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Cocó na fralda

Cocó na Fralda

Peripécias, pilhérias e parvoíces de meia dúzia de alminhas (e um cão).

Exames (aguenta coração) e depois... aguenta coração (de novo)!

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18 Fevereiro de 2003

 

O Manel está a estudar para os exames. E eu lembro-me bem demais de estar - eu própria - a estudar para os exames. Isto é quase absurdo, como assim já vai para o 12º ano, como assim entra-me na faculdade no final do próximo ano, se tudo correr bem? Como assim? Vejo-o a estudar para os exames e é como se me visse a mim, há tão pouco tempo, quer dizer, há uma vida inteira que parece pouco tempo, a gente bem quer sentir os anos passarem devagarinho mas vai-se a ver e é tudo num ápice, ainda ontem ele dava os primeiros passos na Praça das Flores e já vai este ano fazer um part-time com a pessoa para a qual estendeu os bracinhos pela primeira vez, de mim para ela, dela para mim, passinhos incertos e braços no ar, um equilíbrio instável, e ei-lo agora quase a ir trabalhar, quase na faculdade, quase a tirar a carta, quase um homem feito, como assim?

Daqui a umas semanas, quando terminarem os exames, o Manel vai de férias com os amigos. Cinco dias para a nossa casa do Algarve, seis dias para casa de um amigo perto da Ericeira, mais o Sumol Summer Fest, mais uns dias noutra casa do Algarve. O Manel vai e eu, que sou uma mãe tão descontraída que durmo a sono solto sempre que ele sai à noite (e nem sei a que horas entrou, simplesmente acredito que vai entrar e que não adianta estar a consumir-me porque o que tiver de acontecer acontece na mesma, consuma-me eu ou não), mas dizia, eu que sou uma mãe tão descontraída sinto aqui aquela inquietação, sobretudo na semana em que vão só rapazes sozinhos, será um disparate, talvez um preconceito, quiçá um atentado à igualdade de género, mas sinto sempre que as miúdas são mais ajuizadas, claro que todas as generalizações são perigosas, mas imagino-as sempre a dizer "que parvoíce, vão lá agora saltar do penhasco" e eles a mudarem de ideias, pois, se calhar é parvo, ou "vão lá agora para o mar com estas ondas e depois de terem bebido?", e eles a entreolharem-se envergonhados de terem sequer tido essa ideia. Será porventura parvo, uma generalização bacoca como todas as generalizações, toda a gente sabe que há raparigas capazes de instigar e levar a cabo grandes disparates assim como há rapazes incapazes de partir um prato, é preciso é sorte, acreditar que a testosterona não os leva demasiado longe, que o comportamento de grupo não os vai fazer acreditar que são capazes das maiores façanhas, que não se ponham com desafios idiotas, que percebam que não faz sentido dar mortais para a piscina pelo simples motivo de poderem tornar-se mesmo mortais, efectiva e literalmente mortais, é preciso é sorte, sorte e juizinho, e muita calma nesse mês de Julho que se aproxima e que vai desinquietar este coração de mãe.

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