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Cocó na fralda

Cocó na Fralda

Peripécias, pilhérias e parvoíces de meia dúzia de alminhas (e um cão).

CHEGÁMOS!

Epronto. Oitohoras de voo depois (e dois filmes devorados – Gravidade e Jasmine), chegámos aDelhi. Depois de mostrarmos os vistos, dirigimo-nos ao tapete 12, completamentecheio de malas. Deu duas voltas ou três e as nossas... nada. A certa altura,aproxima-se de nós um funcionário, que nos pergunta o nome. Dissemos, mostrámos o número das nossas malas e ele explicou que elas só vão chegar amanhã por volta do meio dia. A essa hora, estaremos a caminho de Jaipur. Ele garantiu que nos vão entregar as malas a Jaipur mas, neste momento, já acredito em pouca coisa. Esta será então a segunda noite a dormir com a mesma roupa. Amanhã será o terceiro dia com esta mesma roupa. Estou a pensar que, esta madrugada, sou menina para me pôr a lavar não só as cuecas e as meias, mas também o resto - vou ser uma verdadeira lavadeira, estas férias, e os nossos quartos de hotel ficarão transformados na Aldeia da Roupa Branca.

 A chegada ao aeroporto Indira Gandhi

À espera das malinhas, hein? Não querias mais nada...

Por mim, já me é absolutamente indiferente. Estou na Índia e isso é que me interessa! Chegámoooos! 
O guia que nos foi buscar fala connosco em espanhol e o motorista em inglês (mas fala pouco). Traziam duas coroas de flores que o guia nos pôs ao pescoço, com estas palavras: "Muito boa sorte, na vossa estadia na Índia..." E depois, não contente, repetiu: "Muito boa sorte". Eu agradeci e sorri um sorriso amarelado, da cor das margaridas ao meu pescoço... Acho que foi a primeira vez que, num destino, me desejaram sorte para a estadia. Será que temos de contar assim tanto com ela?

No carro, comecei a perceber o significado da sorte. Já tinha lido sobre a forma de condução dos amigos indianos mas uma coisa é ler outra é experimentar. E por duas vezes, em 22 quilómetros de percurso, fiquei com o coração do tamanho de uma ervilha. Numa delas, uma camioneta gigante não nos abalroou por... - lá está -... sorte!

Chegámos ao hotel e a mochila teve de passar num detector de metais - como no aeroporto. Nós passámos por uma porta detectora de metais e o Ricardo, que apitou, ainda foi examinado de perto por um sensor. Os atentados terroristas em Bombaim, em 2008, dois deles em hotéis de cinco estrelas, ainda estão muito presentes na memória. 
Agora são 4h da manhã e às 7.30 temos de estar de pé. Amanhã, uma longa viagem de carro espera-nos. Desejem-nos... SORTE!

Em trânsito

Em Londres, a funcionária no check-in garantiu que as nossas malas irão no mesmo voo que nós para Delhi. Evidentemente que só acredito quando as vir rolar no tapete. Como partimos para Jaipur poucas horas depois de aterrarmos em Delhi, se as malas não tiverem vindo connosco vamos esquecer que temos malas e seguir a nossa vida com uma singela mochilinha. Já me ri a imaginar o Ricardo vestido de Dhoti e Kediya. Talvez lhe compre um turbante, também. Eu, claro, de Sari. Ninguém vai dizer que não somos de cá (sobretudo ele, que já tem um tom de pele bem castanhinho).
No aeroporto de Heathrow, comprámos desodorizante (convém), e uma caixinha e líquido para as lentes. A ver se as tiro no avião para descansar um bocado estes olhos.
Entretanto, ainda estamos a tentar perceber o que raio aconteceu com o nosso voo da TAP. Foi-nos dito que o atraso se devia ao mau tempo mas em Heathrow ninguém parecia saber de mau tempo algum. Se não foram as más condições climatéricas que nos atrasaram o voo… então o que foi? Certo é que perdemos um dia nisto. Mas não perdemos a boa disposição. E quando as nossas malas não chegarem connosco, às 2 da manhã de segunda-feira, também não havemos de perder (digo eu em modo mantra). Agora vamos lá a torcer para que este bicho nos leve ao destino sem mais percalços, vamos?

Sem malas sim, mas com as cuecas lavadas (for God sake!)

Dormir sem malas num hotel onde não se esperava dormir implica, por exemplo, ter de lavar as cuecas com gel de duche e pô-las a secar junto à saída do ar condicionado (e hoje de manhã dar-lhes um boost com o secador do cabelo). Implica não ter nem caixa nem líquido das lentes e, por isso, ter de dormir com elas (e acordar hoje com os olhos colados e a ver a vida um bocado desfocada). Implica dormir com a mesma roupa que se trouxe no avião (menos as calças). E implica ter de encontrar formas de rir disto tudo, apesar de ontem só ter vontade de chorar. Felizmente tenho um interruptor que se acciona sempre que estou a viver um destes pequenos "dramas" e que me recorda automaticamente de todos os grandes dramas das pessoas com menos sorte que eu. Por isso… sim, ontem ainda nos conseguimos rir. E dormimos abraçados. Em Londres. A aventura continua… vamos ver como corre a partir daqui.