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Cocó na fralda

Cocó na Fralda

Peripécias, pilhérias e parvoíces de meia dúzia de alminhas (e um cão).

Ainda sobre o anúncio da Vodafone

Eu até percebo os comentários que dizem que o anúncio pode ser terrível para as crianças que são filhas de pais separados. Percebo mas acho que, desde que as coisas fiquem bem resolvidas, as crianças percebem que aquilo é um filme e que até pode ser real em alguns (raros) casos, mas que para os outros será impossível que os pais se voltem a juntar porque antes de tomarem a decisão de se separar pensaram muito no assunto, e não foi um acto precipitado, leviano e decidido às três pancadas. Acho que as crianças não são de cristal e que percebem quando podem ter essa esperança ou quando isso está completamente fora de cogitação. Eu sou filha de pais separados desde os meus 3 anos e tenho a certeza de que teria visto este anúncio sem qualquer tipo de mágoa - para mim a coisa foi sempre muito clara como, de resto, é tudo na minha vida.

Também acho que, se fôssemos a ter esse tipo de cuidado com as crianças como se elas se partissem com essa facilidade, então se calhar não podíamos ter anúncios de brinquedos porque há crianças que não vão receber presentes e vai ser muito duro para elas ver aquela publicidade, não podemos ter anúncios de famílias felizes porque há sempre crianças que não têm pai ou mãe, ou pai e mãe, não podíamos ter publicidade a alimentos porque há crianças que passam fome... e por aí adiante. E nem precisamos de ir aos anúncios: os filmes infantis têm histórias que podem amachucar sempre as crianças com problemas: seja porque os pais estão juntos e isso as faz ver aquilo que perderam, seja porque um dos pais morre no filme (nem preciso ir até à mãe do Bambi, ainda este fim-de-semana a Mada foi ver a Viagem de Arlo e o pai do dinossauro morreu) e há sempre crianças que perderam um dos progenitores e vão reviver a perda enquanto assistem ao filme. 

Repito: eu compreendo que o anúncio possa fazer impressão por essa via, e até vos confesso que ainda ontem assisti ao anúncio com 2 miúdos cujos pais se separaram não assim há tanto tempo e fiquei muito incomodada e a pensar o que lhes iria dentro da cabeça (ficou assim um silêncio pesadote na sala). Mas também acho que os miúdos são mais espertos do que isso, e sabem muito bem quando podem ou não cultivar esse tipo de fantasia nas suas cabeças, e não deprimem com essa facilidade. 

Continuo a achar o anúncio muito fofinho.

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