Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

Cocó na fralda

Cocó na Fralda

Peripécias, pilhérias e parvoíces de meia dúzia de alminhas (e um cão).

Se eu fosse Shiva e tivesse muitos braços… chegava de certeza a todo o lado

Na Índia, dei por mim a chorar descontroladamente muitas vezes, com as crianças que vinham pedir esmola. Eram tão pequeninas, lindas, com aqueles olhos escuros de um olhar muito penetrante.  Estavam descalças, rotas, sujas, chovia e estava frio, e uma delas jogou-se aos pés do Ricardo, beijando-lhe os sapatos, implorando por dinheiro. Uma parte de mim morreu ali, naquele instante. Há alturas em que acho que sou um bocadinho como alguns médicos e enfermeiros. De tanto já ter visto, nas muitas reportagens que fiz, criei uma espécie de carapaça que me permite defender-me. Já dei por mim, em alguns trabalhos recentes, a surpreender-me por não sentir a dor que era suposto. E achei que, se calhar, estava a tornar-me mais insensível, o que, por um lado é bom (porque me protege), por outro é um bocadinho cruel. Mas, na Índia, percebi que continuo um ser humano. E fiquei mesmo cheia de vontade de trazer uma daquelas crianças comigo. Felizmente que há trâmites legais a cumprir, caso contrário neste momento já não tinha uma casa, tinha um pequeno albergue indiano.
Voltei e o meu email está - para não variar - entupido de pedidos da mais variada ordem.
Hoje o meu coração derreteu-se com a Eva.
A sua chegada a este mundo, o seu parto, foi de tal forma traumático que lhe mudou o curso da vida, para sempre.
Há por aí algum benfeitor que queira despachar isto de uma vez e oferecer-lhe a cadeira eléctrica para ela poder brincar na escola?
Se não… vamos todos contribuir um bocadinho?

A Eva está AQUI.

Procura-se

O Diogo mandou-me uma mensagem: perdeu uma máquina fotográfica Sony, no Guincho, no dia 16 de Fevereiro. O problema nem é tanto a máquina mas o que está lá dentro: 3 meses de fotografias das filhas, entre as quais as do 1º aniversário de uma delas.
Se encontrou a máquina… envie um email para fuieuqencontrei@gmail.com
Podem entregar a máquina ou apenas o cartão no Centro de Interpretação da Duna da Cresmina, PSP ou GNR.
A página da máquina perdida está AQUI.

Vamos ajudar o Diogo?
Posso pedir-vos que partilhem?

Alô, alô, nostalgia

Lembro-me quando o Manel era bebé e chorava muito.
Não pensem que exagero.
O Manel chorava tanto, tanto, tanto que todos achavam que era doença.
O menino não estava bem. O menino tinha dores. O menino devia ter alguma coisa. Credo, o menino devia ir a Fátima.
O pediatra não sabia o que tinha o menino. As avós não atinavam com o que tinha o menino. Veio uma revista entrevistar-me porque a fama do menino que chorava sem parar galgou as fronteiras da casa, da rua, do bairro.
Foram meses difíceis.
Cheguei a adormecer num banco de jardim, com ele no marsúpio, porque só na rua e na posição vertical é que se calava.
Não dormi muitas noites.
Enfureci-me muitas vezes.
Juro que não sei como não fiquei pior - talvez já aí se revelasse alguma certa vocação para a maternidade, que me permitiu não o atirar contra uma parede ou ficar com uma depressão pós-parto.

Serve isto para dizer que…
Tenho imensas saudades do tempo em que o Manel chorava como um possuído.
A adolescência está apenas a começar e, a mim, já me dói o corpo.