Pessoas amigas!!! Alô??? O homem não tem outro amor, ok??? O "Temos de falar" fui eu que sonhei. Estava deitadinha na minha cama e sonhei isto. Acordei angustiada e pronto. Já passou. Sim??? Está tudo bem com a malta... Além de que, se ele arranjar outra gaja eu não vou escrever um post sobre isso. Vou desaparecer durante uns 35 anos e depois volto. Está bem? Pronto. Daqui a bocadinho vamos almoçar os dois romanticamente... Se calhar até nos embrulhamos e tudo, porque vamos a casa, os miúdos não estão lá, dois e dois são quatro, e tal... Está bem??? Prometo que vou tentar não sonhar mais estas coisas. Cá beijinho, suas pessoas queridas que se preocupam. Cá beijinho.
... sentei-me na cama, respirei fundo, e pensei que temo esta frase desde sempre. E estou muitas vezes à espera de a escutar. "Temos de falar". E a minha vida desmoronada. O coração disparado. Outra mulher, uma paixão, "Tenho muita pena", e os miúdos a dormir, sem fazerem ideia que alguém está prestes a mudar-lhes o curso dos dias. E eu a imaginar a minha vida sem a outra metade, a desfalecer de uma tristeza misturada com raiva, ódio, decepção. Esvaída. Derrotada. E, ao mesmo tempo, com a serenidade de quem esperou toda a vida por aquele momento. "Temos de falar". E eu a fingir que não oiço, eu a avançar para a cozinha, a contar como foi o meu dia, a fazer com o dedo um risco no pó da cómoda, a sorrir o meu melhor sorriso, a dizer "Anda ver os meninos", a ver se te comove olhar para eles enquanto dormem, a ver se esqueces a outra pessoa, a outra história, ou simplesmente o fim de um amor. A ver se esqueces o que ias dizer quando atiraste, a frio: "Temos de falar".
Acordei às 7, despi dois pijamas (três, a contar comigo), vesti duas criaturas ensonadas (três, a contar comigo), levei-os ao colégio, engoli em seco os gritos, não, gritos não, guinchos do Martim, que me desapareceu da vista levado em braços pela directora da infantil, fui com o pai à papelaria do colégio comprar livros e bibe e chapéu e saco e fatos de treino e calções e t-shirt para a ginástica, segui para casa onde escrevi mais uns textos para um bendito guia que nunca mais acaba, às 11 tive uma reunião com 3 homens numa rádio, onde tratei logo de entrar em conflito feroz com um deles, e dali saí para a Loja das Meias das Amoreiras para ajudar o meu homem a escolher uns fatos e depois almoçámos e a seguir fui para a Time Out onde trabalhei que nem um cão, e à noite cheguei a casa, não lhes dei de jantar porque a minha mãe já o tinha feito, mas acabei o dia a coser nomes em roupas, para não me acontecer como no ano passado, eu a abrir a mochila e a descobrir umas calças de tamanho 14, como se o Manel tivesse crescido num único dia o que vai crescer em 8 anos, e a verdade é que para corrida contra o tempo já me basta a de todos os dias.
A minha querida Pipoca, sempre tão saltitante, sempre tão estaladiça, sempre tão gostosa, também vai estar no ar. Ah, pois é! E nem sequer há o transtorno, para quem nos queira ouvir, de alguma coincidência de horários, que evidentemente poderia ser muito perturbadora, altamente traumatizante, psicologicamente desgastante: ai e hoje oiço quem? Ai como é que eu faço, meu Deus? Oiço o cocó ou a pipoca? Sintonizo uma rádio ou outra? Oh indecisão! Oh desventura! Não senhor. As duas queridas vão estar em diferentes postos hertezianos, e a diferentes horas. Uma felicidade, pois.