos, as mãozinhas, e sim... "o instrumento" que prova que é um rapaz. Às tantas, de tanto o procurar sem encontrar, o médico exclamou:
- Ah, está aqui! Estava a ver que tinha caído!
Baby M está bom e recomenda-se (pelo menos, tanto quanto é possível ver). No final, levantou um bracinho, tapou a cara e ficou agarrado à placenta. Tão querido…

Sofrer

O Martim foi à dentista. A Drª Filipa Cordeiro é sempre um amor, nunca na vida magoou o Martim (apesar dos muitos procedimentos por que ele já passou), ele sempre se mostrou corajoso e nunca na vida fez uma fita e, por isso, foi com espanto que hoje fomos brindados com o desespero dele ao saber que teria de arrancar um dente. A verdade é que os dentes de leite do Martim não abanam, não caem. Apodrecem, partem-se mas mantêm-se agarrados a ele como mexilhões nas rochas, impedindo o nascimento os dentes novos. Pior: como se partem, a comida entra lá para dentro e fica a criar cáries que podem prejudicar até os dentes definitivos que ainda estão por nascer.
Hoje o Martim esteve num sofrimento que deu dó. A assistente só revirava os olhos. A doutora Filipa teve um duro teste à sua paciência, que passou com distinção. Sempre amorosa, sempre paciente, sempre a explicar tudo, sempre a tratá-lo por querido até quando eu já começava a perder as estribeiras. Mandei mensagem ao pai que aproveitou a hora do almoço e voou para lá, para dar apoio moral. Uma hora e meia de medo, de muito medo, mais do que de dor. Muito tempo a convencê-lo a abrir a boca, muito tempo a acalmá-lo, muito tempo em negociações: "a seguir comes um gelado", "já não vais à escola à tarde", "dou-te 10 euros"... Saiu da cadeira com a t-shirt ensopada, os olhos pequeninos de tanto chorar, o corpo mirrado da nervoseira em que esteve mergulhado. No final disse a frase que explicou toda aquela revolta incontida: "A mim tudo acontece! É a mononucleose, é a alergia que me fez inchar, é os dentes que não prestam! A mim tudo acontece! Porquê?????" Pobre Martim. Está farto. E tem razão.

Liberdade de gosto…q.b.

Comprei fatos de banho iguais para todos. Nunca tive a pancada de vestir as criancinhas todas de igual mas no que toca aos fatos de banho confesso que acho imensa graça. Para além do jeito que dá, na praia, ter aquela mesma referência de cor e padrão, quando estou à procura deles.
Só que, este ano, o Manel mandou-me vestir a mim os calções que comprei para ele. "Não gosto. Não são o meu estilo!" Pois é. O bicho já tem "o seu estilo". Não posso dizer que ame o estilo que escolheu, neste momento, mas é o que temos.
Este era o padrão, igual para os três.

Pronto. O rapaz não achou graça, tem 12 anos e o seu estilo, de maneira que respeitei. Fui à Maria Concha e troquei os calções dele por um trikini para a Madalena, que deu um pulo e já nada lhe serve.


Ainda perguntei ao Manel se este padrão encaixaria no seu estilo (calculando a resposta) mas não tive sorte. Já o Martim achou bem giro e ainda sou capaz de lá ir buscar uns calções iguais para ele.

Bom, posto isto, no domingo fomos à procura de calções para o Manel, que correspondessem ao seu gosto particular. E aí… aí é que a porca torceu o rabo (sendo que eu é que fui a porca). Cada vez que ele pegava num cabide eu revirava os olhos: "Quê????" Mas quem é que criou este ser? Calções cor-de-laranja berrante, encarnados e pretos, pretos e brancos, um mau gosto infindo! Anda uma mãe a comprar coisas tão giras durante 12 anos para depois o fulano ter um gosto destes? Foi então preciso explicar-lhe que à vontade não é à vontadinha. E que, já que vamos partilhar o mesmo espaço, convém que eu não me envergonhe dele. Fui dizendo que não a vários: "Esquece!", "No way", "Próximo!", "Estás a gozar, certo?", "Que parolada, Manel!", "Vou fingir que nem vi esses!", "Ahahahaahahahahahahah!"
Acabámos por chegar a um consenso. Não amo nenhum dos escolhidos mas pelo menos não vou fingir que não o conheço quando estivermos a jiboiar na praia ou numa piscina qualquer.