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Cocó na fralda

Cocó na Fralda

Peripécias, pilhérias e parvoíces de meia dúzia de alminhas (e um cão).

2014

O que espero de 2014?
Que não me leve ninguém, dos que amo. De doença, desilusão ou desinteresse. Mas se só puder fazer escolher uma opção, então que 2014 não me leve ninguém de doença. Se alguém tiver que sair da minha vida por desilusão ou desinteresse, então que vá por bom caminho e que a sorte esteja consigo. De doença é que não. Isso não.
Que traga mais gente, para gostar e cuidar.
Que me dê trabalho e aos meus. Ou então o Euromilhões.
Que nos dê sorte, também. É verdade aquilo que se diz, que a sorte dá muito trabalho. Mas também acredito na sorte pura e simples, naqueles acasos que a uns correm mesmo bem, e a outros correm mesmo mal.
Que não apague a chama que existe cá em casa. Caramba de chama boa, esta. Não gostava nada que se apagasse, assim como uma chama pequenina que alguém sopra, ou um incêndio grande que alguém extingue.
Que as palavras crise, austeridade, precariedade, desemprego deixem de ser as palavras mais ouvidas, ditas, lidas e escritas do ano.
Que sejamos todos mais felizes do que em 2013 (ainda que tenhamos sido estupidamente felizes em 2013).

FELIZ 2014!!!!



