Do medo e outros demónios
O Martim andava há duas semanas sem fome. Enjoado. Nem os cereais, nem os chocolates, nem o pão com Nutella, nada o entusiasmava. Não queria brincar. Não queria ir ao futebol. Andava tristonho. Cansado. Da escola veio o recado: ele não come. A D. Emília disse em surdina "Ele não parece o mesmo": Depois, vieram as dores nas pernas. Ainda assim, decidimos esperar. A experiência diz-nos que há cenas que vêm e que vão. Que não vale a pena ir a correr para o médico porque até pode ser um desaguisado na escola com efeitos psicossomáticos. Ou uma virose daquelas parvas que chegam e que se somem. Esperámos. E impusemos um limite: vamos até Bruges, para o nosso fim-de-semana romântico, ele faz umas férias nossas, e se não melhorar então falamos ao médico. Não melhorou. A minha mãe achou-o abatido. A minha irmã e o meu cunhado falaram dos suores nocturnos. Os outros avós ralaram-se porque ele nem sequer tocou no pão ao jantar (e eles sabem como ele se perde por pão!) Não, ele não estava bem.
Ontem, fomos ao baptizado do António. E o Martim não brincou. Praticamente não comeu. Notei, enquanto o olhava de longe, que tinha emagrecido. Estava amarelo, olheirento e prostrado, numa cadeira. E as dores nas pernas a ficarem excruciantes. E de repente um febrão que veio e que a seguir desapareceu, sem remédio nem mezinha. Mandámos email ao médico, que quis vê-lo hoje. Recebeu o Martim de ar grave, verdadeiramente preocupado, ele que está sempre a reinar. Eu, que sou uma hipocondríaca encartada (mas que vou assobiando para o ar, para não obrigar os miúdos a andarem sempre a correr para o hospital ao primeiro ai só por terem uma mãe maluca), sabia perfeitamente do que é que ele tinha medo. Eu também o tinha. A leucemia tem tantos, mas tantos sintomas parecidos com aqueles que ele apresentava. Mandou-o logo para o laboratório, fazer análises.
Esperar pelo resultado foi um suplício, confesso. Afinal, estávamos há 2 semanas a convencermo-nos de que não seria nada, mas agora já parecia tudo. Parecia o pior de tudo. Veio o resultado. E não era o pior de tudo, felizmente. Mas é a doença mais parecida, na sintomatologia e até - creio (poderei estar a dizer disparates, que não sou médica) - na coincidência de alguns resultados laboratoriais. O Martim tem mononucleose infecciosa. Vai ficar em casa, a descansar e a beber líquidos. É esperar que passe.
E eu, que já tinha feito o filme todo (e o meu filme era de terror) vou só ali respirar fundo (outra vez).
Ontem, fomos ao baptizado do António. E o Martim não brincou. Praticamente não comeu. Notei, enquanto o olhava de longe, que tinha emagrecido. Estava amarelo, olheirento e prostrado, numa cadeira. E as dores nas pernas a ficarem excruciantes. E de repente um febrão que veio e que a seguir desapareceu, sem remédio nem mezinha. Mandámos email ao médico, que quis vê-lo hoje. Recebeu o Martim de ar grave, verdadeiramente preocupado, ele que está sempre a reinar. Eu, que sou uma hipocondríaca encartada (mas que vou assobiando para o ar, para não obrigar os miúdos a andarem sempre a correr para o hospital ao primeiro ai só por terem uma mãe maluca), sabia perfeitamente do que é que ele tinha medo. Eu também o tinha. A leucemia tem tantos, mas tantos sintomas parecidos com aqueles que ele apresentava. Mandou-o logo para o laboratório, fazer análises.
Esperar pelo resultado foi um suplício, confesso. Afinal, estávamos há 2 semanas a convencermo-nos de que não seria nada, mas agora já parecia tudo. Parecia o pior de tudo. Veio o resultado. E não era o pior de tudo, felizmente. Mas é a doença mais parecida, na sintomatologia e até - creio (poderei estar a dizer disparates, que não sou médica) - na coincidência de alguns resultados laboratoriais. O Martim tem mononucleose infecciosa. Vai ficar em casa, a descansar e a beber líquidos. É esperar que passe.
E eu, que já tinha feito o filme todo (e o meu filme era de terror) vou só ali respirar fundo (outra vez).