Mojito report
Está há dois meses connosco.
No início, achei que não ia aguentar.
Juro.
Já estava grávida (apesar de praticamente ninguém saber) e foi muito duro acordar carregada de náuseas, entrar na cozinha e ter cocós e xixis POR TODA A PARTE. Tudo pisado e um cheiro de cair para o lado. Ainda por cima, como eu fui uma das que insistiu para que ele viesse, queria limpar tudo antes do Ricardo acordar, para não ter aquele olhar fulminante a trespassar-me. Cheguei a sair da cozinha a correr para vomitar, tal o cenário.
O Ricardo teve ganas de me matar a mim e ao cão e aos putos que teimaram para que o bicho viesse, e à Dora que postou as fotos fofinhas dele no facebook. Tornou-se, pelo menos em pensamento, um serial killer. O olhar dele, sempre que se levantava da mesa para limpar um cocó quentinho e fumegante, era gélido. Cruel. Suspeitei que, um dia, informasse que iria sair para comprar tabaco (apesar de não fumar) e não regressasse mais.
Nessas alturas, maldisse todos os que enaltecem sempre os bichinhos, ai tudo compensa, ai que é tão bom, ai que dá só um bocadinho de trabalho mas vais ver que é tão bom, e a amizade, e o que eles gostam de nós, e a ligação com as crianças… ai, um cãozinho é tudo na vida. Grrrrrrrrrrr!
Ainda por cima, o Mojito chegou um bebé lindo, fofo e felpudo mas, duas semanas depois, já era um cavalo. Nem vestígios do bebé frágil e queriducho-cutchi-cutchi que nos desperta todos os interruptores da ternura. Além do tamanho, era (é) bruto como um touro desgovernado, morde como um crocodilo esfomeado, e salta rasgando-nos quase todas as peças de roupa.
Imaginem que traziam o vosso bebé da maternidade, minúsculo e embrulhado numa mantinhas de tons pastel e, duas semanas depois, ele se transformava num adolescente histérico e insolente. Duvido que o amor crescesse na mesma proporção com que cresce em circunstâncias normais. As coisas levam o seu tempo por alguma razão, céus!!!!! Pois com o Mojito foi tudo à pressa, tudo em catadupa, tudo ao mesmo tempo. Ainda por cima com um problema na cauda, ainda por cima com uma antena parabólica enfiada na cabeça, ainda por cima a tomar remédios 3 vezes por dia, e banhos de 2 em 2 dias, um cão-chatice-que-nunca-mais-acabava.
Agora está tudo menos em carne viva. O bicho continua histérico (a própria veterinária suspira quando ele lá vai porque é indomável), continua com o vício de nos morder até fazer sangue (como é que se explica que nos magoa e nos dá cabo da roupa sem o matarmos, anyone???), continua a crescer como um bolo com fermento a mais (diz que vai ficar mesmo e-nor-me), ainda não aprendeu que a rua não serve só para passear mas que é lá que deve aliviar-se (raça do animal chega a ficar uma hora na rua e quando chega a casa vai direitinho ao jornal- e não, não vale a pena levar o jornal para a rua, que ele passa por ele sem sequer olhar), mas quando está cansado é muito meiguinho e enrosca-se a nós e olha-nos com aquele olhar em alvo que só os cães têm para os seus donos. E é muito bom vê-lo na rua com os miúdos, a correrem e a jogarem à bola e enrolados na relva. Ele é só um bebé, na verdade. Apesar de não parecer. E, aos poucos (as verdades são para se dizer), tem conseguido conquistar-nos. Acho que já todos gostamos dele. Até o Ricardo.
Serve este relato para dizer a todos os que sonham em ter um cão que NÃO, NÃO É NADA FÁCIL, NÃO É NADA UMA MARAVILHA, COMPENSA TUDO MAS É O CATORZE! Demora tempo, requer paciência, muito trabalho e, pelo menos a nós, o amor canino não nos atingiu como um raio. Lamento. Tem vindo a crescer, mas devagarinho.
