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Cocó na fralda

Cocó na Fralda

Peripécias, pilhérias e parvoíces de meia dúzia de alminhas (e um cão).

Ai a loiça!


Hoje tive de me controlar para não matar uma mulher.
Senti uma pulsão violenta crescer dentro de mim.
As minhas mãos tinham sede daquele pescoço.
Fulminei-a com o olhar uma série de vezes, a ver se ela me farejava os instintos e parava.
Mas ela prosseguia, indiferente ao meu ódio. Acho que prosseguia ainda com mais vigor.
Eu tinha sono. O meu sistema operativo estava ainda em modo sleep. E ela continuava, feroz, agredindo-me.


Arriscam muito os empregados de cafés que se põem a atirar com a loiça para dentro do cesto da máquina, pousado mesmo à nossa frente, quando estamos sentados ao balcão.

Chiça!!! Foi só uma queca, ó Glenn! Deixa o homem!


Ontem vi, pela enésima vez, o filme Atracção Fatal. E, pela enésima vez, senti uma pena desmedida do Michael Douglas, coitadito. O homem só deu uma ou duas trancadas na Glenn Close, não lhe escondeu que era casado e feliz, e a maluca da gaja inferniza-lhe a vida daquela maneira? Ele é telefonemas para casa, ele é aparecer em casa dele fingindo-se potencial compradora e conversando animadamente com a mulher, ele é queimar-lhe o carro, ele é matar a coelhinha da família (que tanto me perturbou, que eu também tenho uma coelhinha, pobre Margarida!), ele é raptar a filha por umas horas... Chiça! Que queca mais lixada, pá!

A sério: não há filme que deva perturbar mais um potencial infiel que este. Sobretudo um homem infiel. Porque, goste-se ou não desta teoria, a verdade é que é muito mais fácil encontrar uma maluca desvairada destas, a querer agarrar um gajo à viva força, do que encontrar um tipo que se ponha histérico para agarrar a amante de uma noite. Se eu fosse gajo-do-tipo-galinha-mas-bem-casado-e-feliz acho mesmo que este filme me curava para todo o sempre. Ah, e eu no lugar da Anne Archer também lhe perdoava.

Notícias da manhã

Acordar cedo sem ter os miúdos em casa permite-me ver e ouvir as notícias na Sic Notícias com mais atenção. Vale a pena. As notícias no nosso país conseguem ser um notável programa trágico-cómico. Em 20 minutos consegui saber que:

1 - O Hospital Distrital de Pombal suspendeu todas as cirurgias que estavam marcadas porque... (ahahahah! é tão bom, pá)... a única anestesista do hospital... morreu!

2 - O pai de Rui Costa vai ser operado à próstata (é a manchete do 24 horas)

3 - Um preso escapou do carro da polícia, quando ia a caminho da prisão de Faro (o que me faz imaginar como ia bem vigiado), mas já foi capturado (vá lá!)

4 - Mais um desvairado limpou o sebo à namorada, numa esplanada na Maia, com dois tiros de caçadeira à queima-roupa. Parece que a maluca queria ir viver para a Suiça, vejam só. O gajedo de hoje não tem respeito nenhum pelos machos. Para a Suiça? Nem à pastelaria Suiça, quanto mais! Tomá lá dois chumbos no pêlo a ver se vais a algum lado. (nem o facto da filha menor da mulher estar sentada na cadeira ao lado impediu este animal de a matar ali, à frente da criança)

5 - A China vai proibir o livre acesso à internet aos jornalistas presentes nos Jogos Olímpicos de Pequim. Nada de espreitar o site da Amnistia Internacional, por exemplo. Eles lá sabem porquê. A mim parece-me impossível que isto aconteça ainda hoje e apetece-me celebrar o facto de poder aceder aos sites que quiser, as vezes que bem entender

E pronto. Acho que vou voltar para a cama. O mundo é um sítio esquisito.

WALL.E

EU AMEI O WALL.E.
EU QUERO UM WALL.E CÁ EM CASA.
ADORO-O.

O filme estreia a meio de Agosto. Fui vê-lo na projecção para a imprensa, mas em Agosto lá estarei outra vez.

