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Cocó na fralda

Cocó na Fralda

Peripécias, pilhérias e parvoíces de meia dúzia de alminhas (e um cão).

"Chorei e foi de tristeza"

Hoje o Martim, acabado de vir da escola, disse:
- Hoje chorei na escola, mãe.
- Foi?
- Sim. E foi de tristeza.
- Então? O que aconteceu?
- Os meus amigos quase todos estavam a chamar "gay" ao M. E eu pensei: "ele deve chegar a casa tão triste, tão triste…" e comecei a chorar.
- Mas…
- Eu sei que "gay" não é palavrão, nem é ofensa, mãe. Mas o Miguel não é gay! Ele gosta de meninas, como eu. E, por isso, aquilo magoa. Eles fazem de propósito para o magoar. E eu fico triste.
- Então e não podes contar à professora, para ela poder fazer alguma coisa?
- Poder posso… mas hoje falei com o J. e combinámos que vamos dar porrada em quem voltar a chamar isso ao M.
- Se calhar era melhor juntares mais amigos, explicares que o que eles estão a fazer é horrível, perguntares se gostavam que lhes fizessem o mesmo, chamá-los à razão. Se não conseguires, devias falar com a professora. A porrada não é uma boa opção.
- Ok… Mas é tão triste, não é?
- É. Muito triste mesmo.

(o meu querido cavalo bravo… parece o mais desligado do mundo e, afinal, não passa de um coração doce, sempre defensor dos oprimidos…)

Um dia ele mata-me

Eu não queria chatear-vos muito com isto dos meus treinos e não sei quê. Mas hoje… hoje foi do demo. Fomos para o Jardim do Cabeço das Rolas (onde nunca tinha ido e moro no Parque das Nações há 8 anos), subimos degraus dois a dois, subimos outra escadaria em agachamentos, subimos uma ladeira de relva íngreme como o raio que a parta, a correr, 4 vezes, e… fizemos TRX. Prendemos o sacana numa árvore e foi um vê se te avias de agachamentos. O Pedro perguntou se eu alguma vez já tinha plantado uma árvore (fazendo a graça de já ter tido filhos e de já ter escrito livros). Eu respondi que sim, que arrancar uma é que ainda não, mas temia bem que a coisa se desse hoje, com a árvore a suportar os meus puxões sofridos. A certa altura, o esforço foi de tal maneira que senti uma dor abdominal como a que antecede as menstruações mais intensas (ou como uma contracção antes de se tornarem severas, no parto). Juro que pensei que o período ia aparecer, apesar de não ser altura dele, tal foi a violência da coisa. Depois, enfiei as argolas nos pés, fiquei com as mãos no chão (em prancha, com os pés suspensos da árvore) e tive de levar os joelhos ao peito - um verdadeiro exercício circense que me está, neste momento, a dificultar até a simples tarefa de teclar. No fim do treino, o Pedro tirou uma foto da pessoa em farrapos, jazendo ao lado do seu objecto de tortura. Amanhã é dia de descanso. Quinta-feira… ele volta a atacar (que um trovão me rache ao meio se não é desta que fico gira!)


De peru para… galinha, vá

Hoje estou bem menos peru que ontem. O que vale é que assim como me dá também me passa depressa. O treino de ontem foi absolutamente demolidor (o Pedro trouxe um step, uma corda para saltar, e um TRX demoníaco) e julguei que hoje não me levantava (e era desta que ele ficava à porta). Mas… surpresa das surpresas, hoje acordei moída mas já sem gemer quando me levanto ou sento, já sem aquela sensação de febre, de gripe e de sono. Creio que o meu corpo já principiou a aprender que a vida dele mudou. As dores musculares vão passando à medida que os músculos são constantemente submetidos ao esforço.
Ontem, ao fim do dia, tive uma reunião na escola de futebol dos miúdos, para que os pais decidissem a que torneio de verão queriam que os filhos fossem. A participação no torneio, que dura uma semana, implica inscrição, implica deslocações, alimentação e há ali claramente quem não tenha possibilidades para isso. A ideia é, então, fazer bolos, salgados, rifas para vender em dias de jogos em casa, para se conseguir juntar um valor que, para muitos, parece uma miragem. E eu acho, cada vez mais, que a ida dos miúdos para ali só lhes pode fazer bem (tirando, talvez, a profusão de palavrões por minuto que os pais atiram ao árbitro em cada jogo - no último jogo acho que até o Ricardo aprendeu alguns novos).