2013 foi um ano emocionalmente incrível. Foi um ano de grandes mudanças. De viragens. De paz e de esclarecimentos muito importantes para a minha vida.
2013 foi o ano em que me reconciliei com o meu pai. Em Fevereiro. E com a minha boadrasta, em Julho. O que ficou para trás não foi esquecido mas foi metido numa gaveta fechada à chave e a chave atirada para mar alto. O que se ganhou com isso foi muito mais compensador do que viver à sombra do ressentimento daquilo que, estando feito, não dava já para alterar. A paz que baixou em mim não tem comparação com nenhuma outra paz que já senti. Nem eu sabia que precisava tanto dessa paz porque, como qualquer sobrevivente, fui mestra em enfiar o sofrimento num baú e em fingir que não o sentia.
2013 foi o ano em que fui avó, sem o ser verdadeiramente. O meu sobrinho nasceu mas, como é filho de uma irmã que é mais uma irfilha, foi como se todo o meu amor de irmãe se multiplicasse, de novo. E foi emocionante e foi incrível e foi mais um amor acrescentado à minha vida, felizmente tão cheia de amores.
2013 foi o ano em que perdi uma pessoa de quem gostava muito mas que, claramente, não sentia o mesmo por mim. E, assim, talvez não tenha sido uma perda. Talvez tenha sido apenas um esclarecimento. Uma arrumação da vida. Costuma dizer-se que o mar devolve à praia aquilo que não lhe pertence. Talvez tenha sido só isso. Se doeu? Muito. Digo-o sem embaraços. Sem vergonha. Doeu para caraças, e entristeceu-me, e matou-me um bocadinho. Como se fosse um divórcio. Porque quando dois amigos se apartam é mesmo como se fosse isso: um divórcio. Mas como tudo na nossa vida, foi importante. Prefiro vê-lo assim. Como uma aprendizagem. Um crescimento.
2013 foi o ano em que o meu filho mais velho mudou de escola. Foi um corte violento, muito mais para mim do que para ele. A razão não importa mas existiu uma razão, um conflito, e esse foi outro golpe emocional violento. Que me obrigou a pensar, a repensar, a passar noites em claro. Isto de decidir o futuro dos nossos filhos tem muito que se lhe diga. E os momentos que eu vivi, nos meses de Junho e Julho foram mesmo intensos e julgo que não os esquecerei. De resto… agora que penso nisso, o meu mês de Junho foi verdadeiramente pavoroso e a minha úlcera é menina para ter crescido alguns centímetros só à conta do terrível mês 6. Felizmente, no que toca à escola nova do Manel correu tudo muito bem e estamos todos muito felizes com a solução encontrada para um problema inesperado (mais um). Uma escola pública. Excelente.
2013 foi o ano em que perdemos a Margarida, a nossa coelha. Não era propriamente um bicho muito interactivo, não reagia à nossa presença, não vinha quando chamávamos… mas estava connosco desde 2007 e foi triste vê-la sofrer com uma doença para, por fim, receber uma injecção que lhe acabou com o sofrimento. Deixar de a ter por cá custou-nos a todos mas sobretudo à Madalena, que a incluía nos desenhos sobre a família.
2013 foi o ano em que escrevi um novo livro (que ainda não foi publicado) mas que, na verdade, é o primeiro "a sério" dos três. Eu explico. O primeiro, chamado "O Melhor do Mundo", da Oficina do Livro, foi escrito a meias com o psicólogo Eduardo Sá e era o conjunto dos nossos programas de rádio na Antena 1. O segundo, chamado "Cocó na Fralda", da Matéria Prima, foi uma selecção de textos do blogue. Este, que aí há-de vir, é o primeiro que não é uma selecção de coisas já feitas. É totalmente novo. E deu uma trabalheira dos diabos e implicou horas de entrevistas e de escrita. Saiu-me do pelo. E espero que gostem, quando ele chegar às livrarias pela Esfera dos Livros.
2013 foi o ano em que o Manel começou a usar óculos. Não é nada de especial, nenhuma doença grave, nada de terrível mas eu tive pena porque gostava que ele pudesse ver a vida claramente, sem ajuda de lentes de aumentar. E porque sei que a sua miopia vem de mim, e as mães são verdadeiras profissionais da culpa, mesmo quando não podiam fazer nada para evitar aquilo de que se culpam. E porque prefiro a cara dele livre daquelas duas molduras que agora ali estão, por muito bem que estejam.
2013 foi o ano em que andei pela primeira vez de Ferrari. Não tem importância nenhuma, não mudou a minha vida, não me fez mais nem melhor nem nada. Nem sequer era um sonho. Mas foi uma experiência incrível (obrigada Olivier).
2013 foi o ano em que fomos a Los Angeles, a Las Vegas, ao Grand Canyon. A Milão, Florença, Sienna, Verona, Bolonha, Portofino, às Cinqueterre.
2013 foi o ano em que o meu amor fez 40 anos e fez uma festa de que todos falaram.
2013 foi o ano em que eu fiz 40 anos e fiz uma festa igualmente memorável.
2013 foi o ano em que o meu homem me ofereceu uma viagem à Índia, destino que ambos desejamos conhecer há tanto tempo.
2013 foi um ano de crise profunda mas, aqui por casa, sentimo-la apenas de raspão. Assim como uma aragem fria que pode vir a gelar-nos os dias, de repente. Mas ganhei uma nova colaboração e mantive as outras, por isso julgo que posso considerar-me uma privilegiada. Pelo menos até ver, que ninguém está livre.
2013 foi o ano em que fiz um dos trabalhos da minha vida. São 17 anos de vida profissional e, por isso, muitos trabalhos. Mas em 2013 fiz, com o Orlando Almeida, a reportagem Via Sacra para a revista Notícias Magazine (revista de domingo do Diário de Notícias e do Jornal de Notícias), sobre a verdadeira via-sacra que os portugueses atravessam com esta crise, e foi muito forte e tocante para mim (podem lê-la e ver o belíssimo trabalho fotográfico do Orlando
AQUI).
2013 foi o ano em que me envolvi num projecto solidário absolutamente marcante para mim, chamada Todos Por Um. Mexeu muito comigo, foi um dos dias da minha vida em que me senti mais gente. A energia daquele dia foi inesquecível. Infelizmente, o Rodrigo não resistiu à maldita doença mas nós, as meninas do Todos Por Um, mantemos contacto e eu continuo a achar que ele nos juntou por alguma razão.
2013 foi o ano em que tivemos um desejo que achávamos concretizável e foi o ano em que começámos a compreender que talvez não fosse assim tão fácil concretizá-lo.
2013 foi o ano em que voltei a correr. Estive a contar, na aplicação da Nike, e fiz quase 250 quilómetros em modo running. Para muitos será pouco. Para mim é espantoso. Para o ano espero fazer mais.
2013 ainda não foi o ano em que fiquei magra, nem boa como o milho, porque se é verdade que corri… também é verdade que comi. Gosto de comer e de beber e, desgraçadamente, a minha genética não se compadece com isso.
2013 foi um ano muito cheio. Muito intenso. Muito esclarecedor.
Venha 2014!