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Cocó na fralda

Cocó na Fralda

Peripécias, pilhérias e parvoíces de meia dúzia de alminhas (e um cão).

Terramoto

Ontem à noite, quando fomos para a cama (deviam ser umas duas da manhã), comecei a sentir uma espécie de pressentimento. Que começou a adensar-se. E, com o pensamento, vieram outros temores, outras ideias. Pensei ficar caladinha. Mas não. Achei que era melhor partilhar aquilo com alguém porque, se por acaso se concretizasse, não era à posteriori que alguém iria acreditar que tinha tido previsto a coisa. Então, comecei assim:
- Se houver um terramoto durante a noite, temos de ter a lucidez de abrir pelo menos um dos estores, enquanto tiramos as crianças da cama.
- Oi?
- Como sabes, a electricidade é a primeira coisa a ir à vida. E os nossos estores são eléctricos. Se por alguma razão não conseguirmos sair de casa pela porta e não abrirmos um dos estores a tempo… ficamos aqui barricados.
- Eeeeeeeeeeeeeeer… porque é que me estás a fazer isto, antes de dormir?
- Eu não te estou a fazer nada. Mas vale mais prevenir que remediar, ou não é?
- Mas… tu achas que vai haver um terramoto, assim próximo?
- Sim. Por acaso acho que vai ser hoje.

Acho que não preciso de vos dizer que o homem demorou a adormecer.
E suspirava muito. Há bocado, o homem lembrou-se da profecia falhada e disse, com ar trocista:
- Afinal, não houve terramoto.
- Pois não. Espero que não seja hoje.

Bree?

A última coisa que me uma certa pessoa me disse em 2013 foi que, antes de me conhecer, achava que eu era a Bree das Donas de Casa Desesperadas, e que tinha constatado com surpresa que afinal não era.
Fiquei (juro que fiquei, não é piada) com o telemóvel nas mãos, estática, e foi preciso o Ricardo perguntar o que raio se passava, se eram más notícias ou quê, para eu conseguir voltar a falar.
- Sim, são más notícias. Tu achas que em algum momento em posso deixar transparecer que sou parecida, ainda que remotamente, com a Bree?
- Com quem?
- Com a Bree, das Donas de Casa Desesperadas.
- Aquela com cara de má e neurótica?
- Sim…

Ele diz que não.
Mas a mulher que disse isto é psicóloga, caraças! E ele dorme comigo, convém que não me contrarie muito!
2013 já lá vai, já estamos num novo ano, e eu ainda estou a tentar digerir isto, Ursa! E depois não me queres a comer bagas e outras coisas esquisitas!

Começar bem o ano, olé!

10h. A campainha toca. Faço um esgar de horror. Corro para abrir. Fico do lado de fora, encosto a porta e explico ao carteiro, espantado com o meu dedo nos lábios e voz baixa, que tenho as crianças a dormir (pelo meu ar tresloucado dir-se-ia que tinha três monstros a dormir e muito medo de os acordar). É uma carta registada. Suspiro. Cartas registadas, geralmente, não são coisa boa. Assino o que tenho a assinar, despeço-me em surdina, fecho a porta devagar. Abro a carta pelo picotado, com a pressa de quem quer despachar más notícias, e levo o olhar para o canto inferior direito, onde está o valor a pagar (tinha de ser para pagar, claro). 120 euros. Multa, pois. Excesso de velocidade, algures em Portalegre. Feliz ano novo, Sónia Morais Santos! Ainda estava a digerir a notícia quando vejo a Madalena sair do quarto, de urso panda na mão e mão a esfregar os olhos. Sussurrei um palavrão. Pronto. Tanto tempo a andar em bicos de pés para não a acordar e veio a multa acabar-me com a possibilidade de trabalhar esta manhã. Feitas as contas, acho que me custou mais o sono interrompido da minha filha mais nova do que os 120 euros pela janela fora.

(sou só eu que estou a achar estas férias intermináveis????)