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Cocó na fralda

Cocó na Fralda

Peripécias, pilhérias e parvoíces de meia dúzia de alminhas (e um cão).

Nós Vencedores, quinta-feira 27 Janeiro

Cátia Cunha tem 18 anos. Teve uma leucemia aos nove. O tormento da doença abalou o casamento dos pais. A mãe teve uma depressão de que nunca mais se curou. A doença espalhou os seus maus ventos pela família. Mas Cátia sobreviveu. Está cá. E isso é que importa. Só isso devia importar. A vitória sobre a doença. A alegria da vida. Nós Vencedores, quinta-feira 27 Janeiro by coconafralda

Esperar

Estou à espera da minha entrevistada há meia hora. Dentro de 15 minutos vou-me embora porque esse é o meu tempo definido de espera por alguém. É mais que meia hora e menos que uma hora. 45 minutos de espera é o meu limite.
Não gosto de esperar por ninguém mas odeio seguramente mais que esperem por mim. Por isso cheguei aqui às 14.40, quando a entrevista estava marcada para as 15h. Porque conto sempre com imprevistos e imponderaveis que me atrapalhem a vida e previno-me deles, antecipando sempre a chegada. Por isso, na verdade, estou aqui à seca há 50 minutos e, quando finalmente desistir, terei perdido uma hora e cinco minutos da minha vida. Para nada. Com tanto que tenho para fazer. Acho que tenho de ir tomar um chazinho, a ver se sereno os nervos.

O dia do Manel

Hoje foi dia de irmos almoçar sozinhos com o Manel. E foi bom, tão bom. Esta ideia, de almoçarmos de 15 em 15 dias com um deles, sem irmãos e outras distracções, foi das melhores ideias que tivemos. Aquele tempo é só deles, falamos uma linguagem apropriada para cada idade, rimos, conversamos, brincamos. Que maravilha de almoço. Ao fim do dia é a vez do cinema. O Manel e eu. Hoje o dia é dele, como há 15 dias foi do Martim, como dentro de 15 será de novo o dia do Tim, e assim sucessivamente. Quando a Madalena for para a escola, tambem ela fará parte destes DFU (Dias dos Filhos Unicos) e, nessa altura, os almoços passarão a ser de 3 em 3 semanas com cada um. Uma maravilha, digo eu.

Roxo?

Há três semanas que tenho nas unhas um verniz cinzento escuro, de que gosto bastante. O Ricardo, mal me viu, disse que eu parecia uma suburbana, que era horrível, que parecia que tinha enfiado os dedos num balde de cimento, entre outros mimos que eu já esperava, porque o senhor é clássico e só eu sei o trabalho que tive para o pôr a vestir outra cor que não azul.
Ontem à noite resolvi dizer que a próxima cor das minhas unhas vai ser o roxo. O homem amareleceu.
- Roxo??? Roxo??? Não faças uma coisa dessas, por amor de Deus. Isso é tão suburbano, isso é tão chungoso, isso é tão...
Interrompi-o e folheei uma conceituada revista de moda. Mostrei-lhe unhas verdes, unhas roxas, unhas azuis.
- Quero lá saber! Acho medonho! - uivava o homem, desvairado.
A páginas tantas, teve graça:
- Queres que te ponha as unhas roxas, queres? Eu ponho num instante, nem tens de gastar dinheiro! Pões as mãozinhas no chão e eu...

Eu ri-me.
Ele riu-se.
Eu sei que vou pintar as unhas de roxo.
Ele também sabe, apesar de acreditar que, com esforço, ainda vai ser capaz de me dissuadir.

Gmail a gemer

O gmail diz que estou à beira de atingir a capacidade máxima que ele me dá para guardar emails, entre recebidos e enviados. Tenho 95% do espaço ocupado e ele (o gmail) anda preocupado com isso e avisa-me a toda a hora que tenho de me organizar. Eu já lhe expliquei que, não só a organização não é o meu forte, como tenho uma dificuldade do catatau em deitar coisas fora (também por culpa disso é que sou caótica, não há casa onde caiba tudo o que me recuso a dispensar).
De maneira que ontem estive a apagar emails que troquei há um porradão de anos com amigos, alguns emails profissionais com barbas também foram para o lixo virtual, e eu sempre a pensar que provavelmente tudo aquilo me vai fazer muita falta e a torcer-me por apagar coisas que não interessam ao menino Jesus mas que eu acho sempre que podem ser cruciais para qualquer coisa. Quando, no final da tarefa, o querido gmail disse que eu tinha apagado 3% da coisa senti um acesso de fúria e larguei-me a apagar 50 emails de cada vez, quase sem olhar. Hoje tenho de continuar com isso e não me agrada. Odeio fazer desaparecer coisas. Talvez porque elas me desapareçam muito, sozinhas, e porque eu as perca demasiado. Talvez por isso me custe ser eu, deliberadamente, a fazê-las sumir. Enfim. Mas se para o gmail já basta de recordações... quem sou eu para lhe desobedecer?