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Cocó na fralda

Cocó na Fralda

Peripécias, pilhérias e parvoíces de meia dúzia de alminhas (e um cão).

Foi bonita a festa!

A Mada ia fazer a festa no sábado. Mas só três amigos podiam vir. Os outros iam de fim-de-semana, iam para o Rock in Rio, iam para os avós, para campos de férias. Decidi então fazer algo que só o facto de trabalhar por minha conta e risco permite: dedicar o dia inteiro do seu aniversário à sua festa. Convidei alguns amigos para virem passar o dia cá a casa. Vieram 11. Começaram a chegar a partir das 9h. Jogaram ao quarto-escuro, jogaram à bola, jogaram no computador. Depois, meti-os todos num quarto lá de dentro, pedi ao Martim para se certificar que nenhum saía e fui para o jardim esconder 15 pacotes de gomas. Todos numerados. Tinha intenção de escrever num papel a localização de cada pacote numerado mas depois, com a pressa, esqueci essa parte. Quando os soltei foi a loucura. Andaram que tempos pelo jardim, a fazer uma caça ao tesouro. Sorria sempre que ouvia um gritar "Encontrei o 2!", "Encontrei o 11!" Até que só faltava encontrar o 15. Procuraram. Procurei. Desistimos. O 15 está algures no jardim. Perdido em combate. Depois fomos ao McDonald's. O Ricardo foi lá ter connosco, felizmente. Escrevemos os pedidos de cada um. Pedi-los lá dentro foi um caos. Mas lá veio tudo. Comeram e beberam. Fomos para o cinema do Vasco da Gama ver os Incríveis 2, que estreava ontem. O Martim assumiu a postura de irmão mais velho e passou o tempo a contar cabeças: "Vai tu à frente que eu fico em último a ver se estão todos". Chegámos bem. Ocupámos parte substancial de uma fila do meio e mais uma fila lateral inteira. Antes do filme começar, um miúdo disse que queria ir à casa de banho. Outro ouviu e também quis. E mais um. Fiquei paralisada. Saio ou fico? Vou com estes e deixo os outros aqui? Ou deixo estes irem e fico aqui com os demais? Foram apenas segundos de inacção até que o Martim se levantou: "Eu vou com eles. Fica." Parecia mesmo o Manel, sempre a resolver o que há para resolver antes mesmo de eu saber o que fazer. Assim foi. Eles foram, eu fiquei com os outros. Quando voltaram, contei-os rapidamente. Estavam todos. Ao intervalo, mais xixi. Rapazes e raparigas. Fiquei à porta, uns para um lado, outros para o outro. Nova contagem de cabeças. Depois do filme, fomos a pé para casa. Enchi baldes e entreguei uma pistola de água a cada um (tinha comprado 15 e tinha pedido aos pais para mandarem uma muda de roupa). Foi um forrobodó. Tudo a correr e a disparar, tudo encharcado. Dava gosto, palavra. Ao mesmo tempo, pus a mesa. Bolo de anos e arroz doce, biscoitos, bolachas, pães de leite com fiambre, brigadeiros. Quando se fartaram dos jogos de água, foram trocar de roupa. Casa toda pisanhada de terra, roupa molhada por todo o lado. Ainda tenho meias por cá, despojos de guerra. Lancharam, cantaram os parabéns. Eram cerca de 19h quando se foi embora o último. Ela era a imagem perfeita da felicidade. E eu também. À noite ainda tivemos um jantar cá em casa. Hoje acordámos estoiradas, com uma ressaca do caneco. Mas são dias como estes que me fazem ter a certeza absoluta de que ser freelancer (primeiro) e "empresária" (até me dá vontade de rir) (depois) foram as melhores decisões da minha vida. 

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A quem perguntou (no Instagram) a receita do bolo, basicamente são dois bolos de iogurte, um em cima do outro, cobertos por chocolate. Depois, rodear o bolo com Kit Kats e cobri-lo com M&Ms ou Pintarolas. Por acaso pus Pintarolas e arrependi-me porque os M&Ms têm cores mais garridas - ficavam melhor. Como a cerca de Kit-Kats cai, comprei a fita na loja chinesa quando fui comprar as bisnagas, e terminei a obra.

 

 

 

 

9 anos. Nove.

