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Cocó na fralda

Cocó na Fralda

Peripécias, pilhérias e parvoíces de meia dúzia de alminhas (e um cão).

Eu, dependente, me confesso

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Ontem saí do escritório ao final do dia. Quando cheguei a casa constatei que não tinha o telemóvel comigo. Tinha-o deixado no escritório. A primeira reacção foi OH MEU DEUS, VOU JÁ LÁ BUSCÁ-LO! Mas no instante seguinte pensei: e se aproveitasse isto para testar o meu nível de dependência? Ficou então decidido que só o iria buscar no dia seguinte, ou seja, hoje.

Passei então 21 horas sem telemóvel. Só não foi mais difícil porque tinha uma dor de cabeça do raio e fui para a cama às 21h, antes mesmo dos miúdos mais pequenos. Acordei hoje às 8h, ou seja, consegui a proeza de dormir 11 horas! Bom, claro que não foram seguidas, que vou sempre à casa de banho umas 5 vezes por noite (ainda se vem a descobrir que tenho próstata e que a sacana não está a funcionar bem) e o Mateus choramingou às 6h. Mas descansei imenso, que isto de me deitar perto das 2h da manhã todas as noites e acordar às 7.30/8h não pode andar a dar bom resultado. De qualquer maneira, e sobre a minha dependência do telemóvel, tenho a dizer o seguinte:

- Sim, estou dependente. Muitas vezes ia pesquisar não sei o quê no google e depois lá me lembrava que não tinha o bicho comigo, muitas vezes quis ir ver o email ou o instagram e nada, quis ir ver a meteorologia e nada, senti falta das notificações do Observador.

- Dormir sem o telefone na mesa de cabeceira fez-me bem. Não é que o consulte durante a noite (já o fiz e deixei-me disso) mas às vezes espreito as horas quando vou à casa de banho. Aquela luz toda pelos olhos dentro não deve facilitar nada o adormecer seguinte, porque de todas as vezes que fui à casa de banho esta noite fulminei um minuto depois, sem fazer ideia de que horas eram (e não me fez falta nenhuma).

- Senti falta dos meus grupos de WhatsApp. O que andariam as minhas miúdas a dizer, o que estaria o grupo das corridas a comentar, será que a minha amiga R estava bem, será que a minha sobrinha já está em casa?

- Fui a uma reunião hoje às 11h da manhã. Ia chamar um Uber. Não tinha telefone para chamar o Uber. Caneco! Pedi ao Ricardo para chamar. Saí de casa. Ele não vinha. Voltei para casa. Tornei a ligar ao Ricardo. Que o homem se tinha perdido mas estava a caminho. Lá fui. Cheguei à reunião. Pediram-me para esperar. Não levei um livro. Não tinha o telemóvel. O que se faz. Fica-se só a olhar em frente? Sem nada nas mãos? Que vício terrível este de termos de estar sempre ocupados, parece esquisito ficar só ali quieto. Chega a ser muito vício de mão, como o de alguns fumadores, que nem é tanto a nicotina mas é mais aquela "bengala", de terem alguma coisa a que se agarrar.

- Acabou a reunião. Apanhei um táxi. Queria ligar ao Ricardo a contar como tinha corrido, queria ver os emails, mandar uma mensagem ao Manel para saber como tinha corrido o exame. Silêncio. Apreciei o caminho, coisa que já só faço quando sou eu a conduzir.

- Cheguei há pouco ao Chiado, estacionei a mota, fui à Zara que hoje entrou em saldos, tudo antes de ir buscar o telefone. Só pensava que o Ricardo já devia estar a enfartar, imaginando acidentes e coisas. Mas ao mesmo tempo senti-me livre! NINGUÉM SABE ONDE EU ESTOU, NINGUÉM ME PODE CONTACTAR, NÃO TENHO DE RESPONDER JÁ A NENHUM PEDIDO URGENTE, QUERO QUE SE LIXE!

 

Acho que vou passar a esquecer-me dele mais vezes. 

 

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