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Cocó na fralda

Cocó na Fralda

Peripécias, pilhérias e parvoíces de meia dúzia de alminhas (e um cão).

E no entanto... eu.

Mas a verdade, a verdade mesmo é que eu não tenho legimitmidade para me queixar de ninguém. Ontem disseram-me coisas certeiras. Que tinham, justamente, que ver com a falta de tempo e a indiferença para com as pessoas. Para com uma pessoa muito importante, ainda por cima. Não há nada pior do que termos de dar razão a quem nos aponta o dedo. Não há nada pior do que termos que nos ver com a nossa consciência pesada. Não há nada pior do que percebermos que, afinal, não somos assim tão boas pessoas como tínhamos pensado que éramos.

30 semanas

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Cresci ao lado de uma amiga. Conheço-a desde que ela nasceu (é três anos mais nova que eu). Os nossos pais são amigos de juventude. Fomos amigas tão próximas, tão próximas que jurávamos que era para sempre. Quando casei, convidei-a para ser minha madrinha. Ela foi. Depois, o tempo fez merda. Nós fizemos merda. Afastámo-nos devagarinho. E depois depressa. Ela um dia casou. Convidou-me para o casamento, mas não para madrinha, já não fazia sentido. Ficamos longas temporadas sem nos telefonar. Longas. Hoje ela ligou-me. Ah, tenho andado para te ligar, nem imaginas, isto a vida, realmente. Mas que hoje tinha ouvido o meu nome na rádio e que, por isso, ligava então, finalmente. E que tinha tido uma gravidez que tinha corrido mal, um ovo branco que se foi, pouco depois de ter sido festejado como um filho. Uma coisa chata, um desgosto grande. Ah, vê tu bem? Então e não ligavas, eu aqui sem saber de nada. E ela que pois, realmente, mas nem imaginas, isto a vida... E então, subitamente, revela que está novamente grávida, desta vez já passou tempo suficiente para contar, e tal e coisa, e coisa e tal. E eu contente, Parabéns!, e ela obrigada e o trabalho e mais não sei quê, e de repente lembro-me de lhe perguntar de quanto tempo está grávida, e ela responde a resposta que me deixou assim, incrédula, até agora. 30 semanas.
30 semanas.
A minha amiga de infância, com quem partilhei tantas coisas, que escolhi para ser minha madrinha de casamento, conta-me que está grávida às 30 semanas. Sete meses e meio. Diz que é um rapaz, que se chama Miguel.
E eu não disse mais nada. Só parabéns e silêncio.
Há coisas que eu não entendo. Mas que me enchem de tristeza.

LARGA O MEU MENINO, SUA BADALHOCA!

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Hoje, no metro, vi um casalinho de namorados. Teriam aí uns 15 anos. Ela muito abraçadinha a ele. Ela a passar as mãos na cara dele e a dar-lhe beijos na cara, beijos no pescoço, beijos, beijos, beijos.
E de repente, semi-cerrei os olhos e tentei imaginar um dos meus filhos ali, naquele lugar do beijocado. E... consegui.
E... não foi bom.
E... assustei-me por não ter sido bom.
Oh, cum caraças!!! Vou ser uma megera!!! A pôr defeitos nas namoradas dos meus filhos... Ou será que, como diz o Ricardo para me sossegar, o tempo vai encarregar-se de me preparar para esse momento?
Não sei. Sei que senti pela miúda um certo desprezo, uma certa fúria, até. E sei que não foi bom. Logo eu, que juro que não me importo se eles tiverem namoradas ou namorados... Logo eu, que juro que vou ser uma mãe fixolas, a quem eles podem contar tudo que eu saberei quase sempre o que dizer. Logo eu...
Afinal, só de imaginar, não foi bom. Estou desiludida comigo.

Eu é que sou a madrinha!

