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Cocó na fralda

Cocó na Fralda

Peripécias, pilhérias e parvoíces de meia dúzia de alminhas (e um cão).

15 km

Hoje prometi a mim mesma que faria 15 km e fiz. Sem parar uma única vez. Saí de casa contrariada (como sempre) mas passado muito pouco tempo já estava feliz (coisa rara). Optei por fazer os primeiros 6 km perto de casa, sempre às voltas como um ratinho numa roda. Percebi que isso me faz ter menos consciência da distância que corro e, psicologicamente, ajuda-me a aguentar melhor. Daquela vez que fui de casa até às Docas foram "só" 10 km mas, por ter achado que já tinha feito uma imensa distância ("o quê???? Vim mesmo a correr de casa até às Docas???"), fui atacada por uma exaustão equivalente.
Assim, parti para outras zonas já com 6 km no lombo, ou seja, com "apenas" 9 km para percorrer. E lá fui, olhando as nuvens, o rio, as outras pessoas que corriam. Sentia-me tão bem, tão capaz de correr sem parar, nada ofegante, nada cansada, tão contente. E foi com esse estado de espírito que cheguei aos 11 km. A música que passava, nessa altura em que ouvi a senhora do Nike+ dizer que tinha chegado aos 11km, era o "Hold back de river" do James Bay. E eu ia a sorrir e dei-me conta disso e não tive vergonha de sorrir para um casal de turistas que me sorriu de volta. E, nisto, uma pessoa conhecida que já tinha comentado no facebook que me vê, às vezes, nisto das corridas, avistou-me e bateu palmas e gritou "Vai, Sónia". E pronto. Eu disse adeus e larguei a chorar. Inexplicavelmente. A soluçar sem conseguir parar. De felicidade. Não havia ali ponta de tristeza. Era felicidade e vontade de abraçar as pessoas e de agradecer por estar viva e por tudo correr bem na minha vida. (obrigada, Helda)

Eu sei. Eu sei que vocês devem estar a pensar que eu ando a abusar das sementes e das bagas goji. Esse seria, de resto, um pensamento que eu também teria, se estivesse no vosso lugar. Mas a verdade é que eu nem ando a comer disso. Nem ando a fumar coisas estranhas (nem coisas algumas). Aquilo aconteceu-me e foi claramente uma reacção físico-química, algo que se libertou em mim e que deu origem àquela espécie de Nirvana incrível, inexplicável, indescritível. Um quilómetro mais adiante já estava no meu estado normal e tentava - em vão - regressar àquele estado de euforia. Não consegui porque não é algo que se consiga forçar. Simplesmente acontece. E é mágico.

Cheguei ao final sem grande esforço. Humm… mentira. Os dois últimos quilómetros foram difíceis mas creio que mais pela minha cabeça (estou a chegar ao fim, estou a chegar ao fim) do que propriamente pelo corpo em si.
Domingo, dia 8 de Março, tenho um treino longo, de 17 km. E, de repente, já não me parece assim tão assustador. Como também já não me parece assim tão impossível correr a Meia Maratona, no dia 22 de Março.
Não há nada que chegue ao fazer. Repetir. Fazer e fazer e fazer. Perceber como se melhora, de cada vez que se faz, que se tenta, que se repete. As corridas são uma boa metáfora da vida. E eu tenciono continuar a fazer e a melhorar. E, já agora, gostava muito de voltar a sentir o que senti hoje. Foi mesmo incrível.
Ah! A música com que acabei a corrida de hoje foi "Take me to church", de Hozier. "Amen, amen, amen". A sério? Ainda acabo crente.

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