Conversas (irreais) no Tribunal
Fui ontem buscar a minha carta de condução, retida há dois meses no tribunal.
Ao chegar, disse alegremente "bom dia!", para receber uma cara de poucos amigos do outro lado e um "diga" que me pôs logo a par do estado de espírito da senhora que estava ao computador.
Seguiu-se uma conversa um pouco irreal.
Eu: - Vinha buscar a minha carta de condução. Fiquei inibida de conduzir durante 2 meses, esse tempo já passou, e agora queria a minha carta de volta, se faz favor.
Funcionária: - Número.
Eu: - Número de...?
Funcionária (irritada com a ignorância da pergunta): - Processo.
Eu: - Errrrrrr.... (andei feita doida à procura do número no maço de folhas da sentença até, finalmente, encontrar) Ah, está aqui! (disse o número).
Funcionária: - Nome.
Eu: - O meu?
Funcionária (revirando os olhos): - Sim.
Eu: Sónia Branco
Funcionária: - Nome.
Eu (confusa): - O meu nome é Sónia.
Funcionária: - Não, minha senhora. O seu nome não é esse. O seu nome é Sónia (e começou a dizer os outros nomes).
Eu: - Não. Esse é o meu nome completo.
Funcionária (fazendo cara assassina): - Acabou. Não há mais conversas. Quero o seu nome.
Eu: - Quer portanto o meu nome completo?
Funcionária com ar de quem me vai matar.
Eu, atemorizada, disse o meu nome completo.
Quando estava para me vir embora, a funcionária ainda me tratou por D. Sónia, o que é estranho, atendendo a que esse não é o meu nome. Esperava que, no mínimo, me tratasse pelo nome completo que é, aparentemente, aquilo que devemos responder sempre que nos perguntam o nome.
Eu sei. Eu sei que trabalhar ali, entre processos e dossiers que nunca mais acabam, é terrível.
Mas, caraças, eu não tenho culpa.
O que interessa mesmo-mesmo? JÁ TENHO CARTA OUTRA VEZ!