Voltou a acontecer. Uma mãe com uma depressão grave matou os dois filhos e suicidou-se de seguida. Uma história tão trágica que me deixa sem ar. Também me deixa sem ar ouvir o psicólogo de serviço na SIC dizer que as fotos do facebook mostram uma família «demasiado feliz». Nas fotos, com efeito, via-se a mãe muito sorridente com os dois lindos rapazes, também a sorrir. O psicólogo disse então: «Demasiado feliz porque quem está feliz não precisa de o mostrar. » Oi? Então isso quer dizer que praticamente toda a população está deprimida? É que praticamente toda a gente que eu conheço apresenta no facebook fotos onde está sorridente e... feliz. Isso quer dizer que, na verdade, todos os meus amigos estão à beira de se matar ou de matar os filhos? Ai, pá. Para quê estas generalizações? Para quê? Aquela sessão fotográfica daquela mãe com os filhos há-de ter sido um momento feliz. Como outros que terão tido. O que leva uma mulher a um acto destes é algo que espero nunca atingir. Mas deixa-me numa consternação que nem consigo descrever.
Os Mimalhos são bonecos feitos a partir dos desenhos das crianças. Sabem aquele desenho absolutamente incrível que o vosso filho fez? Aquele que mostraram a toda a família, e que vos fez acreditar que têm em casa um Picasso? Pois bem. Agora imaginem que podiam pegar nele e transformá-lo num boneco, que as crianças possam levar para todo o lado.
Recebi uma mensagem da Ana, autora dos Mimalhos, e não podia deixar de partilhar. Porque acho a ideia maravilhosa. Ainda por cima, todos os Mimalhos são numerados, únicos, registados no IGAC. Com enchimento antialergico, variam de tamanho (20cm - 45cm). O preço está sujeito a orçamento mais os portes de envio.
Vinha aqui ao meu bairro um amolador. Nunca mais lhe botei a vista (nem o ouvido) em cima. E agora precisava dele como de pão para a boca (um bocadinho mais, já que pão, na verdade, posso bem dispensar). Se virem um amolador, daqueles que andam de bicicleta (são poucos mas ainda os há) façam-me um favor: saltem-lhe para cima (salvo seja), peçam o contacto, e depois enviem para mim, que terão aqui uma mulher grata para os próximos tempos.
Mada: - Quando é que eu vou viver com a família do Luís? Eu (possessa por vir de novo a conversa do Luís à baila e respirando fundo): - Outra vez isso? Mada: - Eu quero ir... Eu (tentando uma nova estratégia, mais madura): - Não vais, sabes? Porque nós não sabemos viver sem ti. Tu és nossa, da nossa família. E a mãe, o pai e os manos não queremos que te vás. Por isso, podes continuar a brincar com o Luís e a gostar dele, claro, mas ficas a viver connosco. Pode ser? Mada: - Está bem.
Uffffffffff. Afinal foi mais fácil do que parecia. Acho que ainda não é desta que ela se vai.
Lemos a história à mais pequena, depois fomos ler a história aos mais crescidos. Quando acabou a história dos rapazes, fomos espreitar a pequena criatura. Já dormia. Mas o que nos partiu a rir foi a figura em que ela estava. Achou que a luminosidade lhe incomodava o sono (apesar de pedir para ficar com a luz acesa) e então lá estava, de venda colocada. É completa, esta.
Tem a sua ironia: comprei-o no Continente para ser mais fácil trazer as compras da mercearia... (é às bolinhas e... eu não resisto a padrões às bolinhas)
Eu: - Diz lá ao mano Manel o que me disseste a mim, de ires viver com o Luís... Mada: - Sim, quero ir viver com o Luís e com os pais dele. Já não quero viver mais com vocês. Manel: - Oi? Mada: - É isso. Manel: - E deixas a tua casa, o teu quarto, a tua família? Mada: - Fico com a mãe do Luís e com o Luís. Manel (indignadíssimo e quase a partir para a violência): - Achas isso bem?? Mada: - Eu gosto dele... Martim (chocado): - Eu não acredito nisto. Mada encolhe os ombros, com desdém. Manel: - E se a mãe do Luís é má? Se te ralha e se te bate? Mada: - Eu conheço-a e ela é boazinha. Manel: - Melhor que a mãe??! Mada: - Acho que sim. Ela é querida. Manel (de cabeça perdida): - E nós??? Os manos que gostam tanto de ti???? Mada (irredutível): - Paciência.
Já houve outros desenvolvimentos, entretanto. Mas uma coisa é certa: os manos também odeiam o Luís.
Mada: - Eu quero ir viver com o Luís. Mais logo não quero ir na carrinha, quero ir para casa do Luís. Eu: - Hã? Mas... queres ir viver com ele... para sempre? Mada: - Sim. Eu: - Mas... e eu? E o pai? E os manos? Não te importas de ficar sem nós? Mada: - Não. Fico com a mãe e com o pai do Luís! Eu (a começar a ficar ligeiramente irritada com a conversa): - Ai, sim? Então e dormes lá e chamas-lhes pais e tudo? Mada: - Sim. Mamã e papá. E vivo com o Luís. Eu: - E não tens saudades nossas? Mada: - Não.
Esta conversa foi a primeira de várias, que aqui relatarei. Mas uma coisa posso já adiantar: odeio o Luís.
Sabemos que estamos a ficar velhas quando uma viagem maior de carro nos demora uns dois dias a recuperar, quando uma noite mal dormida leva outros tantos a ultrapassar, quando um dia mais intenso faz doer os ossos todos do corpo, quando uma discussão mais acesa ou um susto valente deixam a musculatura em tensão por uma semana inteira, quando uma borga mais violenta nos deixa oficialmente fora de serviço. Eu sinto-me mesmo mais velha e cada semana que passa parece que trago um contentor nos costados. Bem tento contrariar, mas se fosse fazer a vontade ao esqueleto estava neste momento debaixo de um edredão quentinho a sonhar com paisagens idílicas (mas sem tsunamis).
De um pequeno empresário que esteja à beira de fechar as portas da empresa ou que tenha fechado há pouco tempo. Uma daquelas pessoas que tinham um negócio há anos e que, com esta malfadada crise, tenha desistido de lutar. Há por aí alguém? Obrigada! sonia.morais.santos@gmail.com