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Cocó na fralda

Cocó na Fralda

Peripécias, pilhérias e parvoíces de meia dúzia de alminhas (e um cão).

Malefícios da Internet (ou serão benefícios?)

A Internet pode ser a nossa melhor amiga. Quase todos os dias agradeço a sua existência e já tenho dificuldade em lembrar-me como era ser jornalista antes de haver net. Mas também pode ser lixada. A saber:
De há uns tempos a esta parte, ando com comichões horríveis à noite. No corpo todo. Não durmo, coço-me. Depois, durante o dia, arrasto-me. Porque não dormi. Porque passei horas a coçar-me como se tivesse a cama infestada de pulgas.
Hoje decidi, então, pesquisar no Google (esse grande amigo): "Comichão na gravidez". E eis que me aparecem histórias de pessoas internadas, partos prematuros, bebés em risco. Porque as mães também começaram a coçar-se e, afinal, o que tinham não era nervoso miudinho nem pulgas. Era uma coisa chamada Colestase. Ao que parece, em alguns casos o bebé pressiona de tal modo o fígado que ele deixa de conseguir filtrar as porcarias como deve de ser. E vêm daí as comichões. E pode ser um perigo para o bebé. E, claro, já tenho a cabeça cheia de macaquinhos (a coçarem-se) e não sei se não vou ligar ao médico já amanhã.
A Internet é isto, também. Uma pessoa pesquisa e pronto: faz um diagnóstico. Sei de algumas pessoas que, depois de lerem o que eu li, chegariam ao hospital a dizer: «Senhor doutor, eu tenho colestase, se não se importa medique-me para eu poder ir à minha vidinha». Eu não vou tão longe. Mas que fiquei um bocado à rasca... isso fiquei. A ver vamos se a net me ajudou a descobrir que me coço porque o fígado está marado, ou se me assustou em vão porque, afinal, eu estou só... neurótica.


Ah, claro! Escusado será dizer que esta noite vou coçar-me muuuuuuuiiiiito mais que o costume. Porque é que eu não fiz a pesquisazinha só de manhã? Hum?

ZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZ

Eu tenho tanto sono, mas tanto sono, mas tanto sono... que nem sei bem como é que vim parar à minha secretária, no meu trabalho. Estou convencida que vim a dormir. Acho que vou deitar a cabeça na mesa, fechar os olhos e esperar que me acordem. Ou que me despeçam. Ou que me façam alguma coisa, porque eu, sinceramente, estou demasiado desligada para conseguir fazer seja o que for.

O caos que enfurece a Emília

Tenho uma senhora que me ajuda, há quatro anos. Vem cá à casa às segundas, terças e quintas, 4 horas em cada um desses dias. Sem ela já teria dado em maluca. Ela dá em maluca e esta é a sua profissão. A dona Emília trabalha que nem uma desvairada mas nunca fica satisfeita porque o caos em que a casa muitas vezes está impede-a de combater a roupa para passar a ferro e dedicar-se aos pormenores. Ela gostava de cuidar dos detalhes, dos frisos e dos rodapés, das minudências porquitas que se vão acumulando, mas não consegue porque é absorvida por triciclos no meio da casa, loiças, papéis, camas com chichi e outros desarranjos maiores. De modo que, muitas vezes, a dona Emília está de trombas. A gente percebe logo pelo modo como ela bufa e atira com as portas, que o dia não lhe está a correr como previsto. E, para tentar evitar isso, já demos por nós muitas vezes a arrumar a casa na véspera de ela vir, para ver se não a indispomos tanto. Os nossos amigos riem-se. "A dona Emília vem amanhã, não?" E dizem que temos medo dela. O que não é completamente falso.
Ontem foi um desses dias, em que a dona Emília deve ter tido vontade de nos mandar a um sítio feio, inóspito e longínquo, batendo com a porta para mais não voltar. É que à quinta-feira, a dona Emília gosta de se concentrar na roupa. Mas a casa gritava por ela com tanta força que o ferro de engomar não chegou praticamente a aquecer. E quando lhe trocamos as voltas, a senhora trata-nos mal. Responde à bruta. Faz mais barulho com a loiça. Dá vontade de lhe prometer que nunca mais deixamos a casa desarrumada em dias que ela venha.

