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Cocó na fralda

Cocó na Fralda

Peripécias, pilhérias e parvoíces de meia dúzia de alminhas (e um cão).

Como afugentar um gajo em 2 minutos

Ontem tinha um encontro com uma pessoa, para a entrevistar. Ela chegou meia hora atrasada, de maneira que fiquei na esplanada, sozinha, a fazer das coisas que mais gosto: observar. E, na mesa mesmo ao lado estava um casalinho mesmo bom para mirar e escutar. Claramente em fase de pré-acasalamento, ele, muito mais giro que ela, estava seguro de si. Fazia-se engraçado e sorria com ar maroto, falando dos seus negócios. Ela estava uma pilha. Tremia e torcia um papel entre as mãos e não dava uma para a caixa. Na verdade, ela podia ser a mulher mais interessante do mundo, mas daquela conversa não sobressaiu nada disso. Se ela queria agradar... não me parece que tenha conseguido. Insegura, nervosa, dizia coisas parvas e o sorriso era claramente o de quem está na presença de um deus grego e quer desesperadamente levá-lo para casa. Às tantas, ela introduz o tema dos seus defeitos. Erro crasso. Quem é que no seu juízo perfeito quer seduzir alguém trazendo à baila o seu lado lunar? Ele pareceu curioso:
- Quais são, então, os teus defeitos? É que eu, sinceramente, ainda não vi nenhum (bah! Batida, mas enfim)
Responde a alminha:
- Sou bruta. Sou bruta como as casas. Sou uma besta.
Oi? Nem queria acreditar. Ele também não. Ficou em silêncio, com a expressão subitamente tensa, enquanto ela continuou:
- Enervo-me com muita facilidade. E aí... aí parto a loiça toda.

Ora cá está. Devia ser mesmo isto que o giraço estava a precisar para te convidar para um jantar à luz das velas, seguido de uma noite escaldante. É que todos sabemos que qualquer homem adora uma neurótica, capaz de sacar da faca da cozinha à primeira discussão... A sério, qualquer dia sou eu quem se mete a fazer workshops...

Faltam 4 dias...

... Para voltar ao meu regime alimentar saudável e chato. E, sim, quem disse que eu me ia fartar de sopas e saladas tinha razão. E, sim, difícil é manter. E, sim, a mim basta-me começar a abrir a comporta para já não a conseguir fechar. Mas, sim, não há outra maneira de perder peso senão fechar a matraca e pôr o rabo a mexer. Com as viagens e a rambóia tem sido difícil ser uma menina bem comportada. E até o Bootcamp, de que tanto gosto, tem ficado para trás. Afinal, por muito giro que seja, é duro trocar o sofá, o pijama polar e a mantinha por um exercício feroz ao frio e à chuva, que faz doer o corpo, por muito que faça sorrir a alma depois. É difícil combater a inércia. É brutal não poder comer o que se gosta (e beber!). De modo que estou a entexugar a alta velocidade. A minha prima, que não me via desde Maio, viu-me há bocado e disse, com ar de reprovação: «Estás mais fortezinha...» Pronto. Se a decisão de coser a boca já estava mais do que tomada, com esta frase apeteceu-me mesmo fazer greve da fome. Porque ela disse «fortezinha» mas o que queria dizer é que eu pareço uma vaca do presépio. O pior é que ainda vem aí a Passagem de Ano e não adianta estar agora a ruminar ervas até sábado, altura em que o pecado vai morar aqui em casa. O que importa é que Janeiro vem aí. Um ano em branco para poder reescrever tudo outra vez. Como se não houvesse passado. Um ano novo para poder fazer coisas certas. Pelo menos até à próxima vez que cair em tentação. Porque, sim, quem gosta de comer terá sempre esta vida. Não estou à espera que 2012 me transforme numa frugal criatura, porque a verdade é que não acredito em milagres (mas tenho pena).

Árvore

Um dos presentes preferidos foi este candeeiro, da Loja do Gato Preto. Foi mamãe que ofereceu  é lindo. Uma árvore, com dezenas e dezenas de florinhas que acendem. As luzes são led e por isso gastam pouco. Mas a iluminação é incrível. Fica mesmo bonita, a árvore acesa. E foi um presente dois-em-um. Porque vinha desmontada e, por isso, foi também preciso colocar cada uma das flores nos seus sítios: uma espécie de candeeiro-Lego. Adorámos. :)
A árvore de dia, apagada.

A árvore de noite, acesa.

Natal

Foi em casa da prima Cris, que fica do outro lado da rua. Os pais do Ricardo e a minha mãe vieram ter a nossa casa e depois, todos munidos de sacos, saquinhos e sacões, lá atravessámos a rua e tocámos à porta do Natal. Éramos 19 e a mesa parecia aquelas dos banquetes reais. Comprida e bonita, que a Cristina não é mulher de deixar os créditos em mãos alheias. Pessoa de bom gosto e esmero, fez tudo comme il faut. No final do jantar, nós os cinco apresentámos uma peça de teatro. Eu escrevi o texto e eles representaram-no. Ensaiamos duas vezes, em casa, e foi o que bastou. A família aplaudiu e foi um momento quentinho e gostoso. Depois chegou a hora do Pai Natal entrar em cena. Era meia-noite. Desta vez tínhamos uma prima, estreante nas nossas Consoadas, que se ofereceu para ser o velho das barbas. O Manel já não acredita mas o fato era tão profissional que ele não conseguiu deslindar quem era o humano por detrás do barbudo de fato encarnado. O Martim, desconfiadíssimo, disso logo que era a prima «nova» e que a ele não o enganavam mais. Sempre que o desmentíamos, ele ficava naquele limbo de dúvida entre o «eu sei que me estão a endrominar» e o «e se os gajos estão a dizer a verdade e eu a desprezar desta forma vil o Pai Natal?». Creio que, ainda assim, terá sido o último Natal de benevolência dele para com a história do idoso que traz presentes. Depois será pedir-lhe que mantenha o bico calado para a irmã ainda ter uns aninhos de fantasia, que sabe tão bem. Os presentes foram muitos e bons e a noite acabou às duas da manhã, com um puto a dormir no sofá, o outro no chão, e pequena Madalena e ainda mais pequeno Vasco acordados e prontos para mais.