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Cocó na fralda

Cocó na Fralda

Peripécias, pilhérias e parvoíces de meia dúzia de alminhas (e um cão).

Raríssimas

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Entrevistei Paula Brito e Costa (na altura apresentava-se apenas como Paula Costa) pela primeira vez em 2008. Impressionou-me a história do nascimento do seu filho Marco, com uma doença muito rara chamada Cornelia de Lange. Achei-a uma lutadora, que moveu céus e terra para se informar sobre a doença do seu filho e, assim, melhor poder ajudá-lo. E achei-a ainda mais resiliente por não ter querido apenas ajudar o seu filho mas também outras crianças e outros pais, criando a Raríssimas em 2002. Era uma mulher de garra, simples, sem grande poder económico mas com muita vontade de que não fosse isso a travá-la.

Da segunda vez que a entrevistei fiquei impressionada por me parecer outra pessoa. Vestia de outra forma,  tinha uma postura elegante, uma certa altivez, tratou-me por "minha querida" com um certo tom, e não se parecia com a mulher simples de camisola de lã grossa que me recebeu da primeira vez. Procurei não fazer juizos de valor apressados. Nada sabia sobre a sua vida e, por isso, apesar da certa estranheza que me ficou, não o verbalizei nem fiz o que, enquanto jornalista, se calhar devia ter feito, que era ir à procura daquele "gato". De todo o modo, nunca fui jornalista de investigação (enorme respeito por jornalistas de investigação) e, por isso, o mais certo era não ter chegado longe (até porque as pessoas que agora vieram denunciar nessa altura não estariam ainda para aí viradas).

Não vi no dia a reportagem da Ana Leal, na TVI. Ontem, ao assistir à avalancha de comentários e notícias no Facebook, fui ver a reportagem. E fiquei esmagada, confesso. Não sou a favor de julgamentos na praça pública e reforço que todos são inocentes até prova em contrário. Quis-me parecer, pelo que vi, que ali foram apresentadas muitas provas em contrário. Mas espero que tudo seja visto a pente fino pela Polícia Judiciária e que, a confirmarem-se as irregularidades que a jornalista Ana Leal desvendou, Paula Brito e Costa pague na exacta medida do que fez. E que o Estado passe a auditar com seriedade todas as associações de solidariedade social, para que monstruosidades como esta (a confirmar-se) não voltem a acontecer. 

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