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Cocó na fralda

Cocó na Fralda

Peripécias, pilhérias e parvoíces de meia dúzia de alminhas (e um cão).

Nos os dois. Sem eles os dois.

Estou um bocado grogue. Jantamos sumptuosamente no Fouddan, um restaurante maravilhoso sobre a agua (como praticamente todos, de resto). Bom, grogue costuma ser como penso melhor (pode parecer conversa de alcoolico, mas a verdade e que realmente penso bem, grogue). E no meio da minha semi-embriagues, pensava nisto que, parecendo que nao, e uma coisa essencial. Uma semana por ano, as vezes duas semanas por ano, todos os anos, nos os dois voltamos a ser um casal sem filhos. Nao e que o nosso amor por eles nao esteja la. Claro que esta. Se me ligassem agora a dizer que lhes tinha acontecido alguma coisa, o meu mundo desabava como um bocado da areia branca destas praias. Mas sabendo-os bem, com a maravilhosa da minha irma e o querido tio Bin, sabendo-os bem, nos os dois esquecemo-nos realmente que eles existem. De vez em quando dizemos uma piada que um deles diria, perante determinada circunstancia. Fazemos uma tolice que um deles faria. E rimo-nos e fazemos aquela carinha que mais ninguem compreende. Mas so nesses momentos. De resto, durante essa semana por ano, as vezes duas semanas por ano, nos voltamos a ser so os dois. Dois namorados. Que riem, bebem, dizem parvoices, sao irresponsaveis, dormem. Fazem amor ou sexo, conforme os momentos.
Acho que amar assim so pode ser mais saudavel. Quem faz depender a sua existencia da existencia permanentemente presente dos filhos acaba triste, vazio, sugado e... nao correspondido. Porque, queira-se ou nao, eles crescem e desaparecem. Para viver as suas vidas. Para curtirem os seus proprios paraisos. E os pais que nao souberam manter a chama acesa, apagam-se no momento em que os filhos batem as asas. No que depender de nos, vamos continuar a ter uma semana por ano, as vezes duas, so para nos lembrarmos de nos. Se nos estiverem a ouvir... facam o mesmo. A culpa, tao judaico-crista, pode espreitar. Deitem-lhe a lingua de fora. E existam.

Mais uma surpresinha


E nao e que ontem, ainda nos surpreenderam depois do bolo? Os malandros... Fomos jantar e quando regressamos ao quarto... eis o que nos tinham preparado. Se eu fosse uma alma empedernida tinha-me emocionado. Como nao sou, tirei umas 20 fotos e hoje ja deixei uma nota ao senhor que se deu ao trabalho de escrever "Happy Wedding Aniversary" com pedacinhos de folhas. Ou nao fosse isto o paraiso...

Um bolo antecipado

Quem conhece o meu homem sabe que ele é assim. Se puder negociar a seu favor negoceia, sem vergonha, pudor ou embaraço. Entao, antes de virmos para aqui ainda mandou um email, a perguntar se não quereriam ter a gentileza de nos fazer um upgrade para um deluxe over water bungallow. Os senhores foram amáveis e disseram que, em havendo disponibilidade, iam ver o que era possível fazer. Ele insistiu. Explicou que era um momento muito importante, um aniversário de casamento muito especial. Não mentia completamente. Todos os anos, por volta de Maio, fazemos uma viagem para comemorar mais um ano em que dissemos que sim, queríamos mesmo ficar juntinhos para o resto da vida. Desta feita, porém, a coisa nao calhou em Maio, mas ainda assim assumimo-lo mais ou menos como uma celebração matrimonial.
Bom, tudo isto para dizer duas coisas: primeiro, que não havia deluxe over water bungallows disponíveis, mas a diferença entre o nosso over water bungallow e o deluxe resume-se a uma minudencia sem importância nenhuma. A outra questão foi que, ao chegar, nos perguntaram quando era, afinal, a data do nosso aniversário de casamento. Titubeamos um pouco e escolhemos o dia 17.
Assim, hoje ao fim do dia bateram à nossa porta. Era um senhor com um bolo de chocolate que dizia: "Happy aniversay (assim mesmo) Mrs S and Richardo Branco". Com velas e tudo. Tão fooooofinhos, os senhores. Agradecemos muito e esperámos que ele saisse. Por superstição nao cantámos os parabéns mas o Richardo já provou o bolo e diz que está muito bom. Enfim. No paraíso não se descuram os mínimos detalhes. E estamos a começar a ficar com um nó na garganta por termos de voltar. O problema de ter estado no paraíso é o regresso. Mesmo que a nossa vida não seja propriamente um inferno.
Bom, agora são dez da noite. Vamos voltar para a nossa casinha sobre a água quente e transparente. E fazer de conta que não existe mais nada. Existirá mesmo alguma coisa alem disto?

