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Cocó na fralda

Cocó na Fralda

Peripécias, pilhérias e parvoíces de meia dúzia de alminhas (e um cão).

Spooooooorting!

Acho que pela primeira vez na vida do meu filho Manel, vejo-o com esperança. Mentira. Pois. Não. Vou reformular. O Manel é, como todos os sportinguistas, um rapaz de esperança. De fé. Acredita, todos os anos, que este é que é o ano. Agora é que vai ser. É desta. A gente ri-se, goza, encolhe os ombros. Ele ri-se também, e é aí que se percebe que a sua esperança é mais superficial que real. É quase um mantra que, se repetido muitas vezes, pode ser que pegue. Mas este ano... este ano é que é MESMO, garante-me ele. Acredita no Bruno de Carvalho, tem confiança no Jardim, ama de paixão o seu Patrício, sabe praticamente tudo sobre todo o plantel, quem são, quantos anos têm, de onde vieram. É um sportinguista ferrenho, doente, um miúdo que tem coração de leão e sangue verde a correr-lhe nas veias. Eu preferia que ele não fosse assim tão lagarto, não é por nada mas aquele amor parece quase uma maleita, temo que vire um grunho do pior, dou-lhe livros e instigo-o a gostar de outras coisas, obrigo-o a ter outros interesses, mostro-lhe artes plásticas, belezas naturais, arquitectura, antiguidades, não quero um choné sempre vestido às riscas verdes e brancas a beber jolas em frente a um televisor com 90 polegadas e a gritar goooooooooolo como um taradinho sem interesse algum.
Bom, mas voltando atrás, o meu filho tem um brilho nos olhos que nunca lhe vi. No fim-de-semana, quando o Sporting ganhou por 4 bolas a zero à Académica haviam de ver o seu sorriso, a sua aura, a forma como encheu a boca para dizer, «eu não te dizia, mãe, este ano e que vai ser, é desta, mãe, é desta que vamos ser campeões!»
Eu não sei se é desta ou não mas, por aquele sorriso, gostava muito que fosse. Ainda a missa vai no adro mas ser sportinguista é ter sempre uma fé renovada, apesar de tanto desgosto sofrido. É uma lição de vida. Mas, já agora, que algum dia passe da lição para a recompensa. A gente já merecia. Posto isto, dizer: Sporting, aqui a cocó acredita!!!! E no próximo fim-de-semana, por mais difícil que seja, espero bem que apaguem a luz!

Nos entretantos...

... a Madalena está com febre, em casa dos avós.
Já não estava doente há tanto tempo...
A minha sogra diz que ela está bem, que não há-de ser nada, que mal o antipirético faz efeito ela arriba, mas o meu coração não está sossegado, pois claro. Logo agora que estou de mala quase aviada para ir conhecer o meu sobrinho. Damne it!

João, o barriGado

Se virem uma barriga imensa a andar de trás para a frente, nas ruas de Aveiro... é a minha irmã. Mais uma vez, do hospital mandaram andar, andar, andar. Desta vez já com a ajuda da oxitocina. A ver se pequeno João sai da toca. Ela já se ri e diz que, por este andar, só lá para o Natal!
Eu, até ver, continuo em Lisboa.

Nervos

Estou uma pilha. Estou que nem posso. Estou em pulgas. Estou feliz. Estou emocionada. Estou nostálgica. Estou ansiosa. Já chorei. Já ri. Já fiz um FaceTime. Estou incapaz de despachar os 5 textos que tenho para despachar. Já recordei 28 anos que passaram, em modo câmara lenta. Já suspirei oitocentas e oitenta e oito vezes. Estou há uma semana a dormir mal e hoje conto espetar com um ansiolítico no bucho.
Amanhã - é quase certo - parto para Aveiro, com o meu pai ao lado. Amanhã - esperamos todos - nasce o João. Amanhã vai ser um grande dia!

Incêndio Chiado: 25 anos

Eu tinha 15 anos e aquilo atingiu-me como uma seta. Desde criança que dizia querer ser jornalista mas foi naquele dia que senti um impulso estranho, que me veio mesmo de dentro, uma vontade indómita de ir para o local, fazer perguntas, saber como foi e porque foi, sobretudo porque estar em casa à espera de saber notícias não parecia chegar-me. Nesse dia, e apesar de ser uma adolescente bem parvinha, doeu-me cá dentro sentir que era também eu que perdia uma parte da cidade, era a minha Lisboa que ardia, eram os lugares que conhecia bem que estavam a ser consumidos pelas chamas, eram os passeios com a minha avó pelo Chiado que as labaredas também queimavam.
Foi há 25 anos, aquele inferno. A primeira página do jornal Independente, que ainda guardo, comoveu-me até às lágrimas.

We need to talk about Kevin

Não vi o filme na altura em que passou. Acho que tive medo. Vi hoje. E tinha bem razões para ter medo. Dizer que o papel da Tilda Swinton merecia um Óscar. E a criancinha odiosa merecia outro, bem como o adolescente terrífico, ambos no papel do arrepiante Kevin. Filme angustiante, intenso e pesado como um raio. Como eu gosto, de resto.

E agora vou para ali ter medo dos meus próprios filhos.

Vale a pena conhecer #1

Há duas noites fomos com amigos jantar ao restaurante Pharmácia (chama-se assim porque fica no majestoso edifício da Associação Nacional de Farmácias). Nunca lá tinha ido e já há imenso tempo que tinha vontade (caramba, já abriu em 2011!). Gostei muito do conceito, apesar de não ter ficado louca da vida com a comida. O pica-pau não estava brilhante, a tábua de queijos deixava um bocadito a desejar, mas as migas e a farinheira estavam boas (como podem perceber, é só petiscos light).
O espaço cá fora é lindo e não podia ser mais apetecível numa noite de Verão (uma pena que não reservem mesa para a esplanada, quando chegámos já não havia lugar), e o interior está muito giro. Toda a ideia da farmácia antiga, do receituário, do empregado que fala em prescrições tem a sua piada (é diferente, e ser diferente já é meio caminho andado).



Antes do jantar, marcámos encontro no Park, outro espaço giríssimo, que fica no topo de um parque de estacionamento na Calçada do Combro. Tomámos um copo, com uma vista de cortar a respiração sobre Lisboa, metemos a conversa em dia e pudemos verificar como está na moda, cheiinho de gente gira e bronzeada por todo o lado.
Lisboa está cheia de sítios que valem a pena. Só espero que a malfadada crise não acabe com eles.