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Cocó na fralda

Cocó na Fralda

Peripécias, pilhérias e parvoíces de meia dúzia de alminhas (e um cão).

Queridas avós:

Quando levarem os vossos netos convosco, por favor, não esqueçam de ter sempre por perto o vosso telemóvel ou o telefone de casa. E, se tiverem uma casa com piscina, por favor, levem ainda mais a sério este pedido. Ninguém desconfia das vossas capacidades, ninguém duvida que estão a tomar conta dos vossos netos melhor ainda do que os pais das criancinhas tomariam. Mas nós, os pais das ditas, começamos a trepar pelas paredes quando ligamos uma vez, duas vezes, e às tantas estamos a ligar há 40 minutos e do outro lado... nada. Não é por mal. É só porque os filmes começam a ser realizados na nossa cabeça e no nosso peito, mesmo sem o nosso consentimento. E são filmes de terror. Não é falta de confiança. É só porque os nossos filhos, como vocês avós bem sabem, levaram com eles o nosso coração. Porque ter filhos é mesmo viver com o coração fora do peito. E o meu, neste momento, já nem sei se bate. Acho que não.

E lá foram eles outra vez

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Até chegarem ao destino o meu coração vai bater mais devagar, vai estar quase parado, e os pulmões também, quase sem conseguirem cumprir as suas funções mínimas. Estou assim, desde que vi o carro da minha mãe partir, com os meus três tesouros atrás. Quatro amores da minha vida, naquela coisa que anda pela estrada fora, lado a lado com malucos vários, e agora vou mudar de assunto que já me estou a enervar.
O Martim chorou muito, que não queria ir, quatro lágrimas de cada vez a deslizarem pelas bochechas. Expliquei que não tenho com quem os deixar, que se vão divertir à brava na piscina, com a avó, que amanhã já tenho duas entrevistas lá perto e que vou almoçar com eles, e que sábado já estamos todos juntos outra vez. De nada serviu. O meu cavalo bravo, sacudido e aparentemente desprendido, é afinal de contas o mais emotivo, o que mais sofre com as separações, o que sente tudo com mais intensidade. Um curioso paradoxo, que só lhe dá mais encanto.
Claro que a choradeira não facilitou a despedida. E agora estou aqui a olhar para o texto que tenho de acabar sem conseguir acrescentar mais palavras. Fica para quando receber um telefonema a dizer que estão todos bem, do outro lado do rio.

Querida Bimby, parte II

Desculpa. Afinal, tinhas razão. As queridas e informadas e espertas e tudo e tudo leitoras deste blogue deixaram a hipótese: talvez a Bimby não estivesse bem assente. Fui ver. E, de facto, quando a passei da mesa da cozinha para a bancada, o fio ficou por baixo. E a pobrezinha estava toda torta. Por isso, querida Bimby, desculpa os nomes que te chamei. A tua mãe não é nada daquilo que eu disse, é de certeza uma Bimby séria e de boas famílias alemãs. E tu também não és tudo o que referi, nem a tua balança, sempre tão afinada e certeira. Peço perdão, eu é que sou uma besta. Que quer fazer tudo à pressa, e depois sai asneira. Continuas a ser a minha menina. Eu devia ter imaginado que a culpa só podia ser minha. Querida Bimby.