2013

2013 foi um ano emocionalmente incrível. Foi um ano de grandes mudanças. De viragens. De paz e de esclarecimentos muito importantes para a minha vida.
2013 foi o ano em que me reconciliei com o meu pai. Em Fevereiro. E com a minha boadrasta, em Julho. O que ficou para trás não foi esquecido mas foi metido numa gaveta fechada à chave e a chave atirada para mar alto. O que se ganhou com isso foi muito mais compensador do que viver à sombra do ressentimento daquilo que, estando feito, não dava já para alterar. A paz que baixou em mim não tem comparação com nenhuma outra paz que já senti. Nem eu sabia que precisava tanto dessa paz porque, como qualquer sobrevivente, fui mestra em enfiar o sofrimento num baú e em fingir que não o sentia.
2013 foi o ano em que fui avó, sem o ser verdadeiramente. O meu sobrinho nasceu mas, como é filho de uma irmã que é mais uma irfilha, foi como se todo o meu amor de irmãe se multiplicasse, de novo. E foi emocionante e foi incrível e foi mais um amor acrescentado à minha vida, felizmente tão cheia de amores.
2013 foi o ano em que perdi uma pessoa de quem gostava muito mas que, claramente, não sentia o mesmo por mim. E, assim, talvez não tenha sido uma perda. Talvez tenha sido apenas um esclarecimento. Uma arrumação da vida. Costuma dizer-se que o mar devolve à praia aquilo que não lhe pertence. Talvez tenha sido só isso. Se doeu? Muito. Digo-o sem embaraços. Sem vergonha. Doeu para caraças, e entristeceu-me, e matou-me um bocadinho. Como se fosse um divórcio. Porque quando dois amigos se apartam é mesmo como se fosse isso: um divórcio. Mas como tudo na nossa vida, foi importante. Prefiro vê-lo assim. Como uma aprendizagem. Um crescimento.
2013 foi o ano em que o meu filho mais velho mudou de escola. Foi um corte violento, muito mais para mim do que para ele. A razão não importa mas existiu uma razão, um conflito, e esse foi outro golpe emocional violento. Que me obrigou a pensar, a repensar, a passar noites em claro. Isto de decidir o futuro dos nossos filhos tem muito que se lhe diga. E os momentos que eu vivi, nos meses de Junho e Julho foram mesmo intensos e julgo que não os esquecerei. De resto… agora que penso nisso, o meu mês de Junho foi verdadeiramente pavoroso e a minha úlcera é menina para ter crescido alguns centímetros só à conta do terrível mês 6. Felizmente, no que toca à escola nova do Manel correu tudo muito bem e estamos todos muito felizes com a solução encontrada para um problema inesperado (mais um). Uma escola pública. Excelente.
2013 foi o ano em que perdemos a Margarida, a nossa coelha. Não era propriamente um bicho muito interactivo, não reagia à nossa presença, não vinha quando chamávamos… mas estava connosco desde 2007 e foi triste vê-la sofrer com uma doença para, por fim, receber uma injecção que lhe acabou com o sofrimento. Deixar de a ter por cá custou-nos a todos mas sobretudo à Madalena, que a incluía nos desenhos sobre a família.
2013 foi o ano em que escrevi um novo livro (que ainda não foi publicado) mas que, na verdade, é o primeiro "a sério" dos três. Eu explico. O primeiro, chamado "O Melhor do Mundo", da Oficina do Livro, foi escrito a meias com o psicólogo Eduardo Sá e era o conjunto dos nossos programas de rádio na Antena 1. O segundo, chamado "Cocó na Fralda", da Matéria Prima, foi uma selecção de textos do blogue. Este, que aí há-de vir, é o primeiro que não é uma selecção de coisas já feitas. É totalmente novo. E deu uma trabalheira dos diabos e implicou horas de entrevistas e de escrita. Saiu-me do pelo. E espero que gostem, quando ele chegar às livrarias pela Esfera dos Livros.
2013 foi o ano em que o Manel começou a usar óculos. Não é nada de especial, nenhuma doença grave, nada de terrível mas eu tive pena porque gostava que ele pudesse ver a vida claramente, sem ajuda de lentes de aumentar. E porque sei que a sua miopia vem de mim, e as mães são verdadeiras profissionais da culpa, mesmo quando não podiam fazer nada para evitar aquilo de que se culpam. E porque prefiro a cara dele livre daquelas duas molduras que agora ali estão, por muito bem que estejam.
2013 foi o ano em que andei pela primeira vez de Ferrari. Não tem importância nenhuma, não mudou a minha vida, não me fez mais nem melhor nem nada. Nem sequer era um sonho. Mas foi uma experiência incrível (obrigada Olivier).
2013 foi o ano em que fomos a Los Angeles, a Las Vegas, ao Grand Canyon. A Milão, Florença, Sienna, Verona, Bolonha, Portofino, às Cinqueterre.
2013 foi o ano em que o meu amor fez 40 anos e fez uma festa de que todos falaram.
2013 foi o ano em que eu fiz 40 anos e fiz uma festa igualmente memorável.
2013 foi o ano em que o meu homem me ofereceu uma viagem à Índia, destino que ambos desejamos conhecer há tanto tempo.
2013 foi um ano de crise profunda mas, aqui por casa, sentimo-la apenas de raspão. Assim como uma aragem fria que pode vir a gelar-nos os dias, de repente. Mas ganhei uma nova colaboração e mantive as outras, por isso julgo que posso considerar-me uma privilegiada. Pelo menos até ver, que ninguém está livre.
2013 foi o ano em que fiz um dos trabalhos da minha vida. São 17 anos de vida profissional e, por isso, muitos trabalhos. Mas em 2013 fiz, com o Orlando Almeida, a reportagem Via Sacra para a revista Notícias Magazine (revista de domingo do Diário de Notícias e do Jornal de Notícias), sobre a verdadeira via-sacra que os portugueses atravessam com esta crise, e foi muito forte e tocante para mim (podem lê-la e ver o belíssimo trabalho fotográfico do Orlando AQUI).
2013 foi o ano em que me envolvi num projecto solidário absolutamente marcante para mim, chamada Todos Por Um. Mexeu muito comigo, foi um dos dias da minha vida em que me senti mais gente. A energia daquele dia foi inesquecível. Infelizmente, o Rodrigo não resistiu à maldita doença mas nós, as meninas do Todos Por Um, mantemos contacto e eu continuo a achar que ele nos juntou por alguma razão.
2013 foi o ano em que tivemos um desejo que achávamos concretizável e foi o ano em que começámos a compreender que talvez não fosse assim tão fácil concretizá-lo.
2013 foi o ano em que voltei a correr. Estive a contar, na aplicação da Nike, e fiz quase 250 quilómetros em modo running. Para muitos será pouco. Para mim é espantoso. Para o ano espero fazer mais.
2013 ainda não foi o ano em que fiquei magra, nem boa como o milho, porque se é verdade que corri… também é verdade que comi. Gosto de comer e de beber e, desgraçadamente, a minha genética não se compadece com isso.

