Eis outra das perguntas que me fazem com frequência. Umas vezes de forma simplesmente curiosa - "por que têm os miúdos todos nomes começados pela mesma letra?"-, outras de modo agressivo - "que pimbalhada, todos com a mesma inicial, para que raio é isso?"-, outras de jeito queridinho - "acho tão fofo, todos com M, como é que tudo começou?"
Pois bem, não começou.
Eu nao sabia que ia ter 3 filhos (quanto mais 4!), quando comecei a ter filhos. Não fazia ideia, aliás. Gostava de vir a poder ter uma família numerosa, isso gostava. Mas, quando o Manel nasceu, seria impossível sequer pensar nisso. Ganhava mal, o Ricardo por acaso já ganhava bem, mas se me dissessem que um dia ia ter 4 filhos provavelmente escangalhava-me a rir.
Assim, quando o Manuel nasceu, nunca houve a ideia concertada de escolher um nome cuja inicial desse para todos os outros. Gostávamos de Vicente, gostávamos de Manuel… ficou Manuel.
A seguir, veio o segundo filho. De novo um rapaz. E eu já me tinha desencantado do Vicente e ambos adorávamos o nome Martim. Achámos graça ao facto de começar pela mesma inicial, mas foi só isso. Uma coincidência.
Quando fiquei grávida de uma menina, decidimos que seria Maria, o nosso nome preferido de menina. Durante meses foi Maria. Até ao dia em que o Ricardo, à mesa, deu um salto e disse:
- A miúda não se pode chamar Maria!
- Então? Porquê?
- Porque estou a imaginar a seguinte cena: um dia perguntam ao Martim se tem irmãos. E ele responde: "Tenho. O Manel e a Maria!" Vai parecer um rancho folclórico!
O diálogo foi meio apalhaçado mas a verdade é que, a partir daí, ficou como que a pairar a hipótese de deixar a Maria para a próxima. E Madalena, que era outro dos nossos nomes de paixão, ganhou terreno. E, sim, tinha graça que começasse por M, como os outros. Não foi forçado, não foi uma pancada que nos deu. Foi uma coincidência que virou graça.
Posto isto, agora, ao 4º filho… era a Maria. Mas a Maria não quis vir. Está no forno um baby M. Acho que não há maneira de não lhe dar um nome começado por M. Acho que podia sentir-se a "ovelha ranhosa" da família. Se até o cão começa por M!
O problema é que nenhum dos nomes de rapaz começado por M nos agrada como agradavam os outros nomes que demos aos nossos filhos. "Ah, devias ter pensado nisso quando começaste a pôr nomes com a mesma inicial!" Pois, sim, claro. Mas tal como já disse, isto não foi planeado, orquestrado, concertado. Foi acontecendo, porque a vida assim nos permitiu e a vontade também assim ditou (e a natureza deixou). E agora temos uma loooooooooooonga decisão pela frente. Neste momento temos apenas 3 nomes na short list:
- Mateus
- Matias
- Miguel
Adoro algum?
Não.
"E os outros todos, Cocó? Tão lindos? Marco, Mário, Márcio, Marcelo, Murilo…"
Escusam de continuar. Gosto de nenhum.
Cá em casa, o Manel vota em Miguel, o Martim e a Madalena em Mateus.
Eu tenho medo que Mateus ou Matias, daqui a uns anos, se transformem numa coisa tipo "Sónia". E que o puto me amaldiçoe para todo o sempre pela falta de gosto. Bom, isso na verdade pode acontecer com qualquer nome: o Manel odeia o seu próprio nome, apesar de ser tão português como o vinho do Porto.
De maneira que estamos nisto. Felizmente ainda faltam 5 meses para a criatura nascer!