Rato: a fuga
Eram 8h da manhã quando comecei a ouvir aquilo que pareciam ser os fios do candeeiro da mesa de cabeceira a bater na mesa. Não liguei. Repetiu-se. Abri um olho e fiquei à espera que voltasse. Voltou. Tentei perceber se seria no andar de cima, talvez alguém a aspirar ou a varrer ou em arrumações. Mas entretanto parecia também escutar um raspar de patas na madeira do chão. "Tu queres ver..."
Acordei o Ricardo com um "estás a ouvir isto?" que lhe podia ter feito revirar os olhos, caso fosse de noite (muitos filmes de suspense). Mas, como era já de manhã, prestou-me talvez mais atenção. Virou-se de barriga para cima, para ficar com os dois ouvidos destapados e alerta. Não foi preciso esperar muito. De novo o mesmo som e a evidência de que era efectivamente ali, no nosso quarto. Acendeu a luz, espreitou a medo e deu um pulo para trás.
- Está aqui um rato!
Silêncio. Eu a processar informação, ainda entorpecida de sono.
- Está aí um rato ou está aí o rato de que tomamos conta?
Era esse. Levantei-me, fui à sala, e constatei que a gaiola estava vazia. Mas como? A portinhola permanecia fechada. Aproximei-me e vi que o bicho roeu um dos encaixes do tubo preso à gaiola (aqueles tubos tipo tobogan para ratos que algumas gaiolas têm). Depois de o roer, foi só dar-lhe com as patas, desviá-lo um pouco e... liberdade!!!! Não consegui esconder um sorriso: "Raça do rato, que é esperto!" (mas teve muita sorte em sobreviver à queda da mesa onde estava).
A seguir, missão "catch the mouse". Fechámos a porta do quarto, arredámos a cama, e lá estava ele, em modo bípede, a olhar para mim.
Eu, que quando era criança não suportava ver aves em gaiolas e libertei os pássaros das minhas duas avós, estou prestes a arranjar aqui uma solução para que aqui o Ratatouille não passe nem mais uma noite na choldra.