Decisoes dificeis no paraiso

Parecendo que nao ha muitas decisoes importantes a tomar no paraiso. Por exemplo: vamos para aquela ilha ali ao fundo a nado ou de barco? Vamos buscar uma canoa ou escolhemos os oculos de mergulho? Jantamos no Fouddan ou no Ban Huraa? Ficamos na caminha da cabana ou descemos ate a praia? Vamos a Mahle, a capital, ou ficamos aqui a jiboiar? Dormimos mais um bocado ou vamos tomar o pequeno-almoco? Levamos a maquina fotografica ou nao? Parecendo que nao sao muitas duvidas. Mas ca nos temos arranjado.

Baby sharks


Uma das coisas boas de se fazer, aqui no paraiso, e nadar ao lado de peixes de cores garridas. Levar umas barbatanas, uns oculos e um tubo para respirar e fazer snorkeling, ou seja, isso mesmo, nadar lado a lado com peixes grandes, pequenos e assim-assim, uns pretos e brancos, outros completamente excentricos, verdes, azuis, encarnados e amarelos. E tambem raias... E tambem... tubaroes.
A primeira vez que me disseram que havia tubaroes no atol, arregalei os olhos. "Don't worry", disseram-me. "They are baby sharks". Ai sim? E entao? Tem chucha? Fralda? Fazemos-lhe bilu-bilu? Depois, como tive medo que a piada nao me desse respostas suficientes, fui mais longe: "But, don't they bite?" E o rapaz do sorriso bonito (todos eles tem sorrisos bonitos) respondeu, exclamativo: "No! They are babys". Nao fiquei propriamente descansada. Afinal, eu tambem tenho babys em casa e sei bem que quando querem morder mordem mesmo. Ok. Eu ja vi estes baby sharks. Sao realmente pequenos e nao conto que me engulam inteira. Mas podem sempre levar-me uma maozinha. E as maozinhas dao-me muito jeito. Pelo sim pelo nao nado sempre atenta e com o tubo de respirar a postos. Umas boas palmadas nunca fizeram mal a nenhuma crianca. Imagino que tambem so possam fazer bem a um baby shark.

Cerimonia do banho

Ontem bateram a porta as 19.30. Fomos abrir e era um empregado do hotel a falar um maldingles quase incompreensivel. Falam todos assim e fica realmente dificil perceber o que dizem. Naquele caso levou algum tempo. Ele teve de repetir tres vezes. Que eramos VIP (ah, sim?) e que vinha preparar a cerimonia do banho. Pois. Entao mas... Isso paga-se? E ele que nao, e a gente com imensas duvidas na mesma. Bom, la o deixamos entrar e fomos fingir que estavamos muito descontraidos, enquanto o bom homem se enfiava na nossa casa-de-banho. Demorou uns 15, 10 minutos. A gente tentava espreitar mas nao queriamos ser abelhudos. Finalmente, saiu, sorriu e disse que a moeda de 1 euro nao dava para trocar aqui nas Maldivas. So notas... Only paper. Ah, ta bem. Mais logo, entao.
A cerimonia do banho foi qualquer coisa de espectacular. Eu sei que os meus ultimos posts metem nojo. Podem insultar-me nos comentarios, que eu nao me importo. Basicamente a nossa banheira tinha espuma, folhas a toda a volta, velinhas acesas nos quatro cantos, e, melhor ainda, um coracao feito de espuma e enfeitado com petalas de rosas. UAU! Em breve posto fotografias para os insultos serem ainda maiores. E assim continuamos. No paraiso.

Nem tudo o vento levou

Nao ha volta a dar. Isto aqui e mesmo o paraiso. Estamos numa cabana em cima da agua, os peixes coloridos veem-se da varanda, a dita varanda tem umas escadinhas directamente para a agua. Quente. Tao quente que ha momentos em que quase podia ser um bocadinho mais fria. E a gente assim anda, da cama para a varanda (que tambem tem uma cama) e de uma das camas para dentro de agua. Nem sequer da vontade de ir para a praia, que fica mesmo ali ao lado, porque tudo o que precisamos esta ali, na nossa casinha feliz. O jantar de ontem foi mais-que-perfeito. Experimentamos coisas estranhas mas muito boas, com cardamomo e gengibre a mistura, ao mesmo tempo que ouviamos uns cantares maldivinos (maldivinos? Nao sei se e assim que se diz e escreve mas se for... mal-divinos?)
Hoje chove. Acordamos com o ceu cheio de nuvens mas a agua quente, quentinha dava vontade na mesma. So que, dai a nada, comecou de chover a cantaros e a fazer um vento que despedacou algumas palmeiras. Se ficamos tristes? Chateados? Se rosnamos pragas ao ceu? Nada disso. Dormimos, namoramos, apanhamos chuva, rimos. Enfim. Acho que no paraiso nao e possivel ficar aborrecido.