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Cocó na fralda

Cocó na Fralda

Peripécias, pilhérias e parvoíces de meia dúzia de alminhas (e um cão).

TPM

Estou com a pior TPM de que há memória na minha história e na história do mundo feminino em geral. Não sei quanto tempo vai durar mas espero que não muito. Estou com cara feia, sobrancelhas arqueadas, lábios cerrados e voz grossa. Tudo o que me dizem e tudo o que não me dizem faz acender o pior de mim. Hoje consegui discutir com toda a família várias vezes.
Pela primeira vez na vida espero que a M chegue depressa para dar cabo da TP. É que eu própria já não me consigo aturar.

Sobre um amor

Ontem vi a Maria Barroso despedir-se do Mário Soares. Ele entrou no carro, com o motorista, e ela ficou cá fora, de pé. Eu fiquei a vê-la, os lábios a recomendarem cuidado e poucas pressas no caminho. No final, ela atirou-lhe um beijo com a mão e fechou os olhos, porque os beijos dos apaixonados parece que sabem melhor com os olhos fechados. Depois do beijo, exclamou um "meu amor" tão intenso que eu ia jurar que eles tinham 20 anos.
Não têm. Mário Soares tem 84 anos. Maria Barroso 83. Estão casados há 61 anos. Não sei nem me interessa se ele teve outras mulheres (sempre ouvi dizer que era um bom malandro) ou se ela também terá tido os seus devaneios. O que me importa é que passada uma vida inteira, ela ainda lhe atira um beijo de olhos fechados e diz "Meu amor" com a força que só os enamorados têm. Gostava muito de chegar aos oitenta assim.

Inchar, inchar

Não sou gaja de acreditar em pragas (apesar de cruzar os dedos sempre que não dou esmola a alguém) mas começo a pensar se não terá havido aí gente a desejar-me o pior, tipo aquelas possessas que por aí passam a dizer que o meu blog as enjoa e que as peripécias das minhas criancinhas lhes dão vómitos e mais não sei quê. A verdade é que estou em casa outra vez, com pés de elefante, que não entram nem à força dentro dos sapatos mais largueirões que tenho. Os meus inchaços continuam, portanto.
Parte dos resultados das análises já chegou. Tudo bem, tudo perfeito, quando os valores normais se situam entre os 50 e os 100 eu tenho 75, tudo no meio, que no meio é que está a virtude. Tenho mais análises para fazer e amanhã 3 ecografias. Talvez se descubra que é... nada. Felizmente que desta vez "o nada" é visível para todos os que olham para mim. Senão começava a achar que estava doida.

Amigos/ Conhecidos

Nunca tive grandes ilusões sobre quem são os meus amigos e quem são os meus conhecidos. Mas há maneiras muito simples de fazer essa avaliação. Por exemplo, quando se falta ao trabalho e se vai para as urgências do hospital e há quem não seja capaz de um telefonema ou de uma mensagem escrita sequer, não tem nada que saber: esses são os conhecidos. Os meus amigos telefonaram, perguntaram via sms, preocuparam-se, em suma. Sou exagerada? Sou demasiado escorpião? Demasiado gaja? Recalcada? Não creio. Sou é lúcida. Claro que houve os que não souberam de nada. E esses serão amigos na mesma, porque não são bruxos. Quem tiver dúvidas deste nível na sua vida, basta estar atento. Uma alegria também serve, que há aqueles "amigos" que são incapazes de estar connosco num momento feliz, mas até gostam de emprestar o ombro nos momentos em que estamos de gatas.
Aos meus amigos, obrigado.

