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Cocó na fralda

Cocó na Fralda

Peripécias, pilhérias e parvoíces de meia dúzia de alminhas (e um cão).

10 km

A corrida hoje não podia ter corrido melhor. Corri cheia de genica e não me cansei nunca. Estive, até quase ao final, fresca que nem uma alface. Mas no último quilómetro deu-me uma dor de burro que me fez desacelerar e demorar mais um minuto do que queria. Fiz 10 km em 1 hora e 5 minutos. Contra a gravidade... correr, correr!

Página em branco

Há muito tempo que isto não me acontecia. Tenho a página do word aberta, novinha em folha, e apenas o título de uma nova reportagem que tenho de escrever. E estou aqui, em frente à página há coisa de uma hora. Já escrevi. Já apaguei. Já escrevi. Já apaguei. Isto não me acontecia desde que fui trabalhar para a secção de Sociedade do Diário de Notícias e não havia cá manias da angústia da página em branco ou da inspiração ou do catatau. Era escrever e depressinha, que havia um jornal para fechar. Passaram-me as mariquices que foi um regalo. E nunca mais voltaram. Até hoje. Talvez a culpa seja do tema, que é mesmo forte e terrível e bera. Talvez a culpa seja das histórias que tenho à frente, partilhadas de uma forma tão íntima e profunda que quero honrá-las em absoluto, com cuidado e carinho. Talvez a culpa seja mesmo só minha, que estou com a cabeça em mil sítios ao mesmo tempo e tenho uma entrevista às 18h na Avenida José Malhoa, onde ia morrendo um dia, num acidente de mota que me afastou de vez dos veículos de duas rodas, de que gostava tanto e que me deram, na faculdade, a alcunha de "Motorcycle Woman". Talvez seja tudo isto. Ou nada. Mas é bom que me passe. Que tenho muito para fazer e sobra-me pouco tempo para angústias perante páginas em branco.

Espectacular!

O programa Nós Vencedores (de segunda a sexta-feira, às 18.55, na Antena 1) começou no dia 24 de Janeiro deste ano. E, até agora, já entrevistei 102 pessoas! 102 histórias, 102 vitórias, 102 bons exemplos! Que maravilha! Que privilégio, conhecer tanta gente com garra, com optimismo, com ganas de viver.

Sónia Brazão

Ainda não há certezas mas a polícia desconfia seriamente que a explosão que quase matou Sónia Brazão foi provocada pela própria, intencionalmente. Os bicos do fogão estavam ligados (diz-se que estavam os quatro bicos ligados) e suspeita-se que tenha sido mesmo uma tentativa de suicídio. Não tenho nada contra quem se quer matar. Faz-me confusão, porque gosto muito de viver, mas admito que para algumas pessoas a vida não tenha o mesmo encanto. E, por isso, não julgo. Evito julgar os outros porque não sou melhor que ninguém e porque quem está no convento é que sabe o que lá vai dentro. Além disso aprendi (já há longos anos) que sempre que cuspo para o ar, criticando alguém por isto ou por aquilo, a cuspidela cai-me invariavelmente em cima, isto é, mais dia menos dia acontece-me o mesmo que tanto critiquei nos outros.
O que me faz espécie (como diz o povo) é aquilo que espera a Sónia, se sobreviver. Se a vida não lhe sorria antes, como vai sorrir daqui para diante? Com 90% do corpo queimado, com uma série de crimes às costas, e com milhares de euros para pagar. Afinal de contas, o apartamento dela ficou em cacos, a fachada do prédio onde vive foi muitíssimo danificada, oito carros estacionados ficaram destruídos e ainda houve mais uma mulher ferida. Pagar por isto tudo e ainda ter de viver com as cicatrizes que a explosão lhe provocou é seguramente muito pior do que qualquer drama interior que estivesse a viver antes de tudo ter ido pelos ares.
Espero sinceramente e do fundo do coração que se venha a provar que não, afinal não, ela não se quis matar e tudo não passou de uma terrível fatalidade. Porque o contrário vai fazê-la viver, agora sim, no inferno.