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Cocó na fralda

Cocó na Fralda

Peripécias, pilhérias e parvoíces de meia dúzia de alminhas (e um cão).

Uma família com muito azar

O Duarte era colega da Mada na escola. Ela teve até uma paixoneta por ele, o que não admira, porque é lindo de morrer. Eu tinha uma adoração pela irmã dele, a Constança, e até a entrevistei aqui no blogue para uma rubrica chamada "Quem sabe sabe". Conversar com a Constança é garantia de umas boas gargalhadas. Miúda mais gira e despachada!

No final do ano passado ficámos a saber que o Duarte não voltaria no ano seguinte. Ia viver para o Norte, para Midões. Falei com a mãe dele, a Rita, e fiquei a saber que era uma decisão já muito pensada e adiada e repensada. A vida por cá era demasiado cara, demasiado intensa. Queriam ir viver uma vida mais simples, mais genuína, com outro vagar, com outra qualidade. O projecto era comprarem, a meias com uns amigos, uma casa grande que transformariam num pequeno hotel rural. E assim foi. O Duarte e as irmãs despediram-se dos amigos e prometemos que haviam de se encontrar.

A escola recomeçou em Setembro, o Duarte já não estava na sala, a vida decorria normal. Até que no dia 15 de Outubro, houve os incêndios por todo o país. E de repente falou-se de Midões e do drama que lá se viveu. E nós lembrámo-nos da Rita e dos três filhos. Quando conseguimos chegar à fala com ela, ficámos de queixo caído. O casarão que tinham comprado tinha ardido completamente. Lá dentro estava toda a vida da família. Tudo. Tachos, roupa, álbuns de fotografias. Brinquedos dos miúdos, objectos importantes, mobiliário. Tudo o que se pode ir acumulando numa vida. Tudo.

A Rita foi ontem ao programa "Queridas Manhãs". 

ESTA é a sua história. De azar. De dor. De perda. E, esperamos todos, de reconstrução.

 

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