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Cocó na fralda

Cocó na Fralda

Peripécias, pilhérias e parvoíces de meia dúzia de alminhas (e um cão).

Hoje fomos 3 velhotas a tricotar num Centro de Saúde


Hoje o almoço caiu-me mal. Comi o de sempre desde há quase 3 semanas a esta parte: uma sopa e uma salada. Mas não foi por isso que fiquei assim, indisposta, até porque o estômago começa a acostumar-se, devagarinho, a esta frugalidade imposta. A razão da minha indigestão foi a conversa. Tudo começou com a Pipoca a contar a saga da sua misteriosa dor na perna. Daí para histórias de dores inexplicáveis que deram em quinanço súbito foi um instante. Depois, veio a história de F., que morreu ontem vítima de muitas doenças prolongadas (ou sempre a mesma, em diferentes frentes ao longos de vários anos), e que deixou um filho de 11 anos e outra de 24. A seguir, Perante o Riso Geral acrescentou mais uma ou outra desgraça. Eu lembrei outras. E, de repente, a sala onde comemos das nossas marmitas tinha-se transformado numa sala de espera de Centro de Saúde. E nós tínhamos 70 anos, vestíamos roupa preto-luto, e estávamos com as mãos postas no colo e uma expressão dolorida.
Fui para o meu lugar mas já não estava grande coisa. Para ajudar, a minha mãe ligou em choque. Uma amiga que trabalhava numa loja perto da nossa casa morreu, assim de repente, sem avisar. Tinha 41 anos e o coração desistiu de bater. Na semana passada, ao tomar café com a minha mãe, a senhora estava feliz com a sua resolução: "Vou mesmo deixar de fumar. Desta é que é." E foi mesmo. Largou o fumo e, de caminho, largou o resto.
Hoje o dia foi isto. Pensar em doenças traiçoeiras e paragens cardíacas. E depois admiro-me de estar com a neura, de me sentir nublada por dentro, e a procurar um sentido para tudo isto.
Amanhã falamos de nascimentos, casamentos, festas e alegrias, sim meninas? Sim?
Obrigada.

Não morri

Não morri. Não ganhei o Euromilhões e, por isso, não ando ocupada a estoirar dinheiro e a fazer muita gente feliz. Desapareci por uma semana porque durante uma semana não tive nada para escrever. Foi esquisito mas, de nada encontrar para escrever e de nada ter escrito, é quase como se não tivesse vivido. O que fiz na semana que passou? O que foi de mim, nestes dias que passaram sem escrever? Penso nisso e assusto-me: até que ponto poderei estar viciada nesta coisa de blogar? Consegui não postar nada durante uma semana, sim, é verdade. Mas também é certo que me soube a pouco a existência sem o lado da escrita desta espécie de diário público. Hoje continuo sem grandes coisas para escrever. Mas cá estou, a retomar o exercício de transformar os meus dias em palavras. A ver se, assim, isto a que chamamos vida me faz mais sentido.