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Cocó na fralda

Cocó na Fralda

Peripécias, pilhérias e parvoíces de meia dúzia de alminhas (e um cão).

Tudo o que sobe... desce!

É mesmo assim, a vidinha. Não há que olhar para isto com fatalismos ou dramas. Num momento está-se muito bem, nas nuvens, e a seguir acontece uma porra qualquer que deita tudo abaixo. O segredo está em saber que, depois, volta outra vez a paz e a felicidade porque, como diz o ditado, "não há mal que sempre dure nem bem que nunca acabe". Se tivermos isto na mira... nunca estamos nem demasiado confiantes nem excessivamente de rastos.

Portanto, depois de uma noite tão boa, com um jantar formidável, um anel lindíssimo debaixo da almofada, namoro bom... eis que, às 4 e picos da madrugada, ouvimos berrar. Mas eram berros diferentes dos costumeiros. O Mateus tem um péssimo dormir, fala, grita e chora tooooda a santa noite, mas este chorar era agudo e histérico. Fomos a correr. Calculei logo que tivesse caído da cama. Eu bem tinha colocado umas almofadas ao lado, para se porventura caísse aterrasse confortavelmente, mas tive azar: o desgraçado decidiu voar para mais longe e aterrou mesmo no chão duro.

Quando lhe peguei, guinchou lancinantemente. E eu tive a certeza que havia algo errado. Não era apenas susto, não era apenas uma dor. Era qualquer coisa pior. Fizemos alguns testes, e sempre que lhe mexíamos no braço ele uivava. Às tantas o Ricardo entrou em parafuso porque ele começou a ficar com o pescoço de lado e vai de começar a dizer-lhe para mexer as pernas (já estava a imaginar o puto com uma lesão na coluna). 

Parecíamos duas baratas tontas. Eu de um lado para o outro, o Ricardo também, o puto aos gritos, o que é que fazemos?, metemos tudo nas malas e desandamos todos para Lisboa?, vai um para o hospital e o outro fica?, chamamos uma ambulância?, ficamos aqui a ver se isto melhora e mal o sol nasça arrancamos?

Ainda estivemos hesitantes mas subitamente ficou tudo claro: iria eu com ele para a Estefânia (pensámos no Hospital de Setúbal mas já que tinha de ir até Setúbal era só mais um saltinho até ao hospital das crianças, que se lixasse) e o Ricardo ficaria com os miúdos, que dormiam a sono solto. 

Peguei nele com todo o cuidado (mas ele sempre a gritar) e lá fomos. Uma hora e meia a conduzir com ele a chorar de dor e a dizer que estava mal disposto e eu a parar no meio do nada para sair do carro e ir confortá-lo.

Chegámos à Estefânia perto das 6h da manhã. Não estava ninguém na sala de espera. Foi chamado para a triagem e a enfermeira, claramente estafada daquela que - vim depois a saber - foi uma noite do demo, pediu-lhe para mexer a mão e os dedos e avançou com um "acho que deve ser só magoado" que me fez sorrir. Não me interpretem mal - não é mania que sei. É mesmo porque o Mateus tem 3 irmãos com os quais anda frequentemente à pancada (na brincadeira). Magoa-se por vezes de forma agreste, galos grandes a saltarem-lhe da testa, e nunca o vi tão queixoso como naquela madrugada.Tinha a certeza que havia ali qualquer coisa partida. Não é cagança. É apenas ser mãe. Aliás, até mandei uma mensagem às minhas amigas a dizer que apostava o meu anel nisso.

Esperámos cerca de uma hora pelo ortopedista. Quando foi visto, saiu para o raio-x já com uma ligadura a fazer suspensão braquial (e que o aliviou logo muito). O raio-x foi difícil porque, ao ser manuseado pela técnica, queixou-se muito.

Quando fomos chamados por outra médica, lá veio a confirmação: fractura da clavícula. Meu pobre pardal. Meu doce cabritinho. Minha querida zebra (sim, este miúdo é um autêntico zoo).

Pronto. Saímos dali, estávamos famintos, fomos tomar o pequeno-almoço à Confeitaria do Marquês (em dia de aniversário de casamento, nada como ir a um sítio ao lado do antigo Diário de Notícias, onde conheci o Ricardo - e tantas vezes fomos à confeitaria almoçar, lanchar, tomar café). Depois do pequeno-almoço, metemo-nos no carro e voltámos para Tróia, para ir buscar a malta de volta. Ainda tive oportunidade de dar uma última olhadela para a vista magnífica do apartamento, ainda fomos meia hora à piscina, e depois foi fazer as malas e voltar.

A seguir deixámo-lo e à Mada na casa dos meus sogros e fomos para a Final da Taça. Que também não correu bem. 

Será talvez a lei das compensações. Não pode ser sempre tudo bom. Não pode ser sempre tudo mau. 

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