Os pais também fazem birras. E ontem à noite eu estava com uma birra impossível. E nem sequer tinha a TPM para culpar, que não estava na época dela. Achava tudo uma trampa, o jantar, a casa, o marido, os filhos. Eu própria. A puta da vida, que habitualmente acho linda. Fiz o que se faz aos putos, quando estão com birra: meti-me na cama. Não me dei uma palmada no rabo mas não me teria feito mal nenhum. Deitei-me às 21.30. E adormeci imediatamente. Não os deitei, não vigiei a lavagem dos dentes e outras minudências de mãe. Felizmente tenho cá o pai (se não tivesse quem se lixava eram os miúdos, que iam ter de levar comigo com birra), que tratou de tudo. Adormeci até hoje, às 8h, hora a que tive de ir acordar e arranjar dois dos três filhos. Dormi muito, estava mesmo a precisar. Vou acumulando cansaço, faço duas mil coisas por dia, e acho que aguento tudo. Deito-me sempre depois da uma da manhã, acordo uns dias antes das sete, outros às oito. Faço, faço, faço. É o verbo da minha vida: fazer, fazer, fazer. Ontem foi o meu dia de birra, o dia em que o meu corpo gritou «basta!» Hoje já tudo tem outra graça. Hoje já posso dizer, como o MEC no seu novo livro que tenho absolutamente de comprar: «Como é linda a puta da vida»!