O passado revisitado
O Pedro ontem descobriu-me. E hoje escreveu sobre mim. E sempre que ele o faz convém que eu tenha um lenço por perto. Hoje, na Time Out, quando interrompi o silêncio da tarde a dizer: "Ai meu deus, que o Pedro escreveu sobre mim", quem estava por perto soube que o momento seguinte ia ser de lágrima. Lágrima para mim, que sou uma choramingas, riso para eles, que acham graça ao meu saudosismo, e que talvez não possam nunca entender o que foi o DNA, o que foram aqueles anos, o que foi o que ali se semeou, construiu, criou, cresceu. E morreu como morrem todas as coisas, mesmo aquelas de que gostamos muito.
Abri o blogue do Pedro e li: "A Sónia voltou". Baixei a página, levantei-me, fui dar uma volta. Os meus colegas leram primeiro que eu e ficaram à minha espera, em ânsias pelo espectáculo da minha miséria. O fotógrafo Nuno Fox até tinha a máquina a postos, para registar o momento. Tramei-os. Li tudo, post e comentários, e engoli em seco. No fim, sorri. "Então?" - perguntaram, desiludidíssimos. "Não choras?"
Não chorei. Pelo menos lágrimas que se vissem. Há momentos que não são para partilhar com ninguém. Agora, pronto. Já estou em casa, tenho um pacote de lenços aqui ao lado, já tirei as lentes, que isto de chorar com lentes é muito desagradável, já me aconcheguei no sofá. E vou ler outra vez.
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