Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

Cocó na fralda

Cocó na Fralda

Peripécias, pilhérias e parvoíces de meia dúzia de alminhas (e um cão).

Mim caçar, tu cuidar da casa

Há bocado, no trânsito, um homem decidiu parar na minha faixa de rodagem, à minha frente, porque quis, naquele preciso momento, mudar de faixa. E, como a fila do lado não andava e ele não se conseguia meter, ali ficou, a alminha, a impedir-me o caminho. Eu, que estava atrasada para ir entrevistar a Luísa Sobral (um amor, além da voz maravilhosa, é um amor!), ali fiquei, à espera que a alma me desamparasse a loja. A minha faixa completamente livre e aquela aventesma ali, nem para trás nem para a frente, parado simplesmente. Passou um bocado e eu perdi a paciência: buzinei. O fulano esbracejou e, quando finalmente alguém o deixou entrar, eu passei. E quando passo, ele grita:
- Vai para casa!
Ora bem. Aquele energúmeno atravanca o trânsito a seu bel prazer, porque em vez de se ter posto na faixa desejada antecipadamente, esperou pelo momento exacto em que tinha de virar à direita para mudar de faixa. Ali fica parado uma eternidade, criando uma fila gigante atrás de mim. E eu é que tenho de ir para casa? Porquê? Por ser mulher, ter a carta de condução, um carro, e ainda ousar buzinar a uma criatura com pilinha? Eu às vezes esqueço-me mas ainda há por aí muito homo sapiens à solta. Ai há, há.

Do ser/ parecer

Hoje encontrei, num trabalho, uma amiga fotógrafa. Que me falou, com tristeza, da forma como foi tratada por uma figura pública. Dizia ela que a pessoa, que aparenta ser de uma simpatia transbordante, a tratou com arrogância, pressa e sem qualquer respeito pelo seu trabalho. E que, no final, nem sequer se despediu. A minha amiga disse-lhe «Então muito obrigada, boa tarde», e a dita pessoa nem sequer se virou. A minha amiga, que é educada, repetiu a despedida e a «simpática» figura pública continuou ignorando-a. É pena. É pena que algumas «personalidades» sejam simpáticas, simpatiquíssimas, apenas enquanto representam um papel. Depois, quando despem a farda, não só não são simpáticas como podem ser mal-educadas. É a diferença entre o ser e o parecer. Há por aí muita gente que só parece. Mas que, na verdade, não é.