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Cocó na fralda

Cocó na Fralda

Peripécias, pilhérias e parvoíces de meia dúzia de alminhas (e um cão).

E eu?

Perguntou a Madalena, quando viu os irmãos equipados e prontos para entrarem em campo.
Pois é: e tu?
Pequena Mada já tinha sido inscrita no ballet mas não achou graça àquilo - talvez o facto de ter 3 anos não ajudasse (mas levei-a a duas aulas experimentais e garantiu a pés juntos que sim, sim, sim, queria muuuuitoooo). Bom… mas como águas passadas não movem moinhos perguntei:
- E tu? Queres fazer o quê?
Ela não tardou na resposta:
- Natação.
Confesso que fiquei contente. Se é para escolher um desporto, assim de pequenina, então melhor ainda se tiver a utilidade de lhe salvar a vidinha no caso de cair à água sem braçadeiras (e se não estiverem vagalhões de 6 metros - parecendo que não também ajuda). Ok, acho o ballet muito mais fofinho e feminino e cor-de-rosa, preferia tê-la de tutu a rodopiar sobre si própria sem ficar enjoada, mas deixemos isso para mais tarde (e para se ela vier a querer, claro está).
Fiz natação de competição, gostei muito (apesar de ter ficado com uns costados que parecem uma auto-estrada, mas enfim), e por todas as razões e mais algumas pus-me em campo para descobrir uma piscina onde pequena Mada pudesse, então, aprender a nadar.
Liguei para 3 piscinas aqui perto. Uma de um conhecido ginásio, outra que funciona dentro de uma escola (mas tem aulas para externos) e uma piscina camarária com uma pinta do caraças aqui perto de casa. E pronto, como é mais do que óbvio, ganhou a piscina camarária. Vou pagar 20 euros por 2 (DUAS!) vezes por semana, contra 40 e tal euros que custava 1 (UMA) aula por semana em qualquer um dos outros sítios. E com aulas nos mesmos dias que os irmãos, 15 minutos depois deles (que é para me dar tempo de deixar uns e partir para outra). Vão ser finais de dias animados. Mas enquanto tiver saudinha (e estupidez natural) está tudo bem.







É oficial


Eles assinaram um contrato. Eu tive de assinar um termo de responsabilidade em como consinto que lhes façam análises de controlo de doping durante toda a época (really?). Recebemos dois sacos com t-shirts, camisolas, calções, meias e ainda falta a t-shirt dos jogos, que terá o número que eles escolheram e o nome gravado (que por acaso será o mesmo, já que escolheram o apelido). E é isto. Pode ser que me arrependa (quando tiver que me levantar às 7h num sábado vou arrepender-me de certeza E COM PALAVRÕES) mas a felicidade deles, neste momento, é o que me alimenta e o que me apazigua. A alegria que traziam hoje, depois do treino, era inegável, imensa, incrível. Depois logo se vê. Mas acho que a gente vai conseguir adaptar-se a mais uma novidade na vida. Ou, pelo menos, quero acreditar que sim.

(depois faço um selfie das minhas trombas quando estiver sentada numa qualquer bancada, ao frio, num sábado matinal, e pranto-a aqui, para vosso gáudio)

Fica difícil

Depois do post anterior fica difícil voltar aqui e dizer uma banalidade qualquer. Uma graçola. Um episódio da minha vida normal, uma coisa qualquer dos miúdos. Fica difícil dizer seja o que for. Uma pessoa até se sente culpada por ser feliz, e pensa que é injusto que o mundo não pare de girar enquanto não apareça o Rui Pedro e todas as outras crianças desaparecidas. É injusto que a vida pule e avance, que o dia se siga à noite, que a Primavera venha depois do Inverno, e assim sucessivamente como se uma criança arrancada dos braços da mãe fosse apenas uma trivialidade da existência, algo com que pudéssemos viver tranquilamente porque é uma daquelas coisas que acontece. Acontece, uma porra! Não pode acontecer! Como é que isto acontece? 16 anos depois e a mesma incredulidade, e o mesmo pavor, e a mesma sensação de impotência.
É. Depois do post anterior fica difícil dizer mais alguma coisa.
Daqui a pouco talvez consiga. Para já ainda não.
O vídeo tem 1 minuto. Partilhem-no. Eu sei que já passou muito tempo. Mas nunca é tarde para tentar descobrir seja o que for que ajude esta mãe a encontrar o filho.

A dor mais funda é esta

Já falei com a Filomena uma vez. E marcou-me até à carne, até aos ossos, até ao mais fundo de mim. A dor dela é, quanto a mim, a maior das dores. Não há pior. Não, nem a morte. Porque a morte é uma dor que se chora num sítio, é uma dor por um fim. Esta é uma dor pelo desconhecido. Por não saber se houve fim ou se todos os dias são de sofrimento, se todos os dias são, de novo, um fim. Esta é a dor mais funda.
E esta é a história mais triste que já conheci.
O Rui Pedro faz hoje 27 anos.