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Cocó na fralda

Cocó na Fralda

Peripécias, pilhérias e parvoíces de meia dúzia de alminhas (e um cão).

Perder o tino

Perdi uma pasta com todos os trabalhos que fiz para a NS e a NM nos últimos tempos. Perco tudo e estou farta. Perco casacos, recibos, carteiras. Colares, canetas, batons. Chapéus, telemóveis. Às vezes perco vestidos e calças e sapatos, mas depois acabo por encontrá-los cá por casa, perdidos na confusão dos meus armários. Sempre perdi tudo e mais alguma coisa. Sempre me disseram «só não perdes a cabeça porque a tens agarrada ao corpo» e é verdade. Inteiramente verdade. Além das coisas que perco há ainda o tempo perdido à procura do que perdi.
Eu gostava muito de mudar isto em mim. Até porque quando os meus filhos perdem qualquer porcaria não tenho autoridade moral para os repreender. Assim como tenho dificuldade em zangar-me quando olho para a secretária caótica do Manel porque depois existe a minha própria secretária. Com pilhas de papéis e canetas e dossiers e tudo. Sim, eu sou desorganizada, desarrumada, caótica. E se já convivi alegremente com esse meu lado lunar, a verdade é que estou cada vez menos tolerante para com ele. Hoje estou mesmo capaz de perder até a cabeça. Porque tudo o que é demais enjoa.

Mais um jornalista que parte

Vinha a caminho de casa quando o telefone tocou. Era a Sónia. «Já sabes do Daniel Lam?» Sempre que alguém que trabalhou comigo no Diário de Notícias me pergunta se sei de alguém do Diário de Notícias já sei. Fiquei escarlate. «Não...» Do outro lado o silêncio. Depois a notícia: «Foi encontrado morto em casa.»
O Daniel Lam tinha 46 anos. Era jornalista no DN há 19 anos. Os colegas estranharam que não tivesse aparecido para trabalhar e chamaram a polícia e os bombeiros. Encontraram-no sem vida.
Nunca fomos amigos, nunca privei com ele, nem sequer nutria por ele uma simpatia particular. Mas é mais um ex-colega do DN que se vai. Assim, tão cedo. Como a Zé, como o Armando, como o Mário. Muita gente que se foi, cedo demais. E assim entrei em Lisboa, com a notícia de um adeus.