2013 foi um ano muito cheio. Muito intenso. Muito esclarecedor.
Venha 2014!

Desistências e surpresas

Tinha uns ténis novos (lindos e maravilhosos, que o senhor da Pro Runner disse serem uma espécie de Rolls Royce dos runners, oferta do meu querido homem) mas também tinha uma dor de cabeça nova.
Deixámos os miúdos em casa de uns amigos onde tínhamos um jantar logo a seguir à prova. E o carro. E a roupa para vestir a seguir. Em casa dos amigos, tomei um Benuron.
Comecei a correr à frente - odeio começar à frente. Porque vai tudo num ritmo que não é o meu (é só pros). Porque me esfalfo sempre logo nos primeiros 2 km. Porque vejo todo um mar de gente a passar-me à frente. Assim foi. Corri desgovernada e a dor de cabeça cada vez pior. Aos 4 km tive de parar para me agarrar à mona porque parecia que ia saltar. Aos 7 km as dores eram tão intensas e eu estava tão cansada que era impensável subir a Avenida da Liberdade. E foi então que fiz uma coisa que detesto fazer e que foi a primeira vez (e espero que a última): desisti. Não me sentia com forças para continuar. E a verdade é que não estou a ser paga para correr nem a corrida é uma obrigação. Pensei: isto é suposto ser um prazer e hoje está a ser um tormento. Nah. Paramos por aqui.
Esperei pelo homem, que fez 59 minutos, e fomos para casa dos nossos amigos.
Tomei uma aspirina.
O jantar era uma surpresa para um casal de amigos que está a viver há 4 meses na Suíça. Fizemos e levámos comidas portuguesas. Eu levei bolinhas de farinheira com mel e amêndoas, arroz doce, uma torta Dan Cake e vinho da Madeira. Havia chouriço, queijos, havia bacalhau e feijoada. E vinho. E a bebida-especialidade da Dinora: sorvete de limão com espumante. Quando eles chegaram, supostamente para um jantar a 4 (mais as filhas de uns e de outros), nós gritámos: SURPRESA!
O jantar foi tão bom e eu ri-me como há muito não ria (apesar da dor de cabeça não me ter largado até hoje). Conheço esta malta há quase 20 anos. E tenho para mim que podem passar mais 20, que continuaremos assim, cúmplices, próximos mesmo quando passamos muito tempo sem estarmos juntos. Amigos.

Kidzania

Apesar de ter vislumbrado, no olhar do Manel, aquela luta interior entre a criança que ainda é e o adolescente que também já começa a ser, acho que acabou por ganhar a criança. Não só porque ela ainda existe mas, sobretudo, porque ele é esperto e adapta-se ao que tem. E o que tinha, hoje, era um dia inteiro para se divertir com os irmãos naquele sítio onde sempre gostou de estar. E assim foi. Eles foram aprendizes de cozinheiros na escola de culinária Atum Bom Petisco (e acabaram por almoçar o wrap de atum que confeccionaram), eles foram bombeiros, eles trabalharam na fábrica de gelados, ela tirou a carta, conduziu uma mota e ainda foi pintora. No final, tinham todos aquela cara de contentamento natalício que se repete de ano para ano. Cheira-me, porém, que no Natal de 2014 já só vou com dois filhos.


Depois, o Manel foi para casa de um amigo, o Martim ficou em casa com os vizinhos, e a Madalena brincou com os seus Nenucos.

Eu? Eu fui para o Colombo trocar presentes. E foi in-fer-nal. O Colombo estava muito pior do que nas vésperas de Natal. Por isso… já não consegui encontrar o poncho encarnado da Lanidor que adorava ter e que, por ter deixado para a última hora, já não vou conseguir arranjar. Se alguém o avistar… aviseeeeee!