Quando soube que estava grávida fiquei felicíssima. Quando soube que era uma menina ainda mais. Não teria ficado triste se tivesse sido outro rapaz. Mas já tinha dois e não vou negar que a menina me soou a cereja em cima do bolo. Não gostava nada quando as pessoas diziam "tanto tentaram que lá veio a menina", porque achava sempre que o Martim ia sentir que não era mais do que uma tentativa gorada, e não era de todo verdade. O nascimento dela foi lindo porque foi a primeira vez que o hospital permitiu que o pai estivesse sempre comigo, a dar-me a mão, e porque pudemos ambos vê-la emergir de mim ao mesmo tempo. A nossa menina. Espertíssima desde o primeiro minuto de vida (foi a única cá de casa com 10 de Apgar ao 1º minuto, o que não quer dizer rigorosamente nada para a história de uma pessoa mas gostamos de dizer que já nasceu vivaça e a querer ver tudo). A Mada é uma sobrevivente. No meio de tantos rapazes, que às vezes fazem aquela espécie de bullying de irmãos, a gozar com tudo o que tem de feminino, a Mada tornou-se rebelde, capaz de os enfrentar, de escapar às suas piadas com astúcia e inteligência. É despachada, engraçada, independente. E chata, persistente, teimosa, pica-miolos. Nós por cá achamos que vai ser a primeira a sair de casa, a querer ir conhecer o mundo, de mochila às costas, a ir trabalhar para amealhar umas massas para seguir os seus sonhos. 

Parabéns, meu querido furacão! 

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Sobre a falta de empatia

Anteontem fui comprar uns frangos porque os nossos primos vinham ver o jogo de Portugal cá a casa. Aproveitei enquanto esperava para ir ao Pingo Doce em Alvalade fazer umas compras de última hora. Estava na fila para a caixa quando uma senhora pede encarecidamente ao cliente que se seguia se pode passar só um creme. A mulher à minha frente bufou, inquietou-se, e questionou:

- Desculpe lá mas eu também só tenho uma grade de cervejas e não percebo por que está a passar à frente.

A senhora, super educada, explicou que tinha as compras todas na caixa do lado, já pagas, mas que aquele creme em específico tinha de ser passado naquela caixa - tinha sido a operadora da outra que a tinha mandado para lá, pedia desculpa, mas já tinha estado na fila para passar as compras todas, não achava justo ficar de novo na fila apenas para um creme, quando a culpa não era sua. A mulher lá se conformou, mas com cara de poucos amigos.

A seguir, azar dos azares, apareceu uma grávida. Muuuuuito grávida. Que pediu licença mas tinha prioridade. A outra passou-se.

- Desculpe lá, mas a senhora tem alguma doença?

Eu, que estava atrás dela, revirei os olhos e disse, alto:

- Uiiiiiii... 

- Tem alguma doença? É que gravidez não é doença!

A grávida ficou estarrecida a olhar para ela. Nem conseguia falar. Consegui eu. Disse-lhe que estava na lei e assunto arrumado. Ela argumentou. Que tinha tido 3 filhos e nunca tinha passado à frente de ninguém. Nunca passou porque ainda não estava na lei. Se estava foi burra por não ter usufruído de um direito que era seu. E se se sentia bem para não o fazer o mesmo não pode garantir sobre aquela pessoa que ali está, que pode ter tensão baixa, tensão alta, contracções, diabetes gestacional, uma panóplia infindável de questões de saúde sobre as quais nada sabe. A petulante, no final, ainda teve a distinta lata de desejar "boa sorte com os clientes" à funcionária da caixa. "Bem precisa, se forem todos como você", rosnei. 

 

A falta de empatia, de cuidado com o outro põe-me doente. É por isso que digo: prefiro mil vezes criar filhos que saibam o valor da empatia, do respeito pelo outro, da solidariedade, do que génios, academicamente falando, que depois têm uma pedra no lugar do coração. 

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 A ilustração não se refere propriamente à situação descrita mas vai dar ao mesmo (e está maravilhosa)

 

Levas um casaco?

O Manel terminou hoje o último exame e foi há bocado para a nossa casa do Algarve com os amigos. Demos dois grandes abraços e depois não resisti a fazer o que as mães fazem: Não esqueças o protector solar. Cuidado a atravessar. Não bebam (muito). Cuidado com o mar. Cuidado com a piscina. Não se ponham a testar quem faz mais acrobacias parvas. Não façam barulho à noite, para não incomodar os vizinhos. Cuidado com os arruaceiros, quando forem sair à noite. Não provoquem nem respondam a provocações. Não te esqueças da chave de casa dentro de casa, sobretudo na fechadura. Ele ia sorrindo um sorriso cada vez maior, já quase riso de gozo, e respondendo um sim a tudo. Não era um sim entediado, era um sim compreensivo. Enquanto nos abraçávamos pela segunda vez, disse-lhe: "Olha que isto é uma manifestação de grande confiança. Não a traias!" Mesmo antes de fechar a porta atrás de si, gritei: levas um casaco? 

