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Cocó na fralda

Cocó na Fralda

Peripécias, pilhérias e parvoíces de meia dúzia de alminhas (e um cão).

Jaipur by night

Ao fim da tarde dispensámos o motorista e o guia e fomos passear por Jaipur. Pedimos-lhes só que nos deixassem no meio do caos. Depois, apanhámos um Tuc Tuc para o hotel. Para quem não sabe o que é um Tuc Tuc, é uma moto coberta como esta aqui em baixo só que, geralmente, bastante mais recheada de gente!
Os Tuc Tucs são táxis mas costumam ter o taxímetro "avariado" - forma conveniente de nos pedirem o que bem entendem mas que, geralmente, é pouco para nós e IMENSO para eles. 
Apanhámos então o nosso Tuc Tuc e fizemos um pequeno filme que é uma pequena da loucura do trânsito por aqui. Ainda havemos de tentar fazer um melhor, de dia. Mas é precisa alguma perícia, entre conseguirmos segurar-nos e agarrar no telemóvel para filmar… mas vamos tentar!

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Índia: Samode

O Palácio de Samode foi inicialmente construído no século XVI como um forte do Rajastão, mas no início do século XIX foi convertido num palácio de estilo árabe pelo nobre Rawal Berisal. O seu filho, Rawal Sheo Singh, prolongou o palácio, tornando-o ainda mais extravagante. Em 1987, foi transformado em hotel, mas preserva ainda intactas algumas salas, apenas para visitas.
Quando se entra, somos recebidos por um velho hindu que nos fez uma pinta na testa e depois calcou um pouco de arroz, para nos dar as boas vindas.







Índia: de Delhi para Samode

Primeiro tema: as malas. Ligámos para o aeroporto a perguntar por elas, a meio da tarde, e os senhores que sim, tinham chegado a Delhi mas… afinal não as podiam enviar para Jaipur, lamentavam muito. Aparentemente, os senhores da alfândega terão detectado no sensor que trazíamos material electrónico e insistem em abrir as malas para ver do que se trata. Isto depois de termos descriminado, logo à chegada a Delhi, o que lá ia dentro, referindo que trazíamos uma máquina fotográfica. Pois, mas que nem assim. Tínhamos de ir lá abrir as malas. O Ricardo começou a hiperventilar, ao telefone, e quando desligou estava a deitar fumo pelas ventas. Agarrei-lhe no braço e disse:
- Esquece as malas. Isto é uma lição. Para que precisamos de duas malas cheias de coisas inúteis, num país tão pobre como este? Ok, dava-me jeito mudar de roupa, ter um pijama, cuecas, meias, outros sapatos. Mas… que se lixe! Compramos qualquer coisa para remediar. Não nos vamos irritar com isso. Estamos na Índiaaaaaaa! Vamos desfrutar.
O homem, acostumado ao stress e a ferver em pouca água, baixou os níveis. De facto, esta é sem dúvida uma lição. Sempre que via aqueles viajantes de mochila às costas nunca percebi como conseguiam a proeza de levar tão pouco, por tanto tempo. Nós vimos por pouco tempo e trazíamos porcarias a mais. Dane-se! Entretanto, já comprámos algumas coisas (4 ou 5 peças essenciais só para não cheirarmos mal) e está feito! Less is more.

Segundo tema, o que realmente interessa: a viagem.
Saímos de Delhi perto das 9h e metemo-nos ao caminho, para Samode. Foram 264 km, percorridos em 5 longas horas (as estradas não são propriamente o supra-sumo da engenharia), de queixo caído. De um lado e do outro da estrada, uma pobreza profunda. Mas incrivelmente cativante, como se fosse um íman. Tão diferente de tudo o que já vimos. Estranho como a miséria pode ser bela. Mas pode.
A auto-estrada tem 3 faixas mas podem facilmente transformar-se em 4 ou 5, porque todos os condutores guiam como se tivessem motas - enfiam-se, metem-se, arriscam, viram, guinam. Há vacas no caminho e macacos e camelos e javalis e cabras e ovelhas e pessoas que atravessam a estrada ou que, pura e simplesmente, estão acocoradas nas bermas. As motas circulam em contra-mão e, às vezes, os carros também. Apitam por tudo e por nada. Porque vão passar, porque não vão passar, porque alguém passou, porque ninguém passou. Apitam a cada segundo e a chinfrineira é de doidos. Cheira sempre a incêndio, por causa da poluição. Nos carros normais, de passageiros, é frequente ver-se sete, oito pessoas. Sentadas ou penduradas. Nas motas, 3 pessoas, 4 ou 5 (famílias inteiras). Nem preciso de vos dizer como são os autocarros, certo? Parecem latas de sardinhas, a rebentar pelas costuras.














O nosso carro, com uma coroa de flores (igual à que nos meteram ao pescoço, para dar sorte à viagem), um extintor, uma cena qualquer pendurada no espelho que ainda não percebi se é para ficar bonito ou também será para dar sorte. 
Em frente… bicharada.





Por mais de uma vez tive medo, mesmo medo de ficar ali, esborrachada na estrada. Vimos alguns acidentes, camiões capotados, mas juro que não sei como não é ainda pior. É que cada um faz o que lhe dá na real gana. Às tantas, o Ricardo perguntou se eles tinham escolas de condução, ao que o nosso guia, Maendra, respondeu, a rir, que não. Um tipo tem um carro, dá umas voltas na sua rua e depois, quando acha que já sabe à brava do assunto, dirige-se a um departamento estatal para provar a sua perícia. Recebe então a sua licença. Os camionistas, por exemplo, levam sempre um co-piloto que, em princípio, não sabe conduzir. Então, quando vêem um troço de estrada com pouco movimento, os motoristas dão a vez aos mais novos, para eles treinarem (e cometerem mais umas quantas atrocidades ao volante).
Percebendo que estávamos um pouco tensos, o Maendra disse:
- Ah, mas não se preocupem que aqui o Ramesch é muito bom condutor! É um verdadeiro Cristiano Ronaldo!
Não achámos a comparação muito descabida, porque pensámos que ele estaria a elogiar o Ramesch, dizendo que ele era o melhor condutor do mundo. Mas afinal… não. Só o percebemos quando ele perguntou:
- O Cristiano Ronaldo é da Fórmula 1, não é?
Ops… parece que nem todo o planeta sabe bem quem tu és, Cristiano!