id="BLOGGER_PHOTO_ID_5501107412223670962" />Ele foi director do Diário de Notícias quando eu era, ainda, uma pequena larva do jornalismo, a trabalhar no mesmo jornal, no DNA (suplemento do DN, dirigido pelo Pedro Rolo Duarte). Ainda assim, e apesar da minha condição larvar, o Mário encontrava-me no elevador, no corredor, na escada, e cumprimentava-me sempre com um grande sorriso, como se eu fosse uma jornalista experiente, como se eu não fosse a larvita assustada que ainda era (e ainda sou, apenas um pouco mais velha).
Era assim, o Mário. Um homem generoso, diplomata, conhecedor profundo da natureza humana. Ele sabia que a melhor forma de trazer ao de cima o melhor das pessoas era, justamente, tratá-las como pessoas. Era um director à séria, que não estava fechado no gabinete, que circulava pela redacção, que conhecia os seus jornalistas, que sabia o nome de toda a gente, da larva mais insignificante ao mais anafado dos séniores. Ele foi o grande defensor do DNA, e isso eu não esqueço, a gente não esquece.
Ontem, no velório, encontrei imensas pessoas que não via há anos. Há dez anos ou mais. E, de repente, eu e a João, regressámos a 1996, 1997, e tornámo-nos larvas, outra vez. Foi uma viagem no tempo. Uma viagem triste no tempo, outra vez naquela igreja, onde nos fomos despedir do Armando.
Vou ter saudades de escutar os sábios comentários políticos do Mário, com os quais concordava quase sempre, e que me faziam luz sobre assuntos que não dominava. Vou ter saudades do que ele representava, e que parece ter-se sumido nos dias que correm.
Estou farta de morte. Farta de morte até aos cabelos.
Até sempre, Mário.