Piri-Piri

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Fui à Piri-Piri, em Campo de Ourique. E tive vontade de comprar tudo! Tudinho. As roupas são o máximo, coloridas, irreverentes, com muita piada. Os miúdos vestidos com aquelas roupas parecem... miúdos. E não mini-adultos, mini-tecnocratas de sucesso, mini-homenzinhos.
Bom, mas agora tenho um problema.
É que comprei a camisola que se vê na foto ao Martim. A camisola tem um sapo e as pernas do sapo são em relevo e ficam penduradas. E ele gostou tanto, mas tanto, mas tanto... que não a quer despir. Quer levá-la para a escola todos os dias, quer dormir com ela, e até já pediu à minha mãe que lavasse os pezinhos aos sapo, porque estavam a ficar encardidos. Conclusão: acho que vou ter de lá voltar, para comprar a camisola do macaco ou a do cão ou a do elefante... talvez assim o convença a vestir outra, enquanto lavo a do sapo.
Se não conhecem a Piri-Piri... é começar já a dar corda aos sapatos. Vale mesmo a pena. E as coisas para os bebés? E para as meninas? A Madalena vai ficar um apetite com os vestidinhos. ;)
Rua Almeida e Sousa 39A (perto do Jardim da Parada), Campo de Ourique. Pode espreitar aqui.

24 Horas

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Depois de ter publicado esta história aqui no blogue, o jornal 24 Horas, onde há gente atenta, contactou-me. Tornei a contar a história e aqui está ela.
Eu não sei se o meu médico vai querer que o pai assista à cesariana. Ainda não falei com ele, será um dos temas a abordar na próxima consulta. Mas mesmo que ele não queira, sinto que terei ajudado outros pais a não ficarem de fora. Sobretudo quando há pais a quem a porta é aberta, por terem jogado hockey, por terem um nome sonante, por aparecerem nas revistas. Se o Ricardo puder estar ao meu lado, excelente. Mas continuarei muito feliz se souber que contribuí para que outros Ricardos possam participar num momento tão importante das suas vidas (assim o desejem, evidentemente).
Resta saber se as coisas vão mesmo mudar ou não. Mas em breve saberemos.

Ainda a Cuf

Recebi um telefonema da agência de comunicação do Hospital Cuf Descobertas. A explicação para que uns sejam filhos e outros sejam enteados parece residir no facto de alguns médicos quebrarem as regras impostas pelo hospital, caso que "está a deixar o hospital com um grande incómodo", porque, de facto, cria situações de desigualdade intoleráveis. Sendo assim, o que me foi dito ao telefone foi que, a partir de agora, o hospital ia envidar todos os esforços no sentido de permitir que todos os pais que assim o desejassem pudessem assistir às cesarianas. A conversa, no entanto, prosseguiu por email. Precisava de mais detalhes, para perceber se isto não passava de uma intenção vaga ou se as coisas iriam realmente mudar. A essa questão não sei responder. Sei que no último mail que recebi se lia:
"O Hospital está a desenvolver esforços no sentido de criar condições que permitam a todos os pais (que o queiram, naturalmente) assistir aos partos dos filhos, desde que não existam indicações médicas em contrário e caso o parto não decorra no bloco operatório."

Se tiverem relatos contrários a isto... façam o favor de me mandar emails a contar (sonia.morais.santos@gmail.com). Isto já não é só por mim. Isto é por todos aqueles que não suportam discriminações. E pelos que querem estar AO LADO (E NÃO COM A CABEÇA DENTRO DA BARRIGA ABERTA) das mulheres, naquele que será o dia mais feliz das suas vidas.


Ah. Antes de ir, só mais dois apontamentos, que decorrem de alguns comentários que me deixaram no post anterior:

1- Eu não vou fazer cesariana porque ache muito giro ter uma cicatriz nova. Nem porque não queira aguentar as dores de um parto natural. Infelizmente, a Madalena irá nascer, em princípio, de cesariana, porque já fiz outras duas cesarianas e porque, segundo o que me dizem os médicos, o risco de ruptura do útero talvez não compense as alegrias de um parto natural. As outras duas cesarianas que fiz também não foram por um qualquer prazer perverso que eu tivesse em ter as entranhas ao léu. A primeira aconteceu depois de ter estado em trabalho de parto, a soprar como devia, e a dilatar como devia, mas sem que o meu filho enorme se dignasse a descer para a porta de saída. A segunda cesariana foi feita porque o meu anterior obstetra me disse que depois de uma cesariana tinha obrigatoriamente que ser outra cesariana. E eu, apesar de jornalista, apesar de me considerar uma pessoa informada, falhei. Não ouvi outras opiniões. E acreditei na palavra do médico. É das poucas coisas da minha vida em que, se pudesse, adoraria poder fazer o tempo voltar atrás.

