Hoje li um texto que eu adorava ter escrito. Manel, tens muita sorte por ter tão pouco tempo de vida e já contar com tamanha declaração de amor. Se o resto da vida te correr assim tão bem... és um rapaz afortunado. Bem-vindo Manel. Bem-vinda ao mundo dos babados, Rita.
Os meus pés conhecem de cor aquelas escadas. Aqueles corredores. Os sítios das coisas. A máquina do café. A secretaria de redacção. O centro de documentação. As salas disto e daquilo. O meu corpo conhece de cor cada espaço, cada recanto, a maior parte das pessoas, mesmo aquelas de que não sei o nome. Foram 10 anos, e 10 anos, como diz o outro, é muito tempo. Foi muito tempo. Hoje, ao percorrer os corredores que não percorria há uns 400 dias, senti uma coisa que não soube explicar. Mas que foi triste. Nunca tive saudades do DN. Estava cansada daquilo. Mas passei ali muito tempo, vivi ali muita coisa. Conheci ali o meu homem. Estive grávida duas vezes. Fiz alguns amigos, poucos, para dizer a verdade. Escrevi muitas coisas, aprendi muitas mais, cresci tanto, tanto. Ajudei a parir e a criar o DNA. E chorei muito com a sua morte. Mas sobrevivi e passei mais um ano no jornal, a adaptar-me, a reinventar-me, a ser uma mulherzinha, longe da asa do PRD, meu pai-profissional. Estes dias foram terríveis. O meu corpo está amolgado por este regresso aos corredores que já foram a minha casa. Doem-me os músculos, de tanta tensão, tenho suspiros e ais dentro do peito. Agradeço muito-muito ao João Marcelino, que nos recebeu sem pestanejar. Ao Afonso Camões, que até ajudou a acartar computadores. Mas estou contente por amanhã já estarmos de regresso ao nosso cantinho. Este embate com o passado não me fez nada bem.