Manas-Natal
Há uns anos a minha irmã dizia que não gostava de Natal. Aquilo fazia-me muita impressão mas tinha que ver com alguns maus Natais por que passou e também com algumas daquelas frases-choque que todos nós, quando somos mais novos, gostamos de proferir para sermos diferentes, disuptivos e até interessantes. Acontece que a minha irmã cresceu, foi mãe, e passou a ter Natais mais calorosos e bonitos. E, de repente, o Natal já lhe parecia uma festa de família, com tudo o que isso pode ter de bom (também pode ter de mau, mas vamos esquecer as esquinas das famílias para nos concentrarmos na sua concavidade). A minha irmã passou a gostar do Natal. Até mais do que eu podia imaginar. Quando, no meu aniversário, me ofereceu uma viagem para irmos as duas a a um mercado de Natal (Frankfurt escolhemos depois) nem queria acreditar.
Fomos na semana passada e foi perfeito. Passeámos por Frankfurt mas decidimos ir também a Heidelberg, que fica a uma hora e pouco de autocarro e é simplesmente linda. Demo-nos lindamente - como sempre nos damos - dissemos palavras e frases em simultâneo, abraçámo-nos, andámos em carrosséis, experimentámos comidas, conversámos e até lemos o mesmo livro juntas, ao mesmo tempo.
A minha irmã é uma companheirona e esta viagem soube-me mesmo bem. Sem maridos, sem filhos, só nós. As duas manas-Natal.
A certa altura a minha mãe mandou-me mensagem a dizer que eu já tinha estado com ela em Heidelberg. Não me lembrava de nada. Então ela mandou uma foto (da esquerda), mesmo a tempo de conseguirmos reproduzi-la. Sentei-me no mesmo sítio e tentei fazer a mesma cara de enjoada. A minha irmã fotografou. Na foto da esquerda eu tinha 15 anos e uma camisola que dizia "Fresh". Na foto da direita, tenho 45, uma camisola que diz "Frenchie" (e a sonoridade semelhante das camisolas foi mesmo coincidência).
Para o ano há mais! Assim haja saúde, dinheiro e maridos como todos deviam ser para ficarem com os miúdos.