Moms will be moms.

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A todas as mães com um filho que não vai passar de ano...

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... gostava de pedir, em primeiro lugar, que não se culpem. A culpa não tem de ser vossa. Não têm de sentir vergonha perante aquela amiga cujo filho tem tudo corrido a cincos (ou a vintes, conforme os casos). Não sintam que são menos do que ela, ou o vosso filho menos do que o dela. E mesmo que sintam, nem que seja por breves instantes, não o digam em voz alta. Não façam comparações... Não há pior do que ser comparado com alguém. Somos todos tão diferentes...

Não, a culpa não é vossa. Nem sequer tem de ser deles. O mais certo é que seja do sistema de ensino, que está de pernas para o ar, e galopa a uma velocidade vertiginosa, deixando para trás quem não tem essa rapidez toda. Que está focado nas notas de testes, nas metas curriculares, nos rankings, em vez de estar focado em premiar o desempenho, o esforço, até a cidadania e a inteligência emocional. Também pode acontecer que os vossos filhos não tenham ainda a maturidade para perceber a importânica de passar de ano, talvez não tenham feito o esforço que vocês achavam que eles deviam ter feito. Talvez então seja bom que percam este ano. Às vezes é importante dar um passo atrás, para a seguir dar dois para a frente.

A todas as mães com um filho que não vai passar de ano, gostava de dar um abraço. Ainda não passei por isso (e reforço o ainda, porque acho perfeitamente que pode vir a acontecer) mas não tenho crânios cá em casa, daqueles que só têm nota máxima a tudo e passam com distinção e vénias e salamaleques. Não. E sabem que mais: estou na maior! Eu quero que os meus filhos saibam o valor do esforço, sim, que tentem superar-se, que tentem ser sempre o melhor que conseguirem. Mas quero também que se saibam divertir. Que dêem valor ao prazer. Que saibam ser boas pessoas, que olhem para o outro com empatia, com tolerância (palavra que detesto porque implica uma certa superioridade mas agora não encontro outra), que tenham vontade de ajudar, de fazer o bem. Que saibam ter uma conversa, que saibam pensar, pôr em questão, duvidar, argumentar, que não tenham medo de enfrentar quem acham que não está certo, com educação mas com assertividade. Os meus filhos não têm grandes notas e eu consigo bem imaginar o sentimento que deve assolar uma mãe (e um pai, mas as mães têm uma tendência para se culpabilizar por tudo) quando um filho perde o ano. "Onde é que eu falhei? O que podia ter feito mais? Se pudesse voltar atrás, o que faria diferente?" Não adianta. O tempo não volta para trás e o mais certo é terem feito tudo o que era possível. O chumbo de um ano não tem absolutamente nenhuma relação com o sucesso profissional futuro dos vossos filhos. Juro. Conheci verdadeiros génios no secundário que hoje estão na merda. Pessoas com uma capacidade intelectual extraordinária mas a quem faltou esperteza, destreza, paixão, trabalho. Ou até a quem faltou a sorte, que é um factor muito subvalorizado mas que conta, e de que maneira. Mas isto para dizer que o vosso filho que agora reprova não tem de ser um adulto falhado. Está tudo em aberto. Se tudo correr bem, haverá tantos anos pela frente. Para que apanhem este comboio que virou TGV, e que para alguns é mesmo difícil apanhar.

Uma amiga perguntava ao filho que talvez vá perder o ano que castigo ele achava justo que ela lhe aplicasse. Ele respondeu de forma inteligentíssima, a provar que um chumbo não é sinónimo de burrice ou incapacidade: "Acho que ter de repetir o ano já é castigo suficiente." E é. É porque vai ver os amigos passar. Porque vai sentir nos ombros o peso do seu fracasso (que é apenas um fracasso nestes moldes de ensino, quem sabe não seria um vencedor se o sistema estivesse pensado de forma diferente?). Porque vai sentir a humilhação de ser apanhado pelos mais novos, vendo o seu grupo de amigos, da mesma idade, a jogar noutra liga. É castigo suficiente. Não é preciso mais. Ou talvez seja. Uma conversa franca. Aberta. Um abraço. A desculpabilização. Do filho e da mãe (e do pai, caso também se sinta culpado). Não é desresponsabilização. São coisas distintas. 

