Clube de Leitura de Lisboa: o último antes do isolamento
Foi no dia 6 de Março, ainda não estávamos neste clima tão tenso em que entretanto ficámos, nem em isolamento social, quanto mais em Estado de Emergência. Já ninguém se cumprimentou com beijos e abraços, mas ainda era possível estarem várias pessoas numa sala sem os presentes sentirem que eram kamikazes ensandecidos ou criminosos sem consciência. Tinham passado duas semanas e meia da minha cirurgia, ainda foi um bocadinho difícil permanecer sentada tanto tempo (passei boa parte do encontro a levantar-me e a sentar-me de novo, meia sem posição e com desconforto provocado pela cinta cirúrgica que apertava como o raio que a partisse).
Eis os livros lidos, sobre os quais não vou fazer sinopse e dizer o que cada um achou, porque fiz textos longos para cada um dos livros mas não gravei, e quando voltei ao texto tinha desaparecido tudo. Dado o estado em que nos encontramos, e possivelmente por estar naquela altura do mês, larguei a chorar (e também porque sou uma chorona do caraças). Mas a verdade é que o texto já estava enorme e foi tudo com os porcos, com a sensação subsequente de perda de tempo, que é algo que odeio perder (em bom rigor, odeio perder o que quer que seja).
Isabel Sobrinho :
- A Vida Invisível, de Eurídice Gusmão.
- Amanhece na Cidade, de Filipa Fonseca Silva
- A Odisseia de Penélope, de Margaret Attwood
Célia (leu 4 livros mas só trouxe dois e só falou de dois "por uma questão de decoro" - é o que dá sofrer de bullying por parte das leitoras menos vorazes sempre que traz uma pilha de livros 😂):
- Só o Tempo Dirá e Os Pecados do Rei, ambos de Jeffrey Archer (dois de uma saga familiar distribuída por 7 livros)
Sofia (uma estreante no Clube):
- D. Maria I, de Isabel Stilwell
Sara:
- A Vida Invisível, de Eurídice Gusmão
- Hotel Memória, de João Tordo
- As Filhas de Eva, de Louise O'Neill
Beatriz:
- As Horas, Michael Cunningham
- Revolutionary Road, Richard Yates - A Beatriz adorou. "Vemos duas pessoas a maltratarem-se constantemente, em jogos psicológicos violentos. É muito doloroso de se ler. Pode ser dos melhores livros que já li, mas muito doloroso."
- The News - Alain de Botton
- Write Yourself Down: The Art of Positive Journalling, de Megan C Hayes
- Opening Up By Writing It Down, de James W. Pennebaker
Marta:
- Vozes de Chernobyl, de Svetlana Alexievich - "Penoso de ler porque são relatos reais, de pessoas que viveram isto. Lia um bocado e tinha de parar. Demorei um mês."
Isabel Oliveira:
Autobiografia, de José Luís Peixoto - Isabel e Beatriz conversam e chegam à conclusão de que este livro será talvez o menos interessante do autor, que ambas apreciam bastante.
Didi:
- As Irmãs Soong, de Jung Chang - Da mesma autora de Cisnes Selvagens, uma narrativa sobre três mulheres no coração da China do século xx. Uma grande história de poder, amor, conquista e traição.
- Para Sempre, de Vergílio Ferreira. "Muito difícil, com uma narrativa muito entrecortada. É a história de um homem no fim da vida, que resolve voltar à casa da sua infância, mas só lá encontra fantasmas, só lhe vêm pensamentos de mortos, de gente que já não está. Não é fácil. Há outros livros de Vergílio Ferreira melhores, mais fáceis e lindíssimos, para quem quiser começar."
Sílvia:
- Pessoas Normais, de Sally Rooney
- Todas as Almas, de Javier Marías
Maria João (outra estreante no Clube):
- O Corpo - Um Guia Para Ocupantes, de Bill Bryson - Fiquei cheia de vontade de o ler porque basicamente é como se fosse um guia turístico, interessante, científico mas muito divertido, sobre o nosso corpo.
- Ser Super Mãe é uma Treta, de Susana Almeida
- Swimming Lessons e Beach House Memories, de Mary Alice Monroe
- Dois livros de Banda Desenhada - Harleen, de Salie Stjepan Sejic
- Havia ainda um outro livro mas não consigo perceber a minha própria letra (seria A Última Carta? A Última Cátia? A Última Cabra? A Última Ceia? 🙄)
Elisabete
- Em Bliss, de Elsa Arrojado
- Clarabóia, de José Saramago - Para quem não gostava de Saramago, Elisabete já conta com dois livros que a fizeram (talvez) mudar de ideias. "Gostei bastante". Nada como dar segundas oportunidades.
- Amigo Imaginário, de Stephen Chbosky
Foi muito bom e já tenho saudades. Sabe Deus quando nos iremos encontrar novamente.
Obrigada ao Brown's Hotel por nos receber todos os meses. Obrigada à MultiOpticas pelo apoio dado a esta iniciativa e por cuidar dos nossos olhos.