Patroa


E eis que, ao fim de um mês e meio, tivemos exame do curso de Patrão Local. Despachei a miudagem para a avó, estudei a noite toda, tive uma crise existencial lá por volta das duas da manhã, "Não vou, pá, esquece, não vou! Não sei nada, não sei nada, vai ser uma vergonha, recuso-me, vais só tu e pronto", mas depois não tive coragem de desistir, muito por culpa da cara de decepção do Ricardo, "Nem acredito, vais morrer na praia? Depois de tanto esforço desistes? Nem parece teu, palavra de honra".
Às nove da matina estávamos no Centro Náutico, eu a hiperventilar, as pernas a tremer, "Ai que medo, e se chumbo? E se sou a primeira desta escola a chumbar?, ai!"
O exame pareceu-me fácil, a carta de navegação um bocado fácil demais, "Não devo estar a ver esta merda como deve de ser, há aqui gato, oh lá se há, isto não pode ser só isto", duas horas e meia a pensar como já há muito não pensava, azimutes da agulha transformados em azimutes verdadeiros, proas verdadeiras traçadas na carta, abatimentos e rumos, alfa, bravo, charlie, delta, echo, foxtrot, golf, hotel, "Silence Mêdê", pulsações por minuto, o que fazer no caso de uma hermorragia interna visível, derrotas ortodrómicas e loxodrómicas, e no fim um alívio enorme e uma tosta mista no Azul Profundo, o corpo leve como se me tivessem tirado o pipo, a conversa com os coleguinhas, "Então? Safas-te?".
Quando o examinador nos chamou, sorriu com ar afável e afirmou com graça, "Para já não há náufragos, vamos para o exame prático", e aí é que sim, que descanso do caraças. Tive 16,5 valores! O Ricardo 18,1! E depois de um passeio sossegado no Tejo, a bordo do Melody, recebemos a carta de Patrão Local.
Já somos patrões, pá!!
Amanhã, se o meu corpo não decidir inchar (hoje comportou-se muito bem), é a vez do Lisboa Bike Tour. Vamos atravessar a Ponte Vasco da Gama de bicla, armados em ciclistas a sério. Fim-de-semana agitadinho este, hein?

Medo

É oficial. Estou em pânico.
Primeiro foi a minha barriga, a inchar e a avermelhar, transformando-se numa coisa monstruosa, incapaz de caber em quaisquer calças disponíveis no meu armário. Culpou-se um rissol de camarão que, coitado, não tinha culpa nenhuma. Depois da barriga e dos dois pés imensos, foram as pernas. Uma noite sentada numa cadeira de um tecido tipo carpete e foi o suficiente para ficar com bolhas entre o encarnado e o branco nas duas coxas.
A seguir foram os dedos dos pés. Um fim-de-semana no Algarve, umas havaianas nos pés e foi o que bastou para os meus dedos, aqueles dois que seguram o fio de borracha, ficarem três vezes maiores. As dores, sempre que incho, são consideráveis.
Depois dos dedos dos pés, foi a anca esquerda. Uma cueca um nadinha mais apertada de lado e... eis-me a aumentar. Fiquei com uma bolha tumefacta. E a comichão? Indescritível. Esta semana, já depois de ter ido à médica de família (que ficou com uma cara aterrada perante as minhas fotografias e relatos), inchou-me a cabeça de um dedo da mão. Só a pontinha. Anteontem foi o calcanhar do pé esquerdo. Encarnado, dorido, enorme.
Ontem foi a planta do pé direito. Hoje não consigo pousar o pé no chão. Calçar uns sapatos é mentira. Nem as barcas maiores que tenho recebem a minha pata de elefante. Não posso ir para o trabalho. Estou cheia de medo e conto os dias para ver o resultado das análises. O que é que eu tenho? Irei quinar? O que inchará a seguir? Não podem mandar-me o Dr. House cá a casa, se faz favor?
Agora vou dormir. Quem gosta de drogas podia bem ficar-se por um anti-histamínico. A pedrada que isto dá, canário!

Chichi para onde?


Hoje, nas análises, a senhora estendeu-me um frasquinho e indicou-me a casa-de-banho. Olhei para o tubo finíssimo e pensei: "Será que os pipis das outras meninas atinam com este buraquinho tão pequeno e não entornam nada? Será? Será o meu um indisciplinado, um vesgo?" Não tive coragem de perguntar.

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