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Cocó na fralda

Cocó na Fralda

Peripécias, pilhérias e parvoíces de meia dúzia de alminhas (e um cão).

Casa Pia

Tal como ela, eu também fico assim, cheia de pontos de interrogação na cabeça (e se calhar é por isso que ela me dói tanto): o Carlos Cruz? O Carlos Cruz, senhores? Eu também brinquei muito com a Bota Botilde, eu cresci a vê-lo brilhar na televisão. Tudo isto me deixa sem saber o que pensar. Não quero duvidar das vítimas mas tenho aquela dificuldade normal em aceitar que o "senhor televisão" tenha andado a comer crianças. Vou ali digerir isto e já volto.

Quinta à noite no Casino Estoril

Ontem o meu homem levou-me a jantar fora. Fomos ao Casino Estoril, ao Mandarim, e foi uma decepção. Todos os críticos parecem delirar com o restaurante, nós saímos de lá com um buraco no estômago e a boca a saber mal. A minha sopa agri-picante sabia a molho estragado, a sopa do Ricardo parecia leite coalhado. Depois, e porque a minha dieta não permite que coma proteínas ao jantar, pedi uns vegetais cozidos com camarão seco... medonho. Sabia a... nada. Ele pediu carne frita com picante e era, de longe, o prato mais gostoso. Mas depois de provar dois quadradinhos fiquei com a boca a saber a óleo. Blhéc!
Além disso, houve três momentos divertidos com os senhores que serviam à mesa. Dois foram protagonizados pelo mesmo funcionário, que entornou, primeiro o molho de soja, depois todos os pedacinhos de carne. Se calhar estava nervoso, que a gente não sabe o que se passa na vida das pessoas, e por isso não faz mal, até porque se fartou de pedir desculpa, coitadinho, são coisas que acontecem.
O segundo funcionário chegou ao pé de nós, depois de termos terminado o jantar e perguntou:
- Então? 'Tava tudo?
Foi um "tava tudo?" que era mais ou menos um "tá-se bem?" e teve graça porque eles vestem-se todos pomposos e depois não joga a bota com a perdigota.

Saímos dali enjoados e vazios, e fomos jogar nas slot machines. Aquilo é um tédio e tenho a certeza de que jamais me viciaria no jogo. Não é que seja uma pessoa moralmente impoluta, que não sou. Muito mais depressa me viciava no álcool. Aquilo é chato. Toca-se num botão e espera-se que apareçam três figuras iguais. Uau. Boring. Cinco euros e chegou para perceber que há coisas mais giras para fazer na vida.
Os Nouvelle Vague estavam a cantar ao lado, mas estava tanta gente que o meu 1,60m de altura não permitia ver absolutamente nada. Além disso, uma dor de cabeça menstrual estava a apoderar-se de mim. E ainda não passou. E a sentença do caso Casa Pia está atrasada e eu aqui à espera. E tenho programas de rádio para fazer. E tenho de jogar no Euromilhões. E as saudades que tenho das férias? Aiiiiiiii.

Unhappy End

Depois de um lanchinho querido, correu tudo mal. Quando o pai chegou do trabalho, tarde, perguntou se queria ir dar uma volta no bólide novo, beber um café ao Pão de Canela. Disse que sim. Os miúdos estavam lá fora a brincar e, quando o pai os chamou, largaram aos gritos, "O que é? O que é que foi??! Já??!", num ataque de má criação que nos pôs à beira de um ataque de nervos. O pai puxou a orelha do Manel, que aquilo não eram modos de falar connosco, e a seguir foi tudo de mal a pior, com respostas tortas e choro e tudo.
Já não fomos a lado nenhum, eles lavaram os dentes e foram para a cama, eu meti-me na cama também, com aquela sensação de que ser mãe e pai deve mesmo ser isto: dar tudo e receber pouco em troca (quando não é nada).
Hoje amanheceu, eles estão de castigo, já me deram mil beijinhos e pediram desculpa centenas de vezes, e estão bem comportados como dois Bambys, mas eu continuo triste. Acho que o fim das férias misturado com os acontecimentos de ontem e mais uma altura difícil do mês fizeram baixar em mim uma neura tenebrosa. Saiam da frente, que isto até ferve.

