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Cocó na fralda

Cocó na Fralda

Peripécias, pilhérias e parvoíces de meia dúzia de alminhas (e um cão).

E depois do aniversário de pequena Mada, hoje nova festa...

... de final do ano, no colégio do mais velho.

De manhã, ainda com os olhos inchados e um ar ensonadíssimo, o Martim virou-se para o irmão e atirou, folgazão:
- Quem é que tem hoje a festa de final de ano, quem é?
O outro sorriu, displicente.
O Martim não se ficou, aproveitando a ocasião - rara - de ver o irmão mais velho numa situação de fragilidade:
- Diz lá a verdade... estás um bocadinho nervoso...

Angélico

Custa-me horrores assistir a estas notícias de gente tão nova morta de forma brutal, na estrada. Acontece todos os dias, já se sabe, mas quando é alguém conhecido da TV e das revistas parece impossível, como se não fossem mortais como nós e não morressem realmente. Sobretudo aos 28 anos.
Custa-me muito imaginar a sua mãe (e pai, claro, mas eu sou é mãe) sem o seu menino, nesta tenebrosa inversão da hierarquia da morte, em que os pais vão primeiro, os filhos depois. E faz-me pensar, uma vez mais, que isto de ser mãe (e pai) é viver toda a vida, mas mesmo toda, com o coração em sobressalto. É nunca mais poder existir sossegado, dormir tranquilo, serenar verdadeiramente, porque a qualquer instante podem sumir-se aqueles que amamos mais que a nós mesmos, mais do que é possível imaginar que se ame, e depois disso não há-de sobrar senão o vazio e a dor. E depois, de um ponto de vista ainda mais umbiguista, penso nos meus três filhos e mete-me medo este sobressalto triplicado que vai ser, para sempre, a minha vida. Agora são os receios de quedas, afogamentos, doenças, raptos. Mais tarde serão os temores das motas, dos carros, das doenças, das drogas, das más companhias. E são tantos os perigos de viver, não é? Perigos a multiplicar por três. Medo a multiplicar por três. Amor desmedido a multiplicar por três.
Não me conformo com isto de termos de morrer, é o que é. Por mais que pense nisso, não me conformo.

Só mais uma coisa, antes de me ir: ponham a merda do cinto de segurança, foda-se! Mas quem é que ainda anda sem cinto nos dias de hoje???
Façam-me lá isso e façam também o favor de se manterem vivos.