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Cocó na fralda

Cocó na Fralda

Peripécias, pilhérias e parvoíces de meia dúzia de alminhas (e um cão).

Agra - Parte II

Agra pertence a um estado diferente de Jaipur. Jaipur é do Rajastão, Agra é do estado de Uttar Pradesh.
Disse-nos o nosso guia, Maendra, que o estado de Uttar Pradesh tinha tudo para ser rico. Para começar tem muita água, o que permite cultivos totalmente diferentes (e diversificados) do Rajastão, que é muito seco; por outro lado, tem o Taj Mahal (vamos ver amanhã!!!) que gera milhões. Mas, ao que parece, os governantes têm conseguido torrar muito dinheiro e desenvolver muito pouco o estado.

O Forte Vermelho também foi mandado construir por Akbar e acabou por ser o lugar onde o seu neto, Shah Jahan.
É uma história triste, que conto amanhã, quando for ao Taj Mahal (é longa e tenho um sono que não vos passa pela cabeça). Por agora… as imagens do Forte.



Ali ao fundo, o Taj Mahal. O homem que o mandou construir, Shah Jahan (neto de Akbar), acabou preso pelo seu próprio filho, Aurangzeb. Aqui ficou durante 8 anos. Conta-se que acabou os seus dias a olhar para o monumento que mandou edificar em homenagem ao grande amor da sua vida, Mumtaz Mahal (Arjumand, de seu verdadeiro nome), que morreu ao dar à luz o 14º filho (por acaso uma filha).


































Amanhã, toda a história do Taj Mahal e do grande amor entre Shah Jahan e Mumtaz Mahal...





Agra: Parte I

Saímos de Jaipur e seguimos em direcção a Agra. Cerca de cinco horas de carro. Apesar de não querermos dormir - dá um certo medo dormir num carro que pode ser abalroado a qualquer instante por um veículo ou animal - adormecemos profundamente durante um tempo. É que na noite anterior estivemos acordados até às 4h da manhã. Primeiro porque queríamos falar com os filhos, o que só foi possível às 2.30 da manhã - que são 21h em Portugal; depois porque o homem quis ver o seu Sporting pela internet (oh, desaire); e depois porque entre descarregar fotos e pesquisar mais informações e ler tudo… o tempo voa. Conclusão? Dormimos 2 horas e meia.
A primeira paragem foi em Fatehpur Sikri.
Mal saímos do carro, apareceu um miudinho junto a nós que disse: "Hello!" Habituados a alguma insistência de miúdos e graúdos para ganharem a nossa atenção, dissemos um "hello" sem grande entusiasmo e preparavamo-nos para seguir caminho (é preciso apanhar um pequeno autocarro que nos leva lá acima, ao Fatehpur Sikri propriamente dito) quando a criança começa a falar:
- De onde são? Madrid? Barcelona?
Bom… o miúdo era a coisa mais querida do mundo. Chamava-se Samir, era espertíssimo e cheio de noções de marketing. Disse que eu era "mui guapa" (algo que evidentemente foi bem ensaiado para dizer a todas as turistas), que sabia falar sete línguas, que não nos podíamos esquecer de visitar a banca da sua família, à saída: "É a 62, não se esqueçam!"
O Ricardo deve ter começado a rezar a todos os santos (do cristianismo, hinduísmo, islamismo, budismo e outras) para que eu não perdesse a cabeça por causa do miúdo. "Esquece, não o podemos levar connosco!"
Fatehpur Sikri é um testemunho excepcional da civilização Mongol dos finais do séc. XVI. Foi construído entre 1571 e 1585, pelo imperador Akbar. Reza a lenda que, apesar das suas 300 mulheres, Akbar não tinha um filho. Então, neste lugar a 40 km de Agra, terá rezado a um santo (Shaik Salim Chisti) e o santo ter-lhe-á dito que ele iria ter um filho, dentro de 9 meses. E assim nasceu Jahangir e, numa espécie de homenagem, começou a construção de Fatehpur Sikri.
A construção é incrivelmente eclética. Akbar, muçulmano, queria agradar também aos hindus. Apesar de ter muitas mulheres, uma delas era hindu e construiu-lhe uma parte do palácio cheia de elementos hindus: elefantes, suásticas (não sei se sabem mas a suástica não é um símbolo apenas do nazismo mas um símbolo comum a muitas culturas, nomeadamente a hindu), pinturas de Krishna, etc. Numa parte da construção, erguida para receber hóspedes, havia entradas em forma de cruz - para que, assim, se agradasse também aos cristãos. Akbar era um conciliador.
Porém, Fatehpur Sikri ou "a Cidade da Vitória" teve uma existência efémera como capital do império Mongol. A falta de água acabou por obrigar Akbar a mudar-se dali e a abandonar Fatehpur Sikri.




À saída, tínhamos o Samir à espera. Lá fomos à banca 62 e, claro, comprámos duas coisas bem bonitas (e bem mais caras que o habitual - o Ricardo coibiu-se de negociar por causa dos olhares que eu lhe deitava, num beicinho de quem queria ajudar o querido Samir)
Boa sorte, Samir! Este miúdo merecia estudar… Tanta esperteza merecia um futuro diferente. 
Mas, como disse o nosso guia, "primeiro está a barriga, e a família precisa comer"


Dali… Agra. No caminho, o nosso guia perguntou: "Que ideia fazem de Agra?" Calculámos logo que a pergunta tinha alguma coisa por detrás. Dissemos que não sabíamos muito bem mas que achávamos que devia ser bastante mais pequena que Jaipur. Ele sorriu. E disse:
- Sim. Mais pequena e muito diferente. Não tem nada a ver com Jaipur. Jaipur é muito limpa. Agra não tem a limpeza de Jaipur.
Nós nem queríamos acreditar nos nossos ouvidos. Se para o nosso guia Jaipur é "muito limpa" e Agra "não tem a limpeza de Jaipur"… então só podíamos estar a aproximar-nos de uma lixeira a céu aberto.
Não estávamos muito longe da verdade. Se Jaipur é pobre, Agra é uma miséria que dói.





 

Ok… Jaipur é realmente limpa… quando comparada com Agra! De facto, tudo depende das perspectivas.
Em Agra, fomos ver então o Forte Vermelho. Lindo, lindo. Mas sobre isso… farei outro post depois. Que agora vou jantar.
Ah, e nunca mais digam que a vossa cidade (ou vila ou aldeia) é suja. Vale?

Há fogo!!!


O jantar de ontem foi como o anterior: uma mistura de váriasespecialidades indianas. Estava eu na alegria da degustação quando, de repente,fiz-me de todas as cores. O Ricardo a continuar a conversa, sem perceber que euprincipiava a deitar fumo pelas orelhas. O problema foi que, no meio do meufrango, havia uma malagueta. Meti-a na boca, mastiguei-a e só depois percebi doque se tratava. Quando já era tarde demais. As lágrimas correram pela caraabaixo, o nariz a fungar, eu a pedir líquidos para afogar aquele incêndio.Gosto tanto de spicy food! Mas uma malagueta assim inteira, mastigada eengolida, não é fácil.
A A malagueta ali misturada, escondidinha, a grande sacana…