So long, Maddie


Minha querida Maddie,

Por tua causa, estive quase-quase a meter-me no carro e a ir desbravar terreno à tua procura.
Por tua causa, fui para o Algarve uns meses depois cheia de medo que me levassem os putos por uma janela.
Por tua causa, chorei a ver noticiários e não dormi e comentei com taxistas, floristas, empregados de mesa, cabeleireiras, porteiras e gente em geral, conhecida e desconhecida, o que raio te teria acontecido.
Por tua causa, li e reli notícias e teses, umas que davam os teus pais como culpados até aos dentes, outras que indicavam um homem com um aspecto tenebroso.
E agora, um ano e tal depois, arquivaram-te. Não querem mais saber.
Não vão mais desbravar terreno à tua procura.
As pessoas vão deixar de ter medo que lhes levem os putos por uma janela.
E ninguém mais vai chorar nem perder o sono e muito menos comentar com taxistas, floristas, empregados de mesa, cabeleireiras, porteiras e gente em geral, conhecida e desconhecida, sobre o teu paradeiro.
Tal como não vai haver quem leia ou escreva teses e notícias, sobre a culpa dos teus pais ou do tal homem com mau aspecto.
Acabou-se, "pequena Maddie".
Não sei o que te aconteceu. Sei que já acabou. Passaste à História. Como o Rui Pedro, a Cláudia Sousa, o Alexandre Gabriel, a Sofia Oliveira. Nós, os abutres, esperamos uma nova tragédia sobre a qual comentar, chorar, lastimar e temer.

Serviço público

A gente passa a vida a dizer mal do sistema, que não funciona, que é terceiro mundista, que se espera anos por uma cirurgia e tal. Tudo verdades. Mas quando as coisas correm bem também é preciso prestar-lhes homenagem. Aqui vai a minha.

A minha médica de família, Drª Ascensão Albuquerque, é um anjo. Muito disponível e preocupada, ouve as pessoas horas a fio (o que faz com que esperar pela sua consulta seja de dar um tiro nos cornos, mas pronto), e não descansa enquanto não manda fazer todos os exames e mais alguns, para descartar hipóteses terríveis.
Os meus inchaços perturbam-na. E já me deu análises e análises para fazer e ecografias e o diabo a sete. Até ver, tudo cá dentro parece funcionar bem, os órgãozitos lá cumprem o seu papel. Por isso, avisou-me na consulta de quinta-feira passada que iria enviar o meu processo para o Curry Cabral, para eles pesquisarem coisas mais complexas que ela, ali, não podia pedir.

E eis que, na sexta-feira, ou seja, NO DIA SEGUINTE, recebi um telefonema do Curry Cabral, a perguntar se queria aproveitar uma desistência e ir a uma consulta de Medicina Interna na segunda-feira, ou seja, hoje. Disse logo que sim, com certeza, se fizer o favor, muito obrigada pela atenção, bem haja, Deus o proteja, saúdinha, cumprimentos à família, e etc.

Hoje, à hora marcada, lá estava eu. Esperei meia hora para me inscrever, mais 15 minutos para ser chamada. Subi uns degraus e entrei. A médica estendeu-me a mão e eu, esperando um trato espartano (para não dizer severo) confesso que fiquei uns segundos a olhar para a mão dela, sem perceber o que pretendia. Quando entendi, devo ter soltado um esgar e lá a cumprimentei, para depois me sentar e contei a triste história de dedos que aumentam de tamanho, uma barriga distendida, pés imensos, tudo de um momento para o outro, sem aviso prévio.

A médica perguntou tudo e mais umas coisas. E disse:
- Só tenho vaga para fazer análises para meados de Agosto. Mas vou pôr aqui que é muito urgente e vem amanhã. As funcionárias vão olhá-la com má cara. Não ligue. Se houver algum problema e disserem que não pode, vá ter comigo à urgência, que eu vou lá.
A esta altura eu já tinha o queixo caído. Mas ela continuou:
- Além das análises, quero que venha ter comigo da próxima vez que tenha um inchaço para tentarmos fazer uma biópsia.
E lá me deu todo o seu horário, às segundas está num serviço, às terças nas urgências, às quartas só está de manhã, às quintas vai para as consultas externas até às 14...
E eu saí dali com a sensação de que nem um hospital privado teria tão bom atendimento. Obrigada, Drª Ana Grilo, por me ter feito acreditar outra vez nos serviços de saúde públicos. Amanhã lá estarei, de bracinho estendido, a ver o meu sangue seguir para novas buscas.

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