Delhi: primeiríssimas impressões
Chegámos a Delhi à tarde. Não tem nada a ver com Jaipur ou Agra. Aqui há prédios altos, grandes empresas, um cosmopolitismo que não existia (DE TODO) em qualquer uma das outras cidades.
Ainda posso dizer pouco desta imensa cidade (tem 18 milhões de habitantes - contra 5 milhões de Jaipur e 2 milhões de Agra). Apenas que já posso andar na rua sem sentir que olham para mim como se fosse um bicho raro. Que, apesar de moderna, continua a ser muito suja - eles atiram todo o lixo para o chão, mascam tabaco e cospem uma gosma castanha para o chão de cinco em cinco minutos (e para as paredes - hoje passeámos por uma zona de prédios brancos e os pilares estavam todos cuspidos de castanho), que o caos no trânsito permanece igual, que apesar de haver empresas e movimento e homens de negócios e grandes avenidas e jardins, não deixa de haver uma pobreza gritante. Estávamos a passear sozinhos (acabados de chegar a Delhi) quando uma menina se abeirou de nós. Não tinha mais de 5, 6 anos. Pediu esmola. O Ricardo disse que não tinha e ela atirou-se aos seus pés, a beijar-lhe os sapatos. Eu larguei imediatamente a chorar. Demos-lhe esmola, claro, e ficámos os dois parados, a vê-la afastar-se, imunda, com a nota na mão. Só queria trazê-la comigo, juro. Dar-lhe um banho, vestir-lhe um pijaminha, dar-lhe um jantar dencente, ler-lhe uma história e adormecê-la com festinhas. Hoje foi muito, muito duro. Não é que a gente não saiba que isto existe. Mas uma coisa é saber. Outra é ter uma criança aos pés, a implorar por algum dinheiro que lhe tire a fome.
Ainda posso dizer pouco desta imensa cidade (tem 18 milhões de habitantes - contra 5 milhões de Jaipur e 2 milhões de Agra). Apenas que já posso andar na rua sem sentir que olham para mim como se fosse um bicho raro. Que, apesar de moderna, continua a ser muito suja - eles atiram todo o lixo para o chão, mascam tabaco e cospem uma gosma castanha para o chão de cinco em cinco minutos (e para as paredes - hoje passeámos por uma zona de prédios brancos e os pilares estavam todos cuspidos de castanho), que o caos no trânsito permanece igual, que apesar de haver empresas e movimento e homens de negócios e grandes avenidas e jardins, não deixa de haver uma pobreza gritante. Estávamos a passear sozinhos (acabados de chegar a Delhi) quando uma menina se abeirou de nós. Não tinha mais de 5, 6 anos. Pediu esmola. O Ricardo disse que não tinha e ela atirou-se aos seus pés, a beijar-lhe os sapatos. Eu larguei imediatamente a chorar. Demos-lhe esmola, claro, e ficámos os dois parados, a vê-la afastar-se, imunda, com a nota na mão. Só queria trazê-la comigo, juro. Dar-lhe um banho, vestir-lhe um pijaminha, dar-lhe um jantar dencente, ler-lhe uma história e adormecê-la com festinhas. Hoje foi muito, muito duro. Não é que a gente não saiba que isto existe. Mas uma coisa é saber. Outra é ter uma criança aos pés, a implorar por algum dinheiro que lhe tire a fome.