Lanchinho para a criançada (a minha e a da vizinhança)

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Primeiro comecei por fazer brigadeiros. Já estava o creme feito e a arrefecer quando o Manel me disse:
- O Filipe não gosta de brigadeiros...
Esmoreci.
- Então gosta de quê? Arroz doce?
- Não sei, vou perguntar. Filipeeeee! Gostas de arroz doce?
- O que é isso?
- O que é isso??! Nunca provaste?
- Não.
- Esquece. Mãeeeee! O Filipe...
- Já sei, já sei. Nunca provou.
- Ele diz que gosta de bolo de iogurte, que é o que a mãe faz (a tal mãe que é a melhor do mundo, logo seguida de mim, segundo o meu filho Martim).
- Hum...

Fui à mercearia a correr e 1 hora depois estava o bolo pronto.
Uma maravilha, segundo eles.
- Tal e qual o da mãe do Filipe - disse o Martim.
- É verdade. Está óptimo. Posso tirar mais uma? - perguntou o Filipe, tirando a terceira fatia.

E pronto. Assim fico eu, feliz, a vê-los lanchar no terraço.
Agora vou continuar a escrever o meu texto mensal da Pais & Filhos. Eu sei Maria Jorge... Eu sei que estou atrasada. Vai já, já.

Paixa e T-Clube

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Não ia ao T-Clube há anos. Desta vez, falámos com a Carmen, uma babysitter que já nos tinha ficado com os miúdos em Maio, no Santa Eulália, e ela veio tomar conta dos nossos e também do F. e da L. Cinco miúdos, portanto. Mas ela não se assustou. Já tinham tomado banho, jantado, tinham o pijama vestido e era só acalmá-los e deitá-los.
Enquanto nos vestíamos comecei a sentir uma angustiazinha a subir por mim acima. Senti-me estúpida e tentei disfarçar. Mas o Ricardo conhece-me de ginjeira e perguntou:
- Estás stressada?
Estava. "E se temos um acidente e morremos todos? Está mesmo a pedi-las: as férias a serem perfeitas, deixamos os miúdos, vamos jantar e dançar... e de repente: pumba! Quinamos os quatro e deixamos cinco órfãos." Ele revirou os olhos, sem paciência, e eu procurei afugentar o medo.
Mas, quando o Nuno estava a escrever os números de telemóvel para deixarmos à Carmen, não resisti e sussurrei:
- Não achas melhor deixarmos outros contactos sem serem os nossos? Tipo... o telefone da minha mãe ou da mãe da Sónia? Hum... só para prevenir?
Ele olhou-me, incrédulo:
- Também tu?! A outra está no apartamento toda a fanicar, cheia de medo que morramos todos num acidente.
- Pois, também eu.
- Mas que malucas, pá! Tu nem lhe digas isso!
- Eu não digo. Mas escreve aí o número da minha mãe, se faz favor.

Ainda ontem nos rimos disto. As duas Sónias a panicar.
Mas depois foi excelente. Jantámos (sim, eu também, para variar da sopa) no Paixa, restaurante fantástico em Vale de Lobo, e depois a outra Sónia, que não bebe, conduziu-nos a 50 km/h até ao T-Clube.
Dançámos imenso, até às 5 da manhã, mas mesmo lá não conseguimos deixar de pensar nos nossos miúdos, por duas razões: a primeira foi porque o Manel está cada dia com um ar mais adolescente, porque vai fazer 9 anos, porque não é difícil olhar para alguns magarefes imberbes de vodka na mão e imaginá-lo a ele, ali, a dançar. E isso não me custa. O que me custa é pensar que, não tarda, eu serei mãe de um gajo que já sai à noite. Isso é que dá medo.
Além disso, lembrámo-nos da criançada porque o DJ pôs três músicas que eles passam a vida a cantar: "I've gotta feeling", "Waca-waca", e o "I like to move it move it" do filme Madagascar. Enfim. Patéticos. Cotas a dançar e a pensar nos filhos. E eu que não me acostumo à ideia de envelhecer, hein?

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