2- Não tenho nada contra quem tem crianças em hospitais públicos. Eu própria, se me rebentassem as águas e a criança me começasse a escorregar pelas pernas abaixo, iria seguramente ter com o Dr. Fernando Cirurgião ao São Francisco Xavier, cujas instalações, médicos e enfermeiros são excelentes. Mas em tendo de ser cesariana, e tendo um bonito seguro de saúde, desculpem lá mas prefiro escolher o conforto. Manias.

3- Algumas pessoas escreveram a dizer que acham bem que os hospitais não deixem os pais assistir às cesarianas. É a sua opinião, que respeito. Mas o meu post não era sobre isso. Serei a primeira a respeitar um hospital (ou outra instituição) que crie uma regra, desde que ela faça sentido, que esteja devidamente justificada e, mais importante ainda, que seja para TODOS. O meu post não era uma birra contra o facto de o hospital não aceitar que os pais assistam às cesarianas. O meu post era - é - uma indignação contra as regras que só servem a alguns. Estando outros (supostamente só porque são Vips) livres de a cumprir.

4- Houve uma pessoa que disse que achava bem que os pais não pudessem assistir às cesarianas porque eram uma cirurgia e porque, de hoje para amanhã, estava o maralhal todo a assistir a cirurgias ao coração e aos rins e ao fígado. Eeeeerrr... Ora bem. Entre uma coisa e outra, parece-me a mim, há grandes diferenças. Uma cesariana, apesar de ser uma cirurgia, não se realiza porque há uma doença. Realiza-se para o nascimento de um filho. Que é, deve ser, uma alegria. E uma alegria que não é, não deve ser, só da mãe. Em princípio é uma alegria de duas pessoas. Uma mãe e um pai. Duas mães. Ou então uma mãe e uma avó, no caso de não haver companheiro(a) que partilhe a parentalidade. Sinceramente, acredito que começa aí, nessa discriminação do pai, um processo que vem de longe. De deixar os pais noutro campeonato, no que toca à parentalidade. E o nascimento de um filho é, quanto a mim, um momento de partilha. Em que dois se tornam três. E, sendo cesariana ou não, sou da opinião que devem estar os três juntos nesse momento único. Que não se repete. E que muda tudo.

Ser VIP ou não ser, eis a questão

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O Martim, meu filho mais novo, nasceu na Cuf Descobertas. Só tenho a dizer bem. É um verdadeiro hotel 5 estrelas. Quando mudei de médico, agora da gravidez da Madalena, estava toda triste porque achava que ele não fazia partos na Cuf Descobertas. E fiquei felicíssima quando soube que, afinal, ele fazia.
Escrevi então ao hospital. Perguntei se não teriam mudado a política de não deixar os pais assistir a cesarianas. Já tenho uma certa tristeza por ser cesariana, gostava ao menos de ter o meu homem ao meu lado num dos dias mais importantes da nossa vida.
Recebi então um email a dizer que sim, era a política da casa, "não podemos abrir excepções".
Só que, na mesma semana em que recebi esse bonito email, comprei uma revista cor-de-rosa que, na capa, trazia a notícia do nascimento de Karen (ex-Jardel) e Filipe Gaidão. O bebé nasceu de cesariana, na Cuf Descobertas e... surpresa das surpresas, o pai assistiu.
Fiquei possessa. Sei que há outros VIPs para quem foi possível "abrir excepções". Enviei um email para o gabinete do cliente. Mas nem se dignaram responder.
Estou chocada. Palavra de honra que estou.
O que é preciso para ter o pai ao lado, em caso de cesariana, na Cuf Descobertas? Aparecer na Caras? Ser colunável? E para isso é preciso o quê? Ter casado primeiro com um jogador de futebol e agora ser mulher de um ex-hoquista?

Por isso, deixo o desafio: se tiveram bebés de cesariana na Cuf Descobertas e o pai teve de ficar cá fora, comentem. Zanguem-se. Sintam-se discriminados. Como eu. Passem a palavra, a ver se encontram mais gente a sentir-se assim. Talvez possamos todos pedir o livro de reclamações ao mesmo tempo. Porque se não há excepções para uns, não pode haver para outros. Ou não é?