Perceber que se cresceu, ao chegar a um lugar de que sempre se gostou

Na Kidzania com os meus três filhos. E a constatar que provavelmente será a última vez para o Manel, que oscila entre querer muito gostar e começar a sentir que isto já não é bem para ele. Vejo o conflito interno estampado no olhar. Queria tanto vir e agora é como se compreendesse que algo mudou, e seguramente não foi a Kidzania, que está na mesma desde a última vez. Crescer pode ser surpreendente. E pode doer.

Hoje foi dia...

… de ir com pequena Mada àquela espécie de feira popular que está na FIL. Os irmãos não quiseram. O Manel disse:
- Passo. Os meus amigos estão lá fora, vou ficar a jogar à bola com eles.
Eu fiz um ar levemente desiludido mas ele não desarmou.
Veio o Martim. Totalmente diferente:
- Mãe… desculpa, mãe. Mas os nossos amigos disseram que aquilo é muito infantil. E nós temos tantas saudades de jogar à bola com os amigos… Desculpas, mãe?
Claro que desculpo. Não há que pedir desculpa, aliás. Querido filho, sensível.
Fui então, com a mais pequena.
20 euros e fizemos a festa (se os irmãos tivessem ido, nem em metade tinham andado). Pequena Mada andou nos elásticos, na lagarta (micro-montanha russa), carrinhos de choque, insufláveis, carrossel parisiense, aviõezinhos, casa louca… Foi um fartar vilanagem. Amanhã… espera-nos mais animação. Porque as férias de Natal não são férias de Natal sem estes périplos (e este ano conseguimos escapar ao circo!)



Vencedor do passatempo Fisher-Price

E quem ganhou o ginásio da Fisher-Price foi
a Ana Rita Cortes Almeida, uma irmã super querida. Esta foi a sua participação:

Tenho uma irmãzinha
coisa mais linda não vi
2 mesinhos, pequenina
cuchicuchicuchi

é alegre, divertida
uma doçura sem fim
eu fico tão comovida
quando ela sorri para mim

ao descobrir o tapete
achei muito original
um presente com sainete...
Para lhe oferecer no natal

é um brinquedo didático 
além de ser divertido
podendo ser emblemático
por ter tão lindo sentido

tudo as crianças merecem!
O melhor que a vida tem
obrigado á Fisher-Price
por lhe trazer este bem.


Com a chucha e a fraldinha
com o tapete brincalhão
já ninguém faz mais birrinha
não há mais bebé chorão!


Se pudesse, já sabem, premiava mais gente. Entre essa gente, destaco a Inês Patrício Marques, que leva daqui uma Menção Honrosa pelo esforço das inciais do seu poema formarem a palavra "Fisher-Price".

Natal: vai ser tão lindo, não foi?

Éramos 20 à mesa, na casa dos primos. Várias mesas juntas, melhor dizendo. E foi feliz, foi realmente feliz. Um Natal de família e paz, de reconciliação e apaziguamento. Um Natal que seria mesmo perfeito se a minha irmã, cunhado e sobrinho estivessem também. Para o ano, se tudo correr bem, será mesmo perfeito e imaculado. Depois do jantar, e antes da chegada do Pai Natal, os rapazes tocaram o Jingle Bells na guitarra e a irmã cantou. A seguir, tocaram à campainha e era o Pai Natal. Pela primeira vez, o Martim não foi na conversa. Sabia que era o tio Luís. Nos outros anos, na verdade, também já sabia, mas tinha a condescendência de fingir que ainda acreditava. Só o Vasco e a Madalena ficaram deslumbrados com o velho das barbas à porta. Felizmente temos ainda o Joãozinho e o Tomás (na barriga da mãe) para continuarmos a disfarçar alguém da família, por mais anos. Acho que nós deliramos com esta fantasia, mais até do que eles.
E pronto. Mais um Natal que passou. Passa tão depressa, sempre. Acontece-me todos os anos, uma certa sensação de vazio. Tanto tempo a ouvir falar no Natal, tanta azáfama com as compras, com tudo o que é preciso, tanta festa com as iluminações, a árvore, as decorações, os fritos, e depois… puff. Já foi.



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