O memorial ao 9/11. Um sítio triste, tristíssimo. Onde se é revistado à entrada, tal como no aeroporto, e que faz lembrar o provérbio: «Casa assaltada, trancas à porta». Os monumentos de homenagem foram desenhados pelo arquitecto Michael Arad e pelo arquitecto paisagista Peter Walker (cujos projectos foram escolhidos entre 5200 candidaturas, de 63 países). São duas quedas de água, uma em cada lugar onde antes estavam as torres gémeas. Dois quadrados de onde cai a água para uma primeira plataforma e depois, lá dentro, para mais um buraco fundo. Faz lembrar lágrimas, milhares de lágrimas que caem. Vidas que caem. Em alguns momentos, quando o sol bate, formam-se pequenos arco-íris, que transmitem paz e beleza. E as gotículas que se desprendem da grande massa de água que cai também fazem lembrar cinza, pó. O buraco mais fundo será o vazio que nos fica, a todos (pessoas sãs), perante o que aconteceu. E a saudade dos que perderam ali familiares e amigos. Pais, filhos, maridos, mulheres. Não faço ideia se era isto o que os arquitectos pretendiam transmitir, mas esta foi a minha interpretação, aquilo que senti. E doeu. Está muito bonito, muito bem conseguido, e dói. A todo o redor dos dois quadrados estão, inscritos em placas de bronze, os nomes, cerca de 3000 nomes, dos que morreram naquele fatídico dia, há 10 anos. Uma das coisas que também me impressionou muito foi ler, aqui e ali, nomes de mulheres seguidos de «and her unborn child» (e o seu filho que não chegou a nascer). E o silêncio, apesar de tanta gente de visita. Um silêncio que é de respeito, de dor, e de incompreensão. Um silêncio de cemitério, que também dói.
Este senhor estava a copiar um nome para um papel. Estendeu o papel sobre o nome e, com um lápis, guardou cautelosamente as letras da sua pessoa. À sua volta, formou-se de imediato um espaço em branco. As pessoas, instintivamente, afastaram-se, para lhe dar privacidade. Para o deixar no seu momento, a recolher um pedaço de si, que partiu.