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Cocó na fralda

Cocó na Fralda

Peripécias, pilhérias e parvoíces de meia dúzia de alminhas (e um cão).

Mais um dia doido e um rebanho que dá gosto

Uma entrevista de duas horas e meia de manhã. À tarde mais duas. Uma sensação de cansaço extremo, do tipo ai-fónix-que-é-desta-que-me-vou-abaixo-ai-que-nem-conduzir-consigo-ai. Cheguei a casa e o meu homem recordou-me que tinha basquete. Ou seja: ia chegar tarde a casa. Mais tarde que o costume. Cheguei a casa morta e pensei: mulher, para aguentares o tranco tens mesmo de ir correr. É verdade que já foste ontem, mas se não vais hoje cais para o lado e corres tudo ao estalo. Fui. Foi o melhor que fiz. 40 minutos a correr e eis que a mulher estava nova. Ou menos velha, pelo menos. Fui buscá-los. O Tim chateado porque se chateou com um amigo e porque a professora o repreendeu por um desenho que ele não fez como devia. Sono, mais que tudo. Pensei: vamos lá salvar isto. «Quem quer ir à pizzaria?» EUUUUUUU!!!! Disse ao Manel para convidar a avó. Fomos os cinco. O jantar correu bem, tirando os olhares de ódio da rapariga da mesa ao lado, que pelos vistos não tem filhos, que pelos vistos já esqueceu que um dia foi criança. Os meus filhos estiveram sempre à mesa e o mais que fizeram foi falar um nadinha alto de mais. Enfim. Há que compreender. Nem toda a gente acha graça a pessoínhas em miniatura.
Quando cheguei a casa, vesti pijamas, lavei dentes e a seguir vou ler as histórias e metê-los na cama. Pelo meio disse ao Manel:
- Amanhã é dia de irmos buscar o Martim para almoçar.
- Eu sei.
- Mas há mais uma coisa. Sabes, tenho notado que o Tim tem uma posição difícil. Ao fim do dia eu estou a ajudar-te com os trabalhos, dou colo à Madalena e o Martim fica um bocadinho sozinho. Porque já não é tão bebé como a Mada mas também ainda não tem as exigências que tu tens. E então estava a pensar levá-lo ao cinema, sem ti. Só nós os dois. Para ele se sentir especial. Depois, para a semana, fingimos que vamos ao médico ou assim, e vamos nós os dois ao cinema ver o mesmo filme. Mas... percebes?
O Manel, como sempre, acenou com a cabeça:
- Sim, sim. Acho que fazes bem mãe. Para ele não deve ser nada fácil. Eu queixo-me de ser o filho mais velho mas ser o filho do meio não há-de ser nada fácil. Claro que sim, mãe. Vai com ele ao cinema. Para ele sentir que tem um dia só dele! Para sentir: «Eu hoje sou especial!»

E assim, com pequenas artimanhas, vamos tentando dar a cada um o seu espaço. Para que isto não seja um rebanho. Pelo menos não sempre. Para que cada ovelha tenha o seu momento de balir sozinha.