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Cocó na fralda

Cocó na Fralda

Peripécias, pilhérias e parvoíces de meia dúzia de alminhas (e um cão).

Mortos, feridos e outras calamidades que podem acontecer a quem se mete num barco


Ontem o comandante Martins da Cruz decidiu aterrorizar-nos com algumas das coisas que podem acontecer quando se levanta ferro e se sai com uma embarcação para o mar. Uma espécie de apresentação do "lado lunar" do lindo e glamoroso mundo dos barcos. Sinceramente, preferia que não o tivesse feito. Agora, sim, estou absolutamente segura de que jamais me meterei em semelhante aventura.
1 - Nevoeiro - "Imaginem que vêm do Algarve para Lisboa. Saem à meia-noite, para não apanharem uma nortada, o tempo está bom. Mas, ao chegarem ao Cabo de S. Vicente... eis que são apanhados num nevoeiro denso. Nem conseguem ver a proa. Se não tiverem um radar, vão estar numa das situações mais angustiantes que podem existir".
(Obrigadinho. Imaginar-me ao leme de uma casca de noz, sempre à espera do momento em que vem de lá o Queen Mary fazer-me em picado era mesmo o que eu estava a precisar na minha vida).
2 - "É muito fácil cometer um crime por negligência a bordo de uma embarcação". Esta frase já teria bastado para me acagaçar. Mas o detalhe foi ainda mais longe: "Se baterem no fundo porque não estudaram as cartas ou porque estavam desatentos e se, com o embate, alguém cair e morrer... a culpa é vossa. Já aconteceu uma criança cair, bater com a cabeça e morrer numa situação dessas." Sim senhor. Era mesmo isto que eu queria imaginar: um dos meus filhos morto porque eu dei com o barco num banco de areia. Porreiro, pá.
3 - Nunca largar uma embarcação fundeada.
Ora aqui está uma das imagens mais idílicas de ter um barco feita em pedaços. A gente quando sonha ter um barco sonha com o quê? Chegar a um sítio bonito, perto de uma praia deserta, largar ferro (ou, para leigos, mandar a âncora) e saltar para as águas verdes, nadando até às areias quentes, ó meu deus, que bom. Pois bem: NUNCA se deve fazer. Porquê? Simples: porque quase nunca o ferro fica fundeado. Quase nunca enterra na areia. E se a nossa linda embarcação ficar solta e embater noutra provocando estragos ou "se a afundar, matando quem lá estiver dentro a dormir" (meiguinho, isto), a responsabilidade é... nossa.
No final da aula de ontem só conseguia pensar: O que é que eu estou aqui a fazer??
Hoje estou mais calma. Mas continuo a ter muitas dúvidas de que ter a carta vá servir para mais do que para isso: ter a carta, ao lado dos outros vários cartões que travam amizade dentro da minha carteira.

Mais palavras novas


Través. Orsar. Arribar. Palhetada. Patilhão. Finger. Odómetro. Lançante de proa. Lançante de popa. Cabeço. Cunho. Rejeira de proa. Rejeira de popa. Spring. Fundear. Encapelar. À garra. Amarra. Quartelada. Escovém.
Às terças e quintas, das 21.00 às 23.30, palavras e expressões novas entram como vagas no meu cérebro. A avaliar pelas primeiras aulas, vou passar o próximo mês e meio a sonhar com barcos e naufrágios, duas noites por semana.