Um medo que renasce (de novo)
O meu filho mais velho tem 12 anos. Doze anos. Anda sempre acompanhado para todo o lado. Vou levá-lo à escola, vou buscá-lo, levo-o ao futebol e à guitarra. Se não vou eu, vai alguém da família. O Manel tem 12 anos e, de vez em quando, pergunta:
- Quando é que eu vou poder ir a pé ou de bicicleta para a escola sozinho?
E eu engulo em seco e chuto para canto:
- Qualquer dia.
Temo que esse dia tarde em chegar.
Quando eu era miúda e tinha a idade dele, ia de autocarro para a escola e vinha de autocarro para casa. Entrava em Benfica, saía no Campo Grande e vice-versa. No Inverno, já era de noite quando voltava para casa. E assim era a vida, tudo normal. Como eu tantos outros amigos e amigas.
Hoje? Estamos a criar uns totós mas… quem tem coragem de os deixar voar com notícias como a do post anterior? Como é que eu deixo o Manel ir sozinho para a escola, se tenho impressos na carne e na alma a voz e o olhar da mãe do Rui Pedro, que só o deixou ir brincar na rua, como de costume? Como é que fazemos para permitir que os filhos abram as asas sem o pavor de os perder para sempre?
Espero que a Sara apareça depressa, que este caso seja apenas uma escapadela de adolescente, que acabe em bem, como a maioria dos desaparecimentos. Mas o meu coração de mãe volta a dizer-me, aos gritos, que não será possível, tão cedo, deixá-lo assim à solta.
- Quando é que eu vou poder ir a pé ou de bicicleta para a escola sozinho?
E eu engulo em seco e chuto para canto:
- Qualquer dia.
Temo que esse dia tarde em chegar.
Quando eu era miúda e tinha a idade dele, ia de autocarro para a escola e vinha de autocarro para casa. Entrava em Benfica, saía no Campo Grande e vice-versa. No Inverno, já era de noite quando voltava para casa. E assim era a vida, tudo normal. Como eu tantos outros amigos e amigas.
Hoje? Estamos a criar uns totós mas… quem tem coragem de os deixar voar com notícias como a do post anterior? Como é que eu deixo o Manel ir sozinho para a escola, se tenho impressos na carne e na alma a voz e o olhar da mãe do Rui Pedro, que só o deixou ir brincar na rua, como de costume? Como é que fazemos para permitir que os filhos abram as asas sem o pavor de os perder para sempre?
Espero que a Sara apareça depressa, que este caso seja apenas uma escapadela de adolescente, que acabe em bem, como a maioria dos desaparecimentos. Mas o meu coração de mãe volta a dizer-me, aos gritos, que não será possível, tão cedo, deixá-lo assim à solta.