(mas que ele é um rafeiro giraço, lá isso é)
No início, achei que não ia aguentar.
Juro.
Já estava grávida (apesar de praticamente ninguém saber) e foi muito duro acordar carregada de náuseas, entrar na cozinha e ter cocós e xixis POR TODA A PARTE. Tudo pisado e um cheiro de cair para o lado. Ainda por cima, como eu fui uma das que insistiu para que ele viesse, queria limpar tudo antes do Ricardo acordar, para não ter aquele olhar fulminante a trespassar-me. Cheguei a sair da cozinha a correr para vomitar, tal o cenário.
O Ricardo teve ganas de me matar a mim e ao cão e aos putos que teimaram para que o bicho viesse, e à Dora que postou as fotos fofinhas dele no facebook. Tornou-se, pelo menos em pensamento, um serial killer. O olhar dele, sempre que se levantava da mesa para limpar um cocó quentinho e fumegante, era gélido. Cruel. Suspeitei que, um dia, informasse que iria sair para comprar tabaco (apesar de não fumar) e não regressasse mais.
Nessas alturas, maldisse todos os que enaltecem sempre os bichinhos, ai tudo compensa, ai que é tão bom, ai que dá só um bocadinho de trabalho mas vais ver que é tão bom, e a amizade, e o que eles gostam de nós, e a ligação com as crianças… ai, um cãozinho é tudo na vida. Grrrrrrrrrrr!
Ainda por cima, o Mojito chegou um bebé lindo, fofo e felpudo mas, duas semanas depois, já era um cavalo. Nem vestígios do bebé frágil e queriducho-cutchi-cutchi que nos desperta todos os interruptores da ternura. Além do tamanho, era (é) bruto como um touro desgovernado, morde como um crocodilo esfomeado, e salta rasgando-nos quase todas as peças de roupa.
Imaginem que traziam o vosso bebé da maternidade, minúsculo e embrulhado numa mantinhas de tons pastel e, duas semanas depois, ele se transformava num adolescente histérico e insolente. Duvido que o amor crescesse na mesma proporção com que cresce em circunstâncias normais. As coisas levam o seu tempo por alguma razão, céus!!!!! Pois com o Mojito foi tudo à pressa, tudo em catadupa, tudo ao mesmo tempo. Ainda por cima com um problema na cauda, ainda por cima com uma antena parabólica enfiada na cabeça, ainda por cima a tomar remédios 3 vezes por dia, e banhos de 2 em 2 dias, um cão-chatice-que-nunca-mais-acabava.
Agora está tudo menos em carne viva. O bicho continua histérico (a própria veterinária suspira quando ele lá vai porque é indomável), continua com o vício de nos morder até fazer sangue (como é que se explica que nos magoa e nos dá cabo da roupa sem o matarmos, anyone???), continua a crescer como um bolo com fermento a mais (diz que vai ficar mesmo e-nor-me), ainda não aprendeu que a rua não serve só para passear mas que é lá que deve aliviar-se (raça do animal chega a ficar uma hora na rua e quando chega a casa vai direitinho ao jornal- e não, não vale a pena levar o jornal para a rua, que ele passa por ele sem sequer olhar), mas quando está cansado é muito meiguinho e enrosca-se a nós e olha-nos com aquele olhar em alvo que só os cães têm para os seus donos. E é muito bom vê-lo na rua com os miúdos, a correrem e a jogarem à bola e enrolados na relva. Ele é só um bebé, na verdade. Apesar de não parecer. E, aos poucos (as verdades são para se dizer), tem conseguido conquistar-nos. Acho que já todos gostamos dele. Até o Ricardo.
Serve este relato para dizer a todos os que sonham em ter um cão que NÃO, NÃO É NADA FÁCIL, NÃO É NADA UMA MARAVILHA, COMPENSA TUDO MAS É O CATORZE! Demora tempo, requer paciência, muito trabalho e, pelo menos a nós, o amor canino não nos atingiu como um raio. Lamento. Tem vindo a crescer, mas devagarinho.
(mas que ele é um rafeiro giraço, lá isso é)