A todas as mães com um filho que não vai passar de ano... paciência. É lixado. Dói. Porque é um carimbo, um rótulo, porque é uma marcação de passo, porque custa dinheiro, porque traz frustração, tristeza, porque é um desencontro entre o filho que se sonhou (quando os sonhamos nunca os sonhamos a chumbar) e o filho que se concretizou. Há - exagerando um pouco - um luto que é preciso fazer desse filho sonhado. Que se faça. E que seja rápido. Porque o filho real tem um milhão de coisas boas para dar. Só ainda não chegou lá. Para o ano será melhor. 

Festa de 40 anos seguida de babyshower

No domingo tínhamos uma festa-surpresa de uma amiga. O marido organizou tudo sem lhe dizer nada e, quando ela chegou ao local combinaos, estávamos lá todos para almoçar com ela. Esta nossa amiga é mãe de um dos nossos afilhados. O António é um amor (tenho outro afilhado António que também é muito querido, só que é mais crescido) e abraça-se a toda a gente. Esta fotografia, que uma amiga da aniversariante tirou, é assim a coisa mais querida que vi nos últimos tempos. 

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Depois do almoço, ficámos ainda um bom bocado a ouvir música brasileira cantada e tocada ao vivo por dois músicos, e a seguir fomos directos para o babyshower de pequena Pipoca júnior (acho que o nome ainda é segredo, de maneira que não vou ser spoiler). Estava tudo lindo, deu para estar na conversa, para sentir a barriga da grávida, deu para os miúdos fazerem pinturas faciais, tirarem fotos com acessórios giros e, no caso dos meus filhos, deu para comerem 3 gelados cada um. Tive de sair de lá antes que tivessem uma overdose de açúcar.

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 Faltam cinco para estar composto o ramalhete das Pannacottas

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 Fotos: Joana Bandeira, The Love Project 

 

Agora é esperar que pequena pipoquita se mantenha mais um bocado no forno para sair toda prontinha e apurada. 

 

RIR

Fomos no sábado e no domingo. Gosto tanto deste festival. Gosto de andar a explorar tudo, gosto de encontrar pessoas conhecidas, gosto do ambiente de festa que se vive, gosto da organização, gosto de imaginar a máquina gigantesca por detrás daquilo tudo, gosto dos concertos propriamente ditos, mesmo os que não são muito a minha cena, porque gosto de música, gosto de ver como se mexem em palco, gosto dos jogos de luzes, gosto das cervejas que ali até parece que sabem melhor.

No sábado chegámos tarde porque o Ricardo tinha ido votar na Assembleia Geral do Sporting, e adorei Muse. Que concerto do catano! Os tipos são tão bons! Ontem fomos mais cedo, ainda tivemos oportunidade de ir jantar ao Time Out Market que foi montado no RIR, conseguimos estar sentados (o que é uma raridade, porque aquilo enche mesmo!) e depois... Bruno Mars. Foi brutal. O homem levou bailarinos, fogo de artifício, o homem cantou, dançou, saltou, falou português, sentou-se, levantou-se, deu palco a um dos músicos para fazer um solo de piano, e pôs o pessoal todo a cantar os seus hits: Versace on The Floor, Marry You, When I Was Your Man, Locked Out of Heaven, Just The Way You Are, entre outras. Para o encore, Uptown Funk. 

Eu punha uma foto, mas estava tão longe que não merece a pena. 😂 Ainda assim, contrario aquelas pessoas que acham que só faz sentido ir mesmo lá para a frente, para ver tudo. Cá atrás não está tão apertado, nem tanta confusão. É certo que para ver valeu-me um ecrã perto de mim. Mas a envolvência, estar ali a cantar a uma só voz, entre 85 mil pessoas... não me lixem. Não é o mesmo que estar em casa. Em casa pode ver-se melhor. Mas ali... ali é outra emoção!

Corações com Coroa: conversar sobre as crianças, o seu potencial e os novos desafios

No sábado fui ao Corações com Coroa Café conversar com a Catarina Furtado, com a Aurora Martins (educadora de infância), a Leonor Belo (youtuber) e a Rita Castanheira Alves (psicóloga) sobre as crianças, sobre os novos desafios que se colocam aos pais, sobre o que é mais desafiante e incrível nisto de educar. O professor Armando Leandro estava na assistência e fez uma intervenção interessante, que juntou mais elementos para pensarmos todos juntos. Gostei muito e fiquei encantada com alguns projectos que a Corações com Coroa já levou a cabo. Tão encantada que, no final, fiz questão de comprar uma das Flying Seeds, da joalheira Luísa Rosas, cujo valor de venda reverte na íntegra para a CCC. 

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