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Na sexta-feira fez uma semana que nasceste.
Nesse dia, 12 de Setembro, recebi uma mensagem da tua mãe a dizer "É hoje". E eu estremeci e liguei-lhe logo a saber os detalhes. Quando desliguei, desatei a chorar de emoção, imagina, que ridículo! És o terceiro da família L., era suposto que já não me comovesse com o teu nascimento. Mas pronto, desatei naquilo, um choro parvo misturado com riso, gargalhadas perante o olhar incrédulo do Ricardo. "Tu assustas-me, a sério", dizia ele. E eu ria-me e limpava as lágrimas: "Vai nascer! Não é lindo? Vai nascer daqui a bocadinho..."
O resto da tarde passei-o a olhar para o relógio. Até que o Ricardo recebeu o telefonema que confirmava que já tinhas chegado. Minúsculo. Muito mais pequenino que os teus irmãos, muito mais pequenino que os meus Ms, ao ponto de uma estúpida médica ter perguntado à tua mãe porque raio eras tu tão pequeno. Parva! É médica mas não sabe que os homens não se medem aos palmos.
Hoje estivemos juntos e, pela primeira vez, peguei-te ao colo. A tua mãe passou-me o teu pequenino corpo por cima da mesa do restaurante. Quase como se me passasse o cestinho do pão. Ooh! Que coisa mais linda. Pouco mais que nada, ainda. E, no entanto, parece que foi ontem que disse o mesmo da tua irmã, e ela já tem quase 5 anos, e parece que foi anteontem que o teu irmão nasceu, e não tarda já tem 7 anos.
Hoje peguei-te pela primeira vez e fiquei a saber que fui escolhida para ser tua madrinha. Tive vontade de chorar, claro, mas contive-me para não fazer figuras tristes à tua frente. Afinal de contas, és pequenino mas estavas com um olho aberto a ver a minha reacção. E uma madrinha tem de manter a compostura.
Mas fiquei a pensar nisto. É que eu já gosto tanto dos teus irmãos, já me são tão próximos como se fossem da família, que agora nem imagino o que vou sentir por ti, meu ratito dorminhoco. Vou fazer de tudo por ser uma madrinha das boas. Com doces na algibeira e conselhos sábios para te dar sobre as raparigas. E água na fervura pronta para deitar em cima dos teus pais, se algum dia fizeres um disparate; "Coitadinho do miúdo, não fez por mal".
Querido F., bem-vindo. Podes contar com uns padrinhos à maneira (sim, que o Ricardo também foi contemplado com tamanho privilégio, mas ele é gajo e por isso muito menos dado à emoção do que eu, naturalmente piegas). A verdade é que estou mesmo vaidosa e apetece-me vestir uma t-shirt daquelas com frases, a dizer: "Eu é que sou a madrinha".

Quatro amigas e um chá

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A noite de ontem foi daquelas boas. Nós as quatro, eu, a AM, a MJC e a SCS, sentadas na sala da SCS, a beber chá e a comer bolo de chocolate. A falar de mamas e de filhos, de depilação e férias, de gajos e de cusquices de trabalho, algumas muito boas mesmo, a não sei quantas que anda com fulano; o não sei quantos que fez não sei o quê. E cada uma de nós a rir com a mão na boca, surpreendidas com as revelações, a atirar a piadola que só nós entendemos, o trocadilho certeiro. Nós as quatro a gargalhar muito alto, até às duas e picos da manhã, nem sei como é que a L não acordou, tão linda, ferrada num sono profundo.
A noite de ontem foi das boas e merecia repetições mais frequentes. Pena que hoje tenha acordado com uma espécie de ressaca, que incluiu dores de cabeça, enjoos e tonturas. SCS, continuo a achar que deves ter metido umas ervas que habitualmente fumas dentro do chá. A moca continua, pá. Seja lá o que for, é material do bom. Para a próxima são as caipirinhas, ó Miranda! Mal acabes de ser leiteira. Estou segura de que me deixarão uma ressaca bem menor que o chá da outra...

A Viagem da Cegonha



Uma grávida. Uma viagem que começa. O ‘eu’ a passar a ‘nós’. Os dois transformados em três. Uma barriga com gente dentro.
O que sente uma mulher grávida? Felicidade, medo, dúvidas? Que viagens começam dentro da viagem? As ecografias, os enjoos, um pé pequenino que empurra as costelas. As roupinhas, os sustos, o nome, a preparação para o parto.
A Viagem da Cegonha vai seguir, passo a passo, a história de uma gravidez. Desde o princípio até ao fim, até ao momento em que ganha cara, corpo e peso o bebé tão esperado. Com entrevistas à futura mãe, ao futuro pai, às ansiosas avós, às alegres amigas. E ao obstetra, ao psicólogo que explica o impacto emocional de uma vida a ganhar espaço dentro de outras vidas. E ao nutricionista que ensina a comer, e às parteiras, e a outras grávidas.
A Viagem da Cegonha é uma viagem pela Espera. E pelo princípio da vida. Pelo começo de tudo.

E começa na próxima segunda-feira, dia 22 de Setembro, às 17.45, na Antena 1. Todos os dias. E ao sábado, entre as 11 e o meio dia, mais sete minutos de resumo de tudo o que se falou na semana.

Não sei se este vai ser o meu melhor trabalho, até porque a rádio não é o meu habitat natural, onde me sinto mesmo bem é na escrita. Mas é, sem dúvida, a minha melhor ideia.