Perder o tino
Perdi uma pasta com todos os trabalhos que fiz para a NS e a NM nos últimos tempos. Perco tudo e estou farta. Perco casacos, recibos, carteiras. Colares, canetas, batons. Chapéus, telemóveis. Às vezes perco vestidos e calças e sapatos, mas depois acabo por encontrá-los cá por casa, perdidos na confusão dos meus armários. Sempre perdi tudo e mais alguma coisa. Sempre me disseram «só não perdes a cabeça porque a tens agarrada ao corpo» e é verdade. Inteiramente verdade. Além das coisas que perco há ainda o tempo perdido à procura do que perdi.
Eu gostava muito de mudar isto em mim. Até porque quando os meus filhos perdem qualquer porcaria não tenho autoridade moral para os repreender. Assim como tenho dificuldade em zangar-me quando olho para a secretária caótica do Manel porque depois existe a minha própria secretária. Com pilhas de papéis e canetas e dossiers e tudo. Sim, eu sou desorganizada, desarrumada, caótica. E se já convivi alegremente com esse meu lado lunar, a verdade é que estou cada vez menos tolerante para com ele. Hoje estou mesmo capaz de perder até a cabeça. Porque tudo o que é demais enjoa.
Eu gostava muito de mudar isto em mim. Até porque quando os meus filhos perdem qualquer porcaria não tenho autoridade moral para os repreender. Assim como tenho dificuldade em zangar-me quando olho para a secretária caótica do Manel porque depois existe a minha própria secretária. Com pilhas de papéis e canetas e dossiers e tudo. Sim, eu sou desorganizada, desarrumada, caótica. E se já convivi alegremente com esse meu lado lunar, a verdade é que estou cada vez menos tolerante para com ele. Hoje estou mesmo capaz de perder até a cabeça. Porque